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Um olhar de esperança para indústria

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28/02/2019

Reportagem publicada pelo Jornal do Commercio

Ao que tudo indica, o setor industrial do Amazonas, terá grandes desafios pela frente. A nomeação do novo superintendente para o comando da Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus), surge como peça chave para um novo momento que desenha um cenário de expectativas e confiança, que ganhou força com o anúncio no novo ciclo de investimentos no setor de motos pela empresa Moto Honda da Amazônia.

Para o presidente do Cieam (Centro da Indústria do Estado do Amazonas), Wilson Périco. O anúncio da Honda de que investirá R$ 500 milhões em sua planta industrial em Manaus tem múltiplos significados. “A empresa japonesa, que tem no Amazonas a maior fábrica de duas rodas do mundo, não investiria esse volume de recursos sem levar em conta a seriedade e a densidade institucional de nossa economia”. Para Périco, a decisão do investimento significa renovação, que se materializa até 2021, visando melhorar eficiência produtiva, alternativas logísticas e fazer frente aos avanços tecnológicos e reforça. “Competitividade é o conceito que permeia essa decisão. Aqueles que não redefiniram seus planos e agendas para a chegada dos novos ares liberais podem sucumbir. O setor de duas rodas, eletroeletrônicos e informática que sustentam, destacadamente a economia do Amazonas, já se preparam para os novos tempos liberais. Com a crise aprendemos a fazer mais com menos. E com a esperada redução da gastança na máquina pública, poderemos competir e sobreviver às mudanças”, observou.

Sem privilégios

Périco enfatiza que não se trata de favores e nem privilégios, apenas respeito aos direitos de quem aqui produz e gera riqueza. “A ZFM não é um programa deste ou daquele governo. É um programa de Estado, por isso está na Constituição Brasileira que somente autoriza incentivos para equilibrar o desenvolvimento nacional. Não nos venham falar que em 52 anos não conseguimos construir novas alternativas econômicas para a região. Somente teríamos condições de promover essa alteração fiscal se a geração de riqueza não fosse repassada para a União em mais de 50%”, enfatizou.

De acordo com Wilson Périco, em sua primeira entrevista, o novo Superintendente da Suframa, Coronel Alfredo Menezes, animou a todos a divulgar os acertos e desafios da ZFM com mais insistência . “Ninguém devolve tantos benefícios econômicos e sociais como a Amazônia Ocidental, mais o Estado do Amapá, com apenas 8% de contrapartida fiscal”.

Na beira do caminho

“Olhemos para trás. No Ciclo da Borracha I e II, nós recolhemos muito mais do que recebemos nas transferências compulsórias. Chegamos a responder por 47% do PIB. A União, em lugar de se empenhar em atrair empresas industriais para beneficiar e inovar a manufatura da borracha e exportar produtos acabados, deitou-se na rede da acomodação e viu nossa região entregue a ninguém . Ficamos à beira do caminho vivendo das migalhas repassadas pelo governo central. O quadro começou a mudar quando os militares criaram o modelo ZFM em 1967 através de Roberto Campos e Arthur Amorim”.

Ele lembra que o projeto de integrar a Amazônia para não entregá-la a cobiça estrangeira, começou a se esvaziar quando a União decidiu transformar o modelo no baú de de felicidade da sua compulsão fiscal. “Vimos os frutos de nosso trabalho desviado para outras regiões. Como diversificar a economia nesse compasso de confisco que nos impõem? Repudiamos quem nos atribui privilégios com os 8% do bolo total de incentivo s do país, espalhados pela Amazônia, sob a batuta da Suframa. Se até o advento da ZFM, dependíamos de migalhas federais, onde está a renúncia se, em 52 anos, passamos, com a ZFM a ser um dos oito estados da Federação que carrega o país nas costas?”, questionou.

