CIEAM | Centro da Indústria do Estado do Amazonas CIEAM | Centro da Indústria do Estado do Amazonas

Notícias

Tropeço do PIB em janeiro

  1. Principal
  2. Notícias

29/03/2022

Marco Dassori

Depois de encerrar 2021 em alta, o PIB do Amazonas começou o ano tropeçando. A virada de dezembro para janeiro rendeu uma queda de 0,5%, em paralelo com a subida dos casos da ômicron e das incertezas da economia em um mês sazonalmente fraco para a economia amazonense. O desempenho ainda ficou 6,28% superior ao patamar de janeiro de 2021 - período em que o Estado vivia a segunda onda de pandemia e estava sob medidas de isolamento social. É o que apontam os números mais recentes do IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central).

A mesma base de dados apontou registro de 155,22 pontos para o Amazonas, após o resultado pouco superior de dezembro (152,30 pontos). Na média móvel trimestral, houve alta de 1,24% em relação aos três meses imediatamente anteriores. Em 12 meses, o PIB amazonense avançou 4,97%. O Estado foi melhor do que o da média nacional, que registrou retração de 0,99% na variação mensal, ficou praticamente igual (+0,01%) no confronto com o mesmo mês do ano passado, não passou de 0,19% no comparativo trimestral e teve incremento não superior a 4,73% na variação anualizada.

O IBC-Br foi criado para antecipar o resultado do PIB e ajudar o BC (Banco Central) na definição da taxa Selic. Também é uma forma de ajudar empresas e investidores a se decidirem por adoção de medidas de curto prazo. A metodologia é diferente da empregada pelo IBGE, que calcula o PIB brasileiro -e cuja próxima divulgação nacional está prevista para 2 de junho de 2022. O indicador leva em conta estimativas para as atividades econômicas, acrescidas de arrecadações de impostos. Mas, sua divulgação não inclui o desempenho de cada rubrica.

Setores e arrecadação


Segundo o IBGE, o primeiro mês foi de baixa para indústria e comércio, no Amazonas. A primeira começou o ano com queda mensal de 13%, no pior resultado desde abril de 2020 (-48,9%). O confronto com janeiro de 2021 resultou em recuo de 4,1%, sendo que bebidas, bens de informática e eletroeletrônicos, entre outros segmentos, puxaram os números para baixo. Mas, o acumulado dos últimos 12 meses seguiu positivo (+7,1%).

Impactado pelo recuo nos segmentos de combustíveis e de vestuário e calçados, o varejo voltou a encolher na virada do ano (-1,7%), mas colecionou números positivos nas demais comparações (+35,3% e +2,8%). Já os serviços tiveram melhor sorte e aceleraram 2% ante dezembro, além de crescer 9% ante o mesmo mês de 2021 e acumular 12% de alta em 12 meses. As influências positivas vieram de transportes, serviços auxiliares e correio (+1,4%) e serviços profissionais, administrativos e complementares (+0,6%).

A arrecadação federal no Amazonas somou R$ 1,85 bilhão em janeiro, sendo 10,12% superior a dezembro de 2021 (R$ 1,68 bilhão), sem descontar a inflação, conforme a Receita. Confrontado com o valor do ano passado (R$ 1,71 bilhão) houve expansão bruta de 8,35% -e aumento real foi de 1,84%, já descontada a gordura do IPCA. A receita tributária estadual (R$ 1,20 bilhão), por outro lado, desacelerou pelo segundo mês seguido, e caiu 11,11% ante dezembro de 2021 (R$ 1,35 bilhão), em preços correntes. A variação anual teve alta nominal de 13,31% e incremento real de 2,66%, de acordo com a Sefaz.

Otimismo e cautela

Na análise da conselheira do Corecon-AM (Conselho Regional de Economia do Estado do Amazonas), ex-vice-presidente da entidade, e professora universitária, Michele Lins Aracaty e Silva, o recuo de 0,99% observado entre dezembro de 2021 e janeiro de 2022 acende um sinal de alerta, pois é o maior tombo registrado no nível de atividade do Amazonas desde março de 2021 (-1,67%), quando a segunda onda de Covid-19 começava a descer em âmbito local, e o Estado já contabilizava quase três meses de toques de recolher e lojas com portas fechadas.

"Foi também o primeiro recuo desde setembro de 2021. Este indicador reflete a desaceleração da atividade econômica, em meio a um cenário de inflação, incerteza e alta nos juros. Vale lembrar que o resultado ainda não contabiliza os impactos econômicos do conflito entre Ucrânia e Rússia, que já passou de um mês. E não podemos esquecer que o Amazonas foi protagonista da 1ª e 2ª ondas da pandemia", avaliou.

Mas, a economista considera que, a despeito das dificuldades, o Amazonas está tendo "um bom desempenho" e "caminhando bem" em relação à economia e geração de emprego e renda. De acordo com Michele Lins Aracaty e Silva, o otimismo é "a palavra da vez" e segue a tendência do avanço da vacinação, e o aquecimento do mercado de serviços. A conselheira do Corecon ressalta, entretanto, que os novos obstáculos que surgiram recentemente na trajetória da ZFM não são desprezíveis e merecem cautela.

"Embora os índices apresentem variações, o que se observa é uma recuperação do Amazonas diante dos demais Estados. Isso é sinônimo de que temos um direcionamento rumo à recuperação. A preocupação está em relação à indústria, em função das alterações no IPI e, mais recentemente, do ICMS, que impactam diretamente sobre os produtos oriundos da atividade industrial do Amazonas. Qualquer alteração que possa impactar o nosso principal modelo de desenvolvimento regional deve ser objeto de muita preocupação", alertou.

Já o também conselheiro do Corecon-AM, professor universitário e consultor empresarial, Francisco de Assis Mourão Júnior, avalia que o tropeço do indicador do Amazonas no indicador do BC confirma que o modelo ZFM é suscetível às oscilações da economia nacional. "Estamos com Selic e inflação altas, além de uma perspectiva de PIB negativo no primeiro trimestre. Mas a arrecadação continua alta, porque as empresas continuam comprando insumos para reposição de estoques e estes sofrem as valorizações cambiais", comentou.

Sobre o comércio, Francisco de Assis Mourão Júnior lembra que o setor costuma "começar o ano no negativo", mas observa que o setor é mais vulnerável aos impactos inflacionários -especialmente dos combustíveis. No entendimento do economista, a atividade pode até sair ganhando indiretamente de alguma forma com as eleições, e até com os concursos, mas continuará sendo duramente impactado pela escalada dos preços e do endividamento, assim como pelo desemprego e juros altos.

"As perspectivas para nossa economia vão depender da próxima reunião do Copom, do andamento da guerra entre a Ucrânia e a Rússia, e como vai se comportar a economia nacional. Vamos ver se essa queda que está se apresentando se mantém. Também não podemos deixar de falar na insegurança em relação ao fato de o novo decreto do IPI ainda não ter saído, e da suspensão dos créditos de ICMS em São Paulo. São fatores que geram instabilidade na Zona Franca", concluiu.

Virada de dezembro para janeiro rendeu uma queda de 0,5%, no reflexo da ômicron e incertezas econômicas.

Fonte: JCAM

Coluna do CIEAM Ver todos

Estudos Ver todos os estudos

Diálogos Amazônicos Ver todos

CIEAM | Centro da Indústria do Estado do Amazonas © 2023. CIEAM. Todos os direitos reservados.

Opera House