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Trégua nas demissões da indústria ainda não é tendência, dizem analistas

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15/01/2014

Em sequência ao movimento que já havia sido observado em outubro, o emprego industrial manteve-se estável em novembro, em relação ao mês imediatamente anterior e já feitos os ajustes sazonais. Apesar da trégua nas demissões registradas entre maio e setembro, o resultado não é visto por analistas como uma tendência para 2014. Com a expectativa para o aumento da produção ligeiramente superior à do ano passado, o setor deve manter o quadro de funcionários ou ainda demitir, dizem, mesmo que em ritmo menor que em 2013, para diminuir as pressões de custo da folha salarial.

No decorrer de 2013, o setor conseguiu recuperar produtividade principalmente à custa do emprego. De acordo com dados da Pesquisa Industrial Mensal de Emprego e Salário (Pimes), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no acumulado entre janeiro e novembro, o avanço foi de 2,6%, acima dos ganhos da folha de pagamento real, de 1,7%, na mesma comparação. Em 2012, a variação da produtividade não conseguiu cruzar a linha da trajetória de aumento dos salários, lembra Nelson Marconi, professor da Fundação Getulio Vargas (FGV). "Mas os salários continuam pressionando os custos", pondera. Por isso, o economista acredita que ainda haverá cortes neste ano.

A produção industrial, avalia, ajudada pelo setor externo e pela desvalorização cambial, pode avançar mais que em 2013, mais próximo de 2%, mas não o suficiente para puxar novas contratações. O gerente da coordenação de indústria do IBGE, André Macedo, afirma que, na prática, uma retomada consistente no emprego industrial só será possível se alinhada com trajetória sustentável de recuperação da atividade. Mesmo a estabilidade na comparação com outubro foi avaliada por ele como um "comportamento negativo do mercado de trabalho na indústria".

Em novembro, o aumento da folha real em 12 meses manteve a trajetória descendente iniciada em agosto e variou 2,38%, mais de um ponto percentual a menos do que o avanço de outubro (3,67%). A partir daquele mês, aliás, é possível ver uma redução mais significativa na ocupação, que se retrai, sobre igual período do ano anterior, há 26 meses. Em setembro, outubro e novembro, a ocupação na indústria cedeu 1,5%, 1,6% e 1,7%, respectivamente. As horas pagas, que costumam ser um indicador antecedente do emprego, caíram 2,2% sobre novembro de 2012 e em 11 de 14 locais pesquisados pelo IBGE. São Paulo foi indicado pelo instituto como principal influência negativa, com retração de 3%. O desempenho também foi disseminado entre os setores - 14 dos 18 registraram diminuição nas horas pagas, na mesma comparação.

Esse ajuste, porém, é bem vindo, diz Fernanda Guardado, do banco Brasil Plural, já que a indústria precisa equalizar seus custos e recuperar produtividade para conseguir ser mais competitiva e crescer. Para ela, contudo, o "aperto" mais severo já aconteceu e, por isso, o emprego deve oscilar entre estabilidade e ligeiras taxas negativas neste ano. O desempenho em outubro e novembro do indicador, avalia, podem ter sido reflexo do comportamento errático da indústria, cujo Produto Interno Bruto (PIB) nos três primeiros trimestres de 2013 foi de queda de 0,4% para alta de 2,2% e, finalmente, variação de 0,1%.

O recuo de 1,7% na ocupação contra novembro de 2012 também foi espalhado entre as localidades e setores da amostra do IBGE. Por regiões, as quedas mais expressivas foram observadas em São Paulo (-2,3%) e no Nordeste (-4,1%). Houve alta no emprego das indústrias de Região Norte e Centro-Oeste (1,4%) e em Santa Catarina (0,4%), na mesma comparação.

Entre os 18 setores, 14 cortaram vagas, entre eles produtos de metal (-6,8%), calçados e couro (-6,2%), máquinas e equipamentos (-3,8%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (-4,4%). Registraram aumento apenas os ramos de borracha e plástico (2,2%), alimentos e bebidas (0,9%), produtos químicos (0,9%) e meios de transporte (0,3%).

Fonte: Valor Econômico

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