04/01/2019
Notícia publicada pelo site Amazonas Atual
O Decreto n° 9.660, assinado nessa terça-feira, 1°,
pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL), que vincula a Suframa
(Superintendência da Zona Franca de Manaus) ao Ministério
da Economia, divide os empresários da indústria no
Amazonas.
De um lado, o presidente do Cieam (Centro das Indústrias do
Estado do Amazonas), Wilson Périco, disse que vê a mudança
com “bons olhos”. Por outro, o presidente do Fieam
(Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), Antônio
Silva, armou que a medida causa preocupação.
A Suframa era vinculada ao Mdic (Ministério da Indústria,
Comércio Exterior e Serviços) desde 2016. Com a decisão, a
autarquia federal e outras 22 entidades passaram a fazer parte
do ministério comandado pelo economista Paulo Guedes.
Esperança e preocupação
De acordo com Wilson Périco, no Mdic a Suframa não tinha a
autonomia necessária para desenvolver as suas atividades
econômicas. O empresário exemplicou as diculdades
citando a lentidão no processo de aprovação dos PPBs
(Processo Produtivo Básico), o que impedia a atração de novos
investimentos à ZFM.
“Essa medida de criar um ministério onde toda atividade
econômica do país seja interligada sob uma linha de
pensamento, eu vejo com bons olhos e com muito otimismo,
principalmente para a nossa região”, disse Wilson Périco.
Questionado sobre as riscos de redução de incentivos e
renúncias fiscais, o empresário armou que as propostas
anunciadas por Paulo Guedes não se referem a Zona Franca,
mas a outros segmentos como o automobilístico, autopeças e
informática. Ele também armou que as mudanças nos
incentivos da ZFM só poderão ser feitas a partir da
Constituição Federal.
Diferente de Wilson Périco, o presidente da Fieam, Antônio
Silva, armou que está preocupado com as propostas do
Governo Bolsonaro de reduzir e mexer em incentivos fiscais.
Entretanto, Silva rearmou o que disse Wilson Périco sobre as
mudanças a partir da Constituição Federal.
“Eu acho que ele (Paulo Guedes) tem que ter um melhor
conhecimento sobre o nosso modelo, como nós atuamos. Uma
vez que renúncia fiscal não é a mesma coisa que incentivo fiscal. Primeiro, ele tem que entender o que é renúncia e o que é incentivo. De forma que nós estamos atentos, estamos
preocupados, sim”, afirmou o presidente do Fieam.
Antônio Silva também disse que já conversou com generais
que compõem o novo governo, entre eles o general Augusto
Heleno, que agora é ministro-chefe do Gabinete de Segurança
Institucional. “Já fizemos chegar aos generais a nossa
preocupação, generais este que compõem o governo federal e
que conhecem muito bem a nossa Zona Franca de Manaus, o
nosso modelo de desenvolvimento, porque já atuaram aqui no
Comando Militar da Amazônia, especficamente, como é o
caso do general Heleno”, disse Antônio Silva.
Remédios amargos
Para o Wilson Périco, “o país está doente e serão necessários
remédios amargos para curar essa doença”. A armação se
refere aos sacrifícios que poderão ser feitos pelas empresas a
partir das mudanças do novo governo.
“Esses remédios vão curar a vida de todo mundo. E nós temos que ter a resiliência par tomar esse remédio com a esperança de ser um país saudável amanhã. Para isso, nós temos que aceitar algumas mudanças que possam vir na certeza de ter um futuro melhor. O que não pode acontecer é como nós estávamos, sem conseguir a atração de novos investimentos”, disse o empresário.