12/07/2017

Editorial publicado no jornal Amazonas Em Tempo

A Universidade do Estado do Amazonas (UEA), sozinha, ocupou mais território amazonense em menos tempo, do que um dia pôde ousar qualquer governo estadual – mais do que a sua similar federal, cuja antiguidade supera as academias do resto do país (e bote resto nisso). Mas há bem que sempre dure – não se deve esquecer que o Amazonas faz parte – embora não pareça – do Brasil, onde todo sucesso é um insulto pessoal.

A UEA nasceu com um defeito de origem: por um “jabuti” infiltrado em sua constituição, permitiu-se que as verbas destinadas ao seu custeio também pudessem custear outros objetivos, como acaba de ser revelado, pela primeira vez, por seu mais recente reitor, e já virou um samba-enredo da atual campanha eleitoral. Esse vício de origem, na sequência, leva a outro: a universidade passa a ser pensada (e executada) como uma repartição pública, de que o Governo do Estado, por uma tradição histórica, dispões como se fosse o seu quintal e do séquito de puxa-sacos que o acompanha até que a riqueza os separe. Tratou-se o “jabuti” como um animal doméstico, encontrável em qualquer quintal ou sala das casas grandes que ainda regem as relações sociais no país. Se é legal, não é imoral, mesmo que engorde. Então, não há escândalo.

Mas....a campanha eleitoral que se apropriou do mote lançado pelo reitor poderia dedicar seus parcos minutos no horário eleitoral gratuito que todos pagamos, para esclarecer: a origem da verba; quais as áreas que recebem aportes de seu capital; quanto foi esse “desvio” legal; por que os parlamentares e outras instâncias se mantiveram omissos (e por isso coniventes) nessa questão; que medidas os candidatos ao governo do Estado adotarão (se eleitos) para dar à UEA o que é seu de direito e evitar a proliferação de jabutis em seu orçamento, etc.

Não vale dizer genericamente – apenas – que vão defender a Universidade do Estado do Amazonas e não permitirão o fechamento dos seus cursos no interior. Se vão fazer têm de dizer como. Ou se calem para sempre.