09/10/2020

Fonte: ACRÍTICA

Dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a respeito da produção industrial reforçam um fato que boa parte do País insiste em ignorar: a relevância estratégica da Zona Franca de Manaus, não apenas para a região, mas para todo o Brasil. O Amazonas apresentou o melhor desempenho do País, com alta de 7,6% em agosto na comparação com julho. O resultado indica que a indústria amazonense já está mais aquecida agora do que nos meses que antecederam a pandemia. O Amazonas dá sua resposta no momento em que o País precisa urgentemente produzir, gerar empregos e aquecer a economia que ainda engatinha em meio aos impactos da covid-19.

Outro dado importante é que os segmentos mais aquecidos da ZFM, como duas rodas e eletroeletrônicos, dão o tom da retomada da economia nacional, com aumento das encomendas por parte das redes varejistas em face da elevação do consumo. O cenário econômico ainda é extremamente delicado, com a inflação dando as caras, o desemprego em alta e a recessão instalada. Mas esse panorama apenas enfatiza o peso do desempenho da indústria amazonense.

Um resultado tão expressivo precisa ser usado pelas lideranças políticas e empresariais do Estado e da região nos debates com o governo federal a respeito do tratamento dispensado ao modelo industrial amazonense. Com mais de 70 mil empregos gerados e excelente desempenho de produção, mesmo em meio à pandemia, a Zona Franca mostra por que precisa ser fortalecida e apoiada, em vez de ser vista como um tipo de mal necessário. Os ataques sistemáticos contra o modelo, que ganharam força na gestão do ex-presidente Michel Temer, vêm sendo continuados na atual gestão de Jair Bolsonaro. Redução de incentivos no setor de bebidas, contingenciamento de recursos, desmonte no setor de componentes, redução do imposto de importação para produtos fabricados em Manaus... a lista é longa.

O papel da Zona Franca ao proporcionar arrecadação tributária – tanto para o governo federal como para o estadual -, gerar empregos, contribuir – ainda que indiretamente - para a preservação ambiental – precisa ser reconhecido pelo País. O longo ciclo de enfraquecimento tem que ser encerrado e um novo ciclo de fortalecimento, iniciado.