CIEAM | Centro da Indústria do Estado do Amazonas CIEAM | Centro da Indústria do Estado do Amazonas

Notícias

Venezuela preocupa exportadores

  1. Principal
  2. Notícias

18/03/2015

As exportações do Amazonas devem continuar em queda nos próximos meses, caso a instabilidade econômica continue atingindo os principais parceiros comerciais do Estado. No caso da Argentina, nos dois primeiros meses deste ano as vendas àquele país caíram 55,23%, fato que o fez perder para a Venezuela a primeira posição no ranking dos compradores externos de produtos da Zona Franca de Manaus (ZFM). Mas a Venezuela também não vive os seus melhores momentos interno, problemas que deverão ser agravados com os recentes conflitos diplomáticos com os Estados Unidos.

Para o gerente executivo do Centro Internacional de Negócios (CIN) da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), José Marcelo Lima, os problemas econômicos e sociais que atingem o país vizinho descartam a possibilidade de estabilidade financeira com os parceiros comerciais.

De acordo com Lima, o carrochefe das exportações amazonenses destinadas ao País latino-americano é o concentrado utilizado no preparo dos refrigerantes, fornecido pela empresa Recofarma Indústria do Amazonas Ltda. A fabricante obteve, nos dois primeiros meses de 2015, a redução de 26,05% nas vendas. No período entre janeiro e fevereiro deste ano o Amazonas exportou US$30,1 milhões em preparos para bebidas, enquanto no mesmo período de 2014 o faturamento foi de US$41,1 milhões. A variação negativa foi de 26,73%. Além dos xaropes, o Amazonas ainda comercializa produtos manufaturados que compõem os polos de duas rodas e o eletroeletrônico. “Acredito que as crises que atingem países como a Venezuela, Argentina e Bolívia não devem ter soluções a curto prazo, com isso a pauta de exportação deve continuar tendo baixa”, avalia.

No período entre os dois primeiros meses do ano as vendas do Amazonas para a Venezuela totalizaram US$19,9 milhões. No mesmo período de 2014 esse faturamento chegou a US$22,1 milhões, com uma redução de 9,97%. O país latinoamericano enfrenta uma grave crise, envolvendo instabilidade política, inflação alta, escassez de produtos e perda de receitas por conta da queda do preço internacional do petróleo. “A Venezuela não vai sair da crise tão cedo e o pior é que além de uma crise econômica, o País também passa por uma crise social com a falta de alimentos. O governo está exercendo o poder por meio de decretos. O que pesa também é a falta de pagamentos aos fornecedores, que são os exportadores, como no nosso caso”, explica. “Vale lembrar que países como o Peru, o Chile e a Colômbia cumprem religiosamente os seus pagamentos”, ressalta.

Segundo o gerente, no caso da fabricação dos xaropes para refrigerantes não há como a empresa manter estoques do produto por conta do prazo para a utilização. Diferentemente da produção de manufaturados, que de acordo com Lima, operam conforme o cronograma de produção. Ele afirma que há um risco, neste momento quanto à manutenção de estoques. “É algo temerário em função da instabilidade no valor do dólar. Com a variação cambial as nossas exportações deveriam estar altas mas não é o que acontece. O mercado brasileiro absorve cerca de 98% dos produtos fabricados no PIM, enquanto as demais porcentagens são exportadas”.

Para o presidente da Fieam, Antônio Carlos Silva, com base no cenário econômico e nas perdas obtidas por meio das exportações com a Venezuela nos dois primeiros meses de 2015 é difícil prever o comportamento do mercado internacional para os próximos meses. Ele concorda que a situação não é animadora. “É difícil prever como será o comportamento desse mercado uma vez que a economia daquele país tem poucas opções para vencer a disfunção econômica na qual se encontra. Acredito que as exportações para a Venezuela devem continuar caindo”, declarou.

Silva ainda disse que por conta do conflito político apresentado entre os Estados Unidos e a Venezuela não há riscos da retirada de circulação de marcas de refrigerantes como a Coca-Cola, que remete à imagem dos americanos. “O que pode ocorrer é a interrupção nas exportações do concentrado ou de outro tipo de componente, e até mesmo do produto pronto, por falta de garantias de pagamento”.

Como alternativas, Silva afirma que o segmento empresarial busca intensificar a atuação com outros mercados. “Uma das alternativas é intensificar a atuação em outros mercados já conquistados, aumentando nossa participação através de campanhas de marketing”, conclui.

Defesa no NYT


O conflito diplomático entre os Estados Unidos e a Venezuela, rendeu nesta terça-feira (17) no jornal 'New York Times', um anúncio de página cheia, cujo título é "Carta ao povo dos Estados Unidos: a Venezuela não é uma ameaça". O texto defende a Venezuela e critica as sanções impostas pelos EUA a autoridades do País na semana passada.

A mensagem é uma resposta à ordem executiva assinada no dia 9 pelo presidente dos EUA, Barack Obama, a qual classifica a situação política na Venezuela como "ameaça extraordinária à segurança dos EUA e impõe sanções a autoridades do País sul-americano.

A carta publicada no "NYT" afirma que a Venezuela é uma sociedade aberta, livre e independente. Além disso, diz que os povos da Venezuela e dos EUA "sempre mantiveram relações pacíficas e respeitosas", ressaltando a importância do petróleo do país sul-americano importado pelos EUA. O anúncio classifica como "desproporcional", "unilateral e agressiva" a ordem assinada por Obama e exige a revogação da decisão. As sanções impostas pelos EUA a autoridades venezuelanas são taxadas de "unilaterais e intervencionistas". "Em nome da nossa amizade de longa-data, nós alertamos nossos irmãos e irmãs americanos que o presidente dos EUA tenta governar o povo venezuelano (...) por meio de uma ordem imperialista e tirânica", afirma o anúncio. "Nós não deixaremos que a nossa amizade com o povo dos Estados Unidos seja afetada por essa decisão sem sentido e sem embasamento do presidente Barack Obama". A tensão entre os dois países aumentou nas últimas semanas. Maduro acusou os EUA de estarem por trás de uma campanha de "desestabilização de seu governo" e exigiu que a embaixada americana em Caracas reduza a sua equipe.

Os EUA respondeu por meio de sanções, que levaram o Parlamento venezuelano a expandir os poderes do presidente Nicolás Maduro temporariamente. Além disso, o exército venezuelano iniciou exercícios militares batizados de "escudo bolivariano".

Fonte: JCAM

Coluna do CIEAM Ver todos

Estudos Ver todos os estudos

Diálogos Amazônicos Ver todos

CIEAM | Centro da Indústria do Estado do Amazonas © 2023. CIEAM. Todos os direitos reservados.

Opera House