Focado na cidadania

O presidente do Cieam, reiterou que as verbas recolhidas pelas empresas aqui instaladas e destinadas legalmente ao turismo, pesquisa, inovação e desenvolvimento e interiorização da economia não sejam aplicadas para outros fins. Afinal, o regime capitalista só existe na medida em que monitora e assegura a satisfação do cidadão, ou seja, dos consumidores. “Como assegurar a ordem econômica e a justiça social se vemos a distorção de finalidades como o paradigma imutável da gestão pública?. Queremos, pois, a segurança jurídica e o respeito às leis, a atitude da reciprocidade do poder público no exercício das atribuições de cada um”. Para ele respeitar o setor produtivo e cumprir os acordos de cavalheiros em nome do bem comum é o mínimo que se pode esperar na interação dos atores públicos e privados.

Direitos e protagonismo

Voltando a citar o novo Superintendente da Suframa, ao prometer e lutar pelo resgate institucional da autarquia, sua autonomia administrativa e financeira, Wilson Périco, segue defendendo a importância da representatividade do modelo no âmbito nacional e para região. “As decisões que nos dizem respeito e que envolvem o Norte deste país sem bússola, devem ser tomadas no âmbito do Conselho Administrativo da Suframa, com reuniões em rodízio pelos Estados, mobilizando seus parlamentares e governantes estaduais e municipais”, defendeu. Ressaltando que a palavra de ordem é o protagonismo, não para reclamar mas para assumir e partilhar tomada de decisões para a região a partir de seus atores. “E vamos, assim, trabalhar e somar energias, sinergias e disposição de atuar na construção de um novo Brasil”, destacou Wilson Périco, presidente do Cieam.

Relevância

Os desafios e a importância do modelo também é destacado pelo presidente da Eletros (Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletrônicos), José Jorge. Para a entidade num momento em que a Zona Franca de Manaus e a Suframa completam mais um ano é preciso reconhecer o papel de extrema relevância que este projeto de desenvolvimento possui no cenário nacional e local. “A importância da geração de milhares de empregos em toda a região amazônica, arrecadação de milhões de reais em impostos, preservação de 98% da floresta do Estado do Amazonas e o estabelecimento de um centro industrial de alta tecnologia que irradia oportunidades de negócios em todo o país são alguns dos legados desses 52 anos de existência que merecem aplausos”. O presidente da Eletros celebra o momento, destacando que todas suas empresas do segmento eletroeletrônico se orgulham de fazer parte dessa história. “Num momento em que o Brasil passa por transformações importantes é imperioso que a Zona Franca de Manaus seja fortalecida para que ajude ainda mais o Brasil a crescer”, celebrou.

A ideia de mais diálogo e articulação como forma de viabilizar investimentos e abrir alternativas para outros segmentos é compartilhada pelo presidente do Sindmetal-AM (Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas), Valdemir Santana, mas ele também pondera quando avalia o posicionamento do governo em relação ao modelo ZFM. “Eu sinceramente, acredito que o ministro da Economia, não veja com bons olhos a Zona Franca e os incentivos fiscais. Não sei como vai ser essa briga. O que eles pensam ou planejam. Mas sigo sem otimismo”, frisou. Santana declara que a categoria está aberta para conversas sobre a ZFM e sobre as alternativas para o Estado, principalmente na área do setor primário. Ele reiterou que 98% de preservação da Amazônia se dá graças à Zona Franca. “Em relação a outros estados, a parte do benefício que a região detém é pouco, diria que insignificante se formos comparar com São Paulo e com a região Sul do país”, comparou.

O presidente do Sindmetal reforça ainda que as indústrias são os motores que preservam a Amazônia. Mas que é necessário buscar outras fontes. Porque existem sim caminhos para desenvolver ainda mais o Estado. Ele defende que a mão de obra local consegue manter um ritmo de eficiência e que só é preciso viabilizar a produção realizada aqui. “Nos últimos seis anos, tivemos grande ataques aos incentivos. Precisa ajustar e brigar por isso. Se conseguimos unificar os estados da região Norte, podemos avançar. Eu espero que o novo superintendente tenha sucesso. Porque estamos precisando reduzir taxas, produzir mais e melhorar a questão dos PPBs”, pontuou.

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