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Visteon sacode a poeira e acelera para crescer 30% em 2023

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11/05/2023

Quando alguém cita o estado do Amazonas, o que vem à sua mente? Floresta tropical, povos indígenas e o maior rio do mundo? Pois acrescente à lista o Polo Industrial de Manaus, com fábricas de alto nível de automatização e profissionais de capacitação elevada. É isso que a Visteon quer mostrar para o mundo e – spoiler – vem conseguindo, ao menos internamente na organização.

“Nesse primeiro trimestre fomos a única de uma série de operações que conseguiu atingir a meta de lucratividade. Estamos indo muito bem”, conta Sérgio Capela, o diretor da unidade produtiva de Manaus, que emprega 550 pessoas na fabricação de centrais multimídia e painel de instrumentos para equipar os carros de montadoras como General Motors, Volkswagen e Stellantis no Brasil.

Pelas estimativas dele, a empresa vai encerrar 2023 com 1,7 milhão desses produtos vendidos, volume 30% superior ao do ano passado. E a rentabilidade também tende a melhorar, aponta o executivo. “Em 2022, lucramos e fizemos contratações. Agora devemos melhorar esse resultado”, diz.

Pandemia, Ford e semicondutores: os desafios da jornada

E não foi por falta de obstáculos e desafios que a marca conseguiu voltar ao azul. Em 2018, os negócios prosperavam, com o início de um ciclo de rentabilidade após anos de prejuízo que levou a companhia a tomar medida drásticas ao longo da década passada, como o fechamento da fábrica de Guarulhos (SP) e da planta de Gravataí (RS), que antes pertencia à Johnson Controls. Atualmente, a unidade da Grande São Paulo abriga apenas uma operação comercial com cerca de 30 pessoas.

Porém, a Visteon mal tirou a cabeça da água e já levou um novo caldo: em 2020, com a parada de meses na produção de veículos brasileira por causa da pandemia, a operação voltou ao prejuízo.

E mais notícias ruins chegaram com o anúncio da Ford, no começo de 2021, de que encerraria a sua produção no Brasil. Naquela época, a fabricante de veículos era responsável por nada menos do que 40% do faturamento da companhia.

“A saída da Ford do Brasil foi um golpe mais duro para nós do que a própria pandemia. Claro que a Covid-19 teve um impacto humano muito superior, mas olhando para o negócio, a saída da montadora teve proporção maior para nós”, conta o executivo, lembrando que a Visteon fornecia painel de instrumentos e central de infoentretenimento para o Ecosport e o Ka.

Em paralelo, a crise dos semicondures se agravava, com escassez de chips eletrônicos para assegurar a produção da indústria automotiva. O produto mais simples da companhia, um painel de instrumentos analógico, precisa de, pelo menos, dois semicondutores – número que pode passar de uma dezena em sistemas mais complexos, como as centrais multimídia mais modernas.

Visteon sacode a poeira

Apesar da avalanche de problemas, em 2021 a empresa conseguiu garantir o chamado breakeven na operação amazonense, garantindo que a produção se pagasse sem gerar lucro, mas também sem dar prejuízo.

No ano seguinte, a empresa já garantiu lucro e, no começo de 2023, expandiu os resultados com a fábrica operando a plena capacidade, com três turnos de produção, seis dias por semana.

O feito está relacionado com a alta demanda das montadoras e com o desenvolvimento de novos clientes nos últimos, como a Volkswagen, com quem a Visteon desenvolveu soluções como o Volks Play e assinou contrato para fornecer o painel de instrumentos digital do então recém-lançado Nivus. Outro exemplo de contrato recente é com a Stellantis, para quem a empresa fornece itens para modelos da Peugeot e a central de infoentretenimento do novo Citroën C3.

Práticas para fazer inveja ao resto do mundo

Capela, no entanto, garante que o segredo do resultado vai além e tem a ver com o fortalecimento da cultura interna da empresa, com aspectos como ESG (governança ambiental, social e corporativa), diversidade e inclusão, além da construção de um clima leve para os funcionários, porém pautado na responsabilidade da entrega de resultados.

O executivo enche o peito para falar que, lá do meio da floresta amazônica, entre botos-cor-de-rosa e vitórias-régias, a fábrica foi a primeira da Visteon no mundo a garantir o selo GPTW de Melhores Empresas para Trabalhar. No ano passado, a companhia deu mais um passo e se tornou a quarta companhia do Brasil e receber certificação da Beureau Veritás em ESG – algo também inédito para a organização no resto do mundo.

“Globalmente, por causa do nosso exemplo, a empresa começa a buscar essas certificações que conquistamos aqui. Estamos no meio da selva e ninguém vai nos notar se trabalharmos dentro do esperado. Precisamos ser pioneiros, mostrar a nossa capacidade de ir além”, diz Capela.

O executivo enumera entre suas responsabilidades como líder da operação o papel de mostrar que o Amazonas abriga mais que uma reluzente natureza. Segundo ele, ali há enorme capacidade de entregar produtos com qualidade e de impulsionar a evolução tecnológica do setor automotivo. Tudo, claro, pelas mãos dos profissionais formados ali.

Visteon faz festa, mas gera resultados

O jeito descontraído do executivo parece se difundir pela organização. “Nós adoramos uma festa”, diz ao apresentar a intensa programação de eventos da empresa para seus funcionários e a comunidade. Silvana Aquino, gerente de RH da Visteon Manaus, confirma. “Fazemos todo o planejamento de produção em consonância com a nossa agenda de eventos de recursos humanos”, aponta.

Segundo ela, parar a produção por uma hora para receber uma palestra de orientação às mulheres sobre violência doméstica e seus direitos não é tabu por ali. Assim como não é problema desligar as máquinas por um dia para receber os filhos ou pais dos colaboradores ou dar treinamento a adolescentes para que eles se destaquem como potenciais talentos para as empresas do Polo Industrial de Manaus.

Outro segredo do sucesso para chegar aos resultados, diz Silvana, é fazer contratações centradas nas competências e habilidades, sem restrição por gênero ou idade, por exemplo. A empresa combina jovens talentos, profissionais experientes – incluindo contratados com mais de 60 anos, pessoas refugiadas de países como a Venezuela e, cada vez mais, o interesse em incluir indígenas, valorizando os povos originários tão presentes na região amazônica.

Do quadro de funcionários, metade é composto por mulheres – número que se reflete na liderança também. Na sala de Capela, uma placa indica: “hospício lotado”. A brincadeira redefine o conceito dos ultrapassados manicômios para determinar algo que poderia ser uma nova moda: empresas que são um caldeirão cultural, com proximidade entre as pessoas, sem deixar resultados de lado.

Fonte: Automotive Now

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