15/10/2015
Como resultado, o valor do frete poderá sofrer aumento de até 20%, ônus que deverá ser repassado aos contratantes dos serviços até o final deste mês. Balsas que chegam ou têm destino a Porto Velho já registram atraso de 15 dias na entrega. Enquanto os navios transportadores de gás contabilizam retardo de cinco dias no fornecimento.
O presidente do Sindicato das Empresas de Navegação Fluvial no Estado do Amazonas (Sindarma), Claudomiro Carvalho, conta que o setor fluvial enfrenta um período de dificuldades, após um semestre de boas condições de trafegabilidade proporcionadas pela cheia dos rios. Os meses mais críticos para o segmento, anualmente, segundo o presidente, são setembro e outubro. "Registramos atrasos nas cargas transportadas por balsas no trajeto Manaus/Porto Velho estimados em 15 dias, considerando o trajeto de ida e volta da embarcação. Em período de cheia esse trajeto acontece em 15 dias, sendo possível fazer até duas viagens ao mês", explicou o presidente.
As cargas de GLP transportadas por navios, registram retardo na entrega de sete dias, enquanto o transporte em período considerado bom para a navegação é feito em até cinco dias. De acordo com Carvalho, a redução no nível de água dificulta o transporte dos produtos e insumos. O transporte acontece, mas não conforme a capacidade plena operada no período da cheia. Há uma redução de 40% no volume transportado. Os problemas para a navegação e o consequente aumento no tempo de viagem, resultam no aumento no valor do frete. "Reduzimos a capacidade da embarcação, trazemos menos carga em uma viagem. Isso aumenta o custo e o tempo de transporte, o que afeta o valor do frete e também da mercadoria", avalia.
Carvalho explica que o rio Madeira é o corredor mais crítico com relação às condições de navegação por conta de encalhes em bancos de areia e colisões contra troncos de madeira. Segundo ele, na maioria dos trechos do rio é necessário haver o trabalho de dragagem (escavação de material do fundo dos rios), além da sinalização. Esses trabalhos estão sob a responsabilidade do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit-AM). "Sofremos com a falta de dragagem. Precisamos de condições para a navegabilidade e neste ano o Dnit não operou no rio Madeira. Agora não dá mais tempo. Ao cobrarmos, o departamento nos informou que os trabalhos não aconteceram em decorrência de limitações orçamentárias, mas que iriam realizar licitações no mês de agosto para que uma empresa fizesse o trabalho", conta. "Agora, esperamos pela chuva para que haja um aumento no volume das águas e tenhamos melhor condição para navegar", completou.
Para efetivar o transporte, as balsas necessitam de um calado (parte submersa nas águas) de no mínimo, três metros. Porém, atualmente, as embarcações operam com 2,4 metros de calado, o que é considerado como situação extrema. Os terminais de passageiros dos municípios de Tabatinga e Benjamim Constant estão sem acesso às embarcações, devido à seca. Da mesma forma que os navios que saem de Coari com destino à cidade de Codajás; e navios que trazem insumos à Zona Franca de Manaus (ZFM) pelo oceano com destino a Paraná da Eva, também enfrentam problemas para ter acesso aos terminais.
Solução? Hidrovia
Para o presidente da Federação Nacional das Empresas de Navegação Aquaviária (Fenavega), Raimundo Holanda, o gargalo da falta de acesso a alguns destinos estaduais, por meio fluvial, está na implementação de hidrovias. Ele informa que a categoria defende e luta pelas hidrovias há pelo menos 8 anos, mas que até agora, o governo federal não se mobilizou para tirar o projeto do papel. "É preciso aprofundar os leitos dos rios e isso é responsabilidade do Dnit. Lutamos por isso, no caso, para que seja feito no rio Madeira. O Dnit firmou contrato com algumas empresas, mas até agora nada foi feito. Também é preciso sinalizar a extensão", disse. "A dragagem permitiria boas condições de trafegabilidade tanto no verão como no inverno", completou.
Fonte: JCAM