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ZFM e indústria nacional sob as ameaças da abertura comercial

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30/07/2019

Notícia publicada pelo Em Tempo Online

Daisy Melo

Nos planos do governo federal, a abertura comercial é mais um desafio para a Zona Franca de Manaus (ZFM) e para a indústria nacional como um todo. Mesmo com a manutenção das vantagens comparativas na Reforma Tributária, o modelo não pode “respirar aliviado”.

Foi o que afirmou o presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), José Jorge do Nascimento Junior, durante a abertura da 14ª Eletrolar Show (maior feira de bens duráveis da América Latina), na segunda-feira (29), quando foi anunciado que o setor de eletroeletrônico cresceu 5% no primeiro semestre do ano, com um faturamento de R$ 47,7 bilhões

“A abertura comercial não alcança somente a ZFM, mas também os outros Estados. Num país sem um ambiente propício à competitividade, é um grande desafio. Não pode tentar cobrir a cabeça descobrindo os pés. Se preservar as vantagens comparativas do modelo Zona Franca de Manaus na reforma tributária e vier uma abertura comercial, isso acaba jogando por terra toda a proteção que ocorreu”, explicou o presidente da Eletros.

A abertura pode gerar uma competitividade benéfica para as empresas de fora do país, por não possuírem o ‘custo Brasil’ que inclui, por exemplo, a segurança pública, com a necessidade de escolta de produtos devido ao risco de assaltos; regras comerciais burocráticas, além de alta carga de impostos. “Lá fora não tem isso. Vão entrar aqui com custo mais barato, ainda mais com a redução do imposto para a importação. Com isso, as empresas instaladas no Brasil não terão condição de competitividade justa”, avaliou.

Segundo Jorge Junior, a abertura comercial pode ser danosa à indústria, principalmente para o segmento eletroeletrônico, se não for feita com cautela, previsibilidade, período de carência e transparência. A preocupação do setor com a abertura comercial tem sido pauta de diálogos com o governo federal. “O que nós estamos dialogando com o governo é que essa abertura comercial seja feita de forma gradual, equilibrada e dialogada”, disse.

Outro ponto em debate entre as partes tem sido a reforma tributária. “Nosso entendimento é que ela não pode vir a prejudicar o que temos hoje instalado no país, não fazer com que as desigualdades aumentem ainda mais. Estamos realmente preocupados para que não haja migração de negócios entre os Estados. A manutenção dos investimentos nesses locais é premissa, que negócios não saiam do país para outros, investimentos e empregos”.

O presidente da Eletros afirmou que a entende a necessidade da reforma para a resolução do “manicômio tributário” do país. “Precisa equacionar, mas assegurando a segurança jurídica, as empresas se instalaram aqui numa regra, se vai mudar, essas regras têm que ser mudadas com cautela, previsibilidade e participação”, disse.

Balanço

O setor eletroeletrônico apresentou alta de 5% no primeiro semestre em comparação ao mesmo período de 2018. “É correto dizer que estamos reaquecendo a economia? Não, ainda é prematuro, mas há um indicativo de que esteja crescendo. Temos que esperar o segundo semestre, pelo menos o fim do terceiro trimestre para termos certeza quantos aos indícios da melhoria da economia do país”, afirmou.

O dirigente afirmou que vê o segundo semestre com bons olhos, motivado por chamarizes como Black Friday, Natal e a injeção do 13º salário na economia. “O momento pode ser muito positivo para a economia com as reformas que estão sendo feitas no país, com a melhoria do ambiente de negócios. O sentimento é positivo, a gente acredita que o segundo semestre é o ambiente de oportunidade para que em 2020 realmente possa começar melhor do que terminamos 2019”, afirmou.

No comparativo do primeiro semestre de 2019 em relação ao mesmo período de 2018, as 30 empresas associadas a Eletros registram queda de 16% nos produtos de áudio e vídeo (linha marrom). A produção caiu de 6,4 milhões para 5,4 milhões. “Por 2018 ser um ano de Copa do Mundo, a sazonalidade desse produto é maior no primeiro semestre. Como nesse ano não teve Copa, há um desbalanceio. Há uma expectativa de até o fim do ano ter um equacionamento, e fechar, pelo menos, igual ao ano passado, com produção de 12,5 milhões de televisores”, explicou.

Na linha branca, a alta foi de 13% nesse mesmo intervalo. Saltou de 6,7 milhões para 7,6 milhões. Já os portáteis tiveram incremento de 10%, com 32,3 milhões contra 29,3 milhões. Em 2018, as associadas alcançaram faturamento de R$ 47,7 bilhões, o que representa 3,30% do PIB industrial, com 150 mil empregos gerados. “O segmento eletroeletrônico reflete a realidade da economia do país, é espelho da economia, o consumidor quando se sente seguro, quando tem um recurso a mais, ele busca o setor para o ato do consumo”, comentou.

Das 30 empresas associadas a Eletros, grande parte tem unidades no Polo Industrial de Manaus (PIM). São elas: Agratto, Canon, Daikin, Electrolux, Elgin, Elsys, Gama Italy, Gree, LG, Midea Carrier, Mondial, Panasonic, Philco, Samsung, Semp TCL, Sony, TPV, Whirlpool.

*jornalista viajou a convite da Eletrolar Show

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