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Vendas de motos têm pior primeiro semestre em oito anos

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17/07/2014

Nem só de carros vive a crise da indústria automobilística nacional. Ontem, números divulgados por fabricantes de motocicletas mostraram que as vendas do setor de duas rodas no primeiro semestre foram as piores em oito anos. No total, as entregas de motos das montadoras para as concessionárias caíram 12,2%, somando 716,8 mil unidades nos seis meses.

Desde 2006, não se via resultado tão fraco. O consumo de motos no país está abaixo até mesmo do patamar de 2009, quando o setor levou um tombo com a escassez de crédito provocada pela crise financeira internacional

As exportações ainda mostram algum crescimento, com alta de 1,6% em relação a um ano atrás, num desempenho puxado pelos embarques da Yamaha, que subiram 53,6% na primeira metade de 2014. Da mesma forma, a demanda por motos de alta cilindrada segue em evolução. Mas isso tem sido insuficiente para melhorar a produção nas fábricas, que recua mais de 8%, para 769,6 mil unidades entre janeiro e junho - nesse caso, o pior número desde 2009 entre períodos equivalentes.

Ao divulgar esses resultados, a Abraciclo, entidade que abriga os fabricantes de motocicletas, informou também que espera agora queda de 3% tanto das vendas como da produção em 2014, revendo expectativas que antes apontavam para estabilidade nos volumes. Isso significaria algo ao redor de 1,5 milhão de motos comercializadas até dezembro, quase 50 mil unidades a menos do que em 2013.

Depois de atingir o pico de mais de 2 milhões de unidades vendidas em 2011, a indústria brasileira de motos - sexta maior do mundo, com faturamento próximo de R$ 14 bilhões - entrou em trajetória de queda quando os bancos passaram a ser mais rigorosos nas análises de risco de crédito. Como boa parte de seus consumidores são profissionais autônomos, com dificuldade em comprovar renda, o segmento acabou sendo o mais afetado pela seletividade bancária.

Para piorar, o Nordeste, que vinha puxando os resultados e se tornou o principal mercado de motos do país, inverteu a curva ascendente e, neste ano, mostra queda de 6% no consumo. Em junho, com o menor movimento nas lojas por conta da Copa do Mundo, a queda nas vendas de motocicletas no Brasil foi ainda maior, passando de 42% na comparação anual.

Agora já são três anos seguidos de contração dessa indústria, com cortes, nesse período, de 2,6 mil vagas de trabalho nas fábricas instaladas na Zona Franca de Manaus e o fechamento de 146 concessionárias pelo país. Em meio à crise, alguns fabricantes também fecharam as portas, como a Kasinski.

Representantes da indústria e de concessionárias dizem que o índice de aprovação está hoje na faixa de 20% a 25% das solicitações de crédito para compra de motos, o que, para o setor, indica um grande represamento de demanda por falta de financiamento. "Isso mostra que ainda há pessoas interessadas em comprar", disse ontem Marcos Fermanian, presidente da Abraciclo, durante entrevista coletiva a jornalistas.

Ao mesmo tempo em que tentam, até agora sem sucesso, trazer bancos comerciais privados de volta a esse mercado, as empresas vêm cobrando do governo uma participação mais agressiva de bancos públicos nos financiamentos. Nesse contexto, conseguiram recentemente inserir motos de até 150 cilindradas no programa Mais Alimentos, o que permitirá a venda desses veículos a pequenos produtores rurais com taxas de juros de, no máximo, 2% ao ano.

Fonte: Valor Econômico

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