14/01/2019
Gina Moraes de Almeida
Nos últimos anos, a Suframa (Superintendência da Zona
Franca de Manaus) tem sido palco de um festival de
nomeações políticas para beneficiar esse ou aquele partido e,
na maioria das vezes, nada agregou ao desenvolvimento do
modelo; ao contrário, estagnou-o ainda mais. Algumas
pessoas sem qualificação técnica, somente experientes no
toma lá da cá, apesar de hoje, mais do que nunca, o cidadão
começar a participar da vida do País e a prestar atenção no
desempenho de quem recebeu seu voto.
O nome disso é vivência política no sentido essencial desse
conceito. Política é a ciência da governança de um Estado ou
Nação e também uma arte de negociação para compatibilizar
interesses.
A sobrevivência do Amazonas e o desenvolvimento de novas
matrizes econômicas passam pelo fortalecimento do Polo
Industrial de Manaus, fortalecimento algumas vezes colocado
para escanteio, com a omissão de algumas das nossas
Entidades de Classe e da Bancada Política desunida e
enfraquecida.
Assumirá o comando da Suframa o coronel reformado Alfredo
Menezes, doutor em Planejamento e terceiro militar a assumir
a autarquia desde a sua criação. Esperamos que sua
experiência traga vida nova ao Polo Industrial e aos cidadãos
do Amazonas, que assistem impotentes à inércia, ineficiência
e politicagem que imperam naquela autarquia.
Um dos maiores desafios do novo superintendente está no
resgate da importância da Suframa para o desenvolvimento
da região e no trabalho para cicatrizar as fraturas expostas ao
longo das más gestões, como exemplo, o abandono das vias
do Distrito Industrial pelo poder público, a colocar todos os
dias em risco a vida das pessoas que por lá transitam, causa de
prejuízos a empresas e do nosso constrangimento.
Outra situação vexatória é a invasão das áreas destinadas à
implantação de projetos, que, na maioria dos casos, se
tornaram abrigo do crime organizado, ao invés de gerar
aumento de receita, emprego, desenvolvimento. A Suframa
precisa encontrar a força perdida ao longo dos anos.
A Amazônia Ocidental mais o Amapá compartilham 0,8% do
bolo de renúncia fiscal do Brasil. São os Estados mais pobres
da Federação e só o Amazonas tem onze entre os cinquenta
piores IDHs nacionais. Não é privilégio aplicar esse percentual
numa região imensa em sua geografia e recursos naturais com
uma população depauperada pelo descaso.
Incentivo fiscal, no nosso caso, passa a chamar-se de
contrapartida fiscal, autorizada pela Constituição Federal em
caso de regiões remotas e desprovidas de infraestrutura
adequada. Uma região diametralmente oposta à bonança do
Sudeste, a região mais próspera do Brasil, onde,
absurdamente, se usufrui de quase sessenta por cento do
montante fiscal.
Recolhemos para a União mais de cinquenta por cento da
riqueza aqui gerada e com apenas esse percentual de
contrapartida fiscal, geramos mais de dois milhões de
empregos ao longo da cadeia produtiva da ZFM. Os postos de
trabalho ocorrem, principalmente na região Sudeste, em
particular, no Estado de São Paulo.
Aqui no Norte, a redução da máquina pública tem outra configuração por conta da infeliz desigualdade regional, sobretudo da desigualdade social, onde milhares de pessoas dependem quase exclusivamente da mão do Estado. São Estados e Municípios que, para sobrevida de seus cidadãos, dependem totalmente do repasse da União, e, por não terem atividades econômicas, não têm condições, hoje, de serem superavitários, como é o caso isolado do Amazonas, onde Manaus contribui com mais de cinquenta por cento dos impostos federais e faz com que sejamos uma das oito unidades da Federação que mais recolhem impostos.
É momento de decisão, em que se faz obrigatória a mobilização regional e cabe ao Amazonas e ao seu governo recém-empossado, liderarem esse movimento de unidade e cumplicidade regional, sob o argumento motivador de que seja aplicada aqui a riqueza recolhida para a União E mais: aplicar em infraestrutura, em atividades sustentáveis, para possibilitar à economia também guiar-se pelo parâmetro socioambiental.
O Amazonas anseia por dias melhores. Não há mais tempo nem paciência para esperar. Missão dada tem de ser missão cumprida!