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Vírus derruba transporte de cargas na China

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06/02/2020

Fonte: Valor Econômico

Costas Paris

A contratação de navios nos principais portos chineses caiu 20% desde 20 de janeiro, de acordo com a organização provedora de dados marítimos Alphaliner — enquanto medidas para evitar a disseminação do surto de coronavírus afetam todas as cadeias de suprimentos internacionais.

A empresa prevê que o tráfego global de contêineres oceânicos deve se reduzir em aproximadamente 0,7% — o equivalente a cerca de 6 milhões de contêineres — ao longo do ano, em razão de paralisações de fábricas e outras restrições que afetam a produção econômica da China. Isso pode piorar se a epidemia continuar. A redução nas contratações é reexo também da ampliação, por parte das autoridades chinesas, do feriado do Ano Novo Lunar para até 9 de fevereiro.

O período festivo, admite a Alphaliner, tradicionalmente já é um fator de redução da produção industrial. Mas as restrições de viagem que permanecem em vigor devem dicultar a retomada da produção na semana que vem, com muitas instalações industriais sem trabalhadores sucientes para que possam reabrir.

"O impacto total do surto de coronavírus chinês nos volumes de contêineres não será totalmente mensurável até que os portos anunciem ocialmente o volume de partidas e chegadas no primeiro trimestre, mas os números de contratação semanais fornecem dados consistentes sobre a queda do volume transportado” , disse a Alphaliner, que tem sede em Paris, no relatório que divulgou ontem.

Operadores chineses disseram que a encomenda de fretes de navios porta-contêineres, naviostanque e graneleiros estão caindo rapidamente, e a desaceleração deve se estender até março. O que se prevê é que a redução nos volumes de expedição se espalhe pelas cadeias de suprimentos nos EUA e na Eu ropa, com o volume transporte de cargas por ferrovias e caminhões acompanhando a queda nas próximas semanas.

“Trabalhadores de operação de guindastes, funcionários da alfândega e caminhoneiros devem car em casa” , disse Wang Lei, corretor de Xangai, a principal porta de entrada e saída da China e um dos principais terminais do mundo — por onde passam 42 milhões de contêineres por ano.

“A atividade é sempre mais lenta durante as férias do Ano Novo Lunar, mas o que ocorre agora é muito diferente. As pessoas têm medo de sair de casa e interagir, e isso está acabando com os negócios.”

A China é a maior exportador do mundo, e os navios porta-contêineres movimentam de roupas, móveis e eletrônicos até autopeças e equipamentos industriais. Grandes companhias de contêineres operam nos principais portos costeiros da China, mas as dez empresas estrangeiras mais importantes do setor cancelaram pelo menos duas dúzias de travessias para a China nas últimas semanas — muito mais do que a média histórica de cancelamentos durante o primeiro trimestre.

A gigante marítima dinamarquesa Moller-Maersk , por exemplo, anunciou o corte de duas travessias no ciclo comercial-chave Ásia-Europa nas próximas duas semanas. Várias outras companhias marítimas também cancelaram as viagens, incluindo a francesa CMA CGM e a Taiwan Evergreen Marine Corp. Outras empresas globais devem anunciar cancelamentos nos próximos dias. E essa tendência deve se estender até meados de março, disseram executivos de transporte.

“Ironicamente, o único porto plenamente ativo é o de Wuhan (no rio Yangtzé), por onde passa todo o suprimento, como alimentos, remédios e combustível, de que a cidade precisa” , disse um operador de Cingapura.

O mercado de petroleiros também tenta se ajustar à crise na medida em que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados buscam um acordo para reduzir a produção em razão da baixa da demanda chinesa.

A crise sanitária também está sepultando as esperanças de recuperação do setor de transporte aéreo de carga aérea, que registrou em 2019 seu pior ano da década, informou a Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata) — um grupo de 280 companhias aéreas globais, a maior parte delas já fortemente afetada pelo cancelamento de voos e a queda no transporte de passageiros. A indústria chinesa está entre as principais clientes deste tipo de transporte, mas o volume de encomendas despencou desde o início da crise.

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