31/07/2018
Augusto Barreto Rocha
Uma economia desenvolvida possui uma grande quantidade
de fornecedores para todo o tipo de atividade econômica.
Quanto maior a economia de escala, maior a quantidade de
empresas ofertantes e as demandas dos consumidores vão
gerando novas oportunidades. É um ciclo de crescimento,
onde sempre há espaço para terceirização, mas também há
espaço para verticalização, quando o trabalho deixa de ser
externo e passa a fazer parte das atividades da própria
empresa.
Nos EUA, a Amazon criou uma divisão chamada Amazon
Transportation Service, que incentiva pequenos
transportadores, onde com uma startup de US$ 10 mil,
oportuniza um potencial de venda de US$ 1 milhão a US$ 4.5
milhões. Chamam de Amazon Delivery Partners, com terceirização de partes do serviço de entrega por meio de
empresas com até 40 vans, bem menores do que os grandes
operadores de transporte, como FedEx ou UPS. Há ainda a sua
própria estrutura vertical, na qual ela gastou US$ 13.2 bilhões
em 2017, fazendo com que no início de 2018 as ações da FedEx
e UPS caíssem, por conta deste movimento.
Quando vale a pena terceirizar? De um jeito simples, quando
a empresa não possui recursos ou competência para fazer
aquela atividade de um jeito mais econômico. Portanto,
sempre haverá espaço para verticalização ou para
terceirização e o que fará este equilíbrio por um lado é a
escala e por outro é a margem de lucro. Uma coisa é certa:
verticalizações bem conduzidas geram grandes economias.
Existe uma tendência no Polo Industrial de Manaus (PIM)
para a verticalização de serviços de transporte e logística. Um
dos exemplos mais recentes, a Yamalog, empresa controlada
pela fabricante de motocicletas Yamaha, com 150 carretas e 4
armazéns, passou a fazer a sua própria operação de transporte
de motocicletas de Manaus para o mercado nacional. Este
movimento é uma demonstração do quanto é complexo e caro
distribuir no Brasil, o que fez a Yamaha, pela primeira vez no
mundo, verticalizar a sua estrutura logística por meio de uma
nova companhia.
Há outros exemplos como Honda e Samsung, que também
operam com estrutura própria na região, mas sempre que
surge um novo operador verticalizando a sua estrutura, não
pelo grande aumento de volume, como no caso da Amazon,
que saiu de US$ 74 bilhões de vendas anuais em 2013 para
US$ 177 bilhões de vendas anuais em 2017, surge a questão:
por que terceirizar, se não há ganho de volume?
A resposta é que o mercado não está sendo competitivo para
resolver os problemas que são naturalmente resolvidos,
quando existe escala. Há uma redução gradativa da oferta de
transporte no PIM. No mesmo período de 2013 a 2017, o
faturamento caiu de US$ 38.5 bilhões para US$ 25.5 bilhões. É
interessante comparar os números do conjunto das empresas
industriais tradicionais, com as vendas de uma única empresa
global, como a Amazon, para que também traga para a mesma
página de reflexão sobre o quanto estamos nos tornando
insignificantes no mercado global.
As escalas precisam crescer sempre. Isso somente será
possível se existir uma estreita cooperação dentro da
sociedade, com simplificação constante das atividades econômicas e não com o aumento da complexidade. Coisas
mais complexas levam a menos atividades formais.
A presença de uma plataforma que facilite a operação industrial no Amazonas é a grande oportunidade. De outra forma seguiremos a reduzir a nossa signiæcância, porque pior que apenas reduzir o faturamento industrial é ver que enquanto reduzimos, outros crescem e assim ficará cada vez mais difícil superar a distância que nos separa das economias desenvolvidas.