23/08/2013
O levantamento é do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e tem como base o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), aplicado para as correções salariais.
Para o supervisor técnico do escritório regional do Dieese, Inaldo Cruz, a elevação sazonal dos preços dos alimentos nos primeiros meses do ano, o que tende a limitar as possibilidades de obtenção de ganhos reais pelos trabalhadores, foi uma das razões para um menor índice em 2013.
Cruz ressaltou, também, a pressão dos sindicatos patronais em conceder correções menores em relação à inflação reivindicada pelas entidades dos trabaladores.
"Outro fator pode estar relacionado com o endurecimento da postura patronal nas negociações coletivas de algumas categorias, ainda reacias a conceder reajustes salariais com ganho reais em situações de incerteza econômica, o que pode comprometer a capacidade de consumo dos trabalhadores tendo como resultado o enfraquecimento da demanda agregada da economia", analisou Cruz.
De acordo com o estudo, as negociações na indústria resultaram em quatro correções salariais acima da inflação e três com perdas reais. Na comparação com o ano passado, 100% dos acordos chegaram a um índice acima do INPC.
Após registrar uma queda em 2011, o setor de serviços conseguiu se recuperar e se igualar ao patamar alcançado em 2012, com 80% das negociações com ganhos reais. O Dieese não registrou negociação no comércio neste primeiro semestre. Com relação aos reajustes abaixo do INPC, a maior parte, nos últimos cinco anos, concentrou-se na faixa de até 1% abaixo do índice. O Dieese acompanhou 12 acordos, o que representa 3,7% da participação nacional, e 57,1% dos Estados da Região Norte.
Resultado no País favorece trabalhadores
Das 328 unidades de negociação analisadas pelo Dieese no País, 85% conquistaram aumento real para os pisos salariais no primeiro semestre de 2013, na comparação com a variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Segundo o órgão, mesmo com um recuo em relação a 2012, quando 96,3% das categorias registraram aumento, os dados não tiveram um comportamento discrepante em relação ao de anos anteriores.
"Em que pese o recuo das negociações de 2013 frente ao observado em 2012, os dados revelam que as negociações deste ano encontram-se no mesmo patamar de reajustes com ganhos reais observado nos últimos anos", diz trecho do estudo.
Por setores econômicos, o comércio liderou as negociações com reajustes acima da variação do INPC, com 98%. Na indústria, a fatia de reajustes acima da inflação foi de 85%. Já em serviços a proporção ficou em 79%.
O Dieese apontou, entre outros fatores, como possível causa da redução das negociações com ganho real, o aumento da inflação, que "resultou na necessidade de índices de reposição mais elevados, o que dificultou a negociação de aumentos reais e diminuiu a margem de ganho dos trabalhadores", pontuou a entidade. "Outro fator é o desaquecimento da economia, que vinha sendo observado desde meados do ano passado, e resultou no baixo crescimento do PIB em 2012 e na redução no ritmo de geração de empregos", aponta o estudo.
Apesar de o primeiro semestre ter demonstrado uma piora em relação aos resultados do ano passado, a entidade mostrou-se otimista com relação ao quadro da segunda metade do ano, em razão de fatores como a desvalorização do real, a tendência de queda da inflação e a retomada do crescimento, ainda que tímida.
Fonte: Portal D24.com