09/04/2014
A definição sobre uma possível disputa virá do mais alto nível político na UE. Assim como uma reação virá do mais alto nível do lado brasileiro, como a presidente Dilma Rousseff deixou claro em visita a Bruxelas.
O diretor de Desenvolvimento Industrial da Confederação Nacional da Industria (CNI), Carlos Abijaodi, diz que a indústria brasileira acompanha com preocupação os desdobramentos desse caso. Os pontos em discussão, afirma o diretor, "podem ter um efeito danoso para o desenvolvimento econômico brasileiro e para a industria nacional", afirma. Segundo ele, enquanto os europeus apontam essa questões contra o Brasil, os manufaturados brasileiros "também sofrem restrições por barreiras impostas por diversos países, entre eles os europeus".
Quanto ao Japão, não se juntou à UE no mecanismo de disputa contra o Brasil. Como vem fazendo desde 2012, o que Tóquio voltará a fazer hoje é um comunicado contra o Brasil num comitê técnico da OMC, reclamando da concessão de subsídios pelo governo brasileiro. Questionado sobre se o Brasil recebeu algum sinal de que o Japão seguiria o exemplo da UE e abriria denúncia formal contra o país na OMC, o embaixador brasileiro junto à entidade, Marcos Galvão, respondeu: "Não houve qualquer indicação japonesa nesse sentido".
Japão, EUA, UE e outros países desenvolvidos não têm cessado de questionar na OMC o Inovar Auto e incentivos ao setor de telecomunicações, por exemplo. Acionar o mecanismo de disputa, porém, só partiu da UE, e até agora sem seguir adiante.
O Brasil tem repetido que seus programas buscam assentar a política de desenvolvimento industrial, dentro das regras internacionais. O governo brasileiro insiste que os programas não são discriminatórios contra estrangeiros, visam promover a inovação, aumentar a eficiência energética, proteger o ambiente e dar uma certa racionalidade ao sistema tributário.
A reunião do Comitê de Bens da OMC, que se realiza hoje, estará repleta de países manifestando inquietações sobre políticas dos parceiros. É a maneira tradicional de fazer pressões e ocorre toda semana. Não se trata de disputa comercial. O tema acompanhado com maior interesse é um ataque conjunto dos EUA, UE e Japão contra a Rússia por restrições ao comércio, trazendo para a OMC na prática a questão da anexação da Crimeia.
Entre outros temas, EUA, Japão e UE vão questionar a Indonésia sobre um novo regime restringindo importações e exportações. A Argentina vai continuar se queixando de barreiras da UE impostas à entrada de seu biodiesel no mercado comunitário.
Fonte: Valor Econômico