18/05/2021

Paulo Takeuchi

Diretor executivo da Abraciclo

E-mail: ptakeuchi@ abraciclo.com.br

A recuperação da produção do setor de Duas Rodas é consistente e o resultado do primeiro quadrimestre projeta que poderemos crescer este ano, conforme a previsão anunciada: 10% no segmento de motocicletas e 12% no de bicicletas.

Porém, o setor ficará atento às dificuldades que a área industrial enfrenta com o desequilíbrio no mercado provocado pela pandemia no mundo todo.

Enfrentamos aumento expressivo de preços nas principais matérias-primas, como o aço, borracha, alumínio, plásticos etc., além da escassez desses materiais, o que gera desabastecimento dos principais insumos em toda a cadeia produtiva, dificultando ainda mais a gestão por parte dos empresários.

Não são poucas as dificuldades que as empresas enfrentam durante a pandemia.
Além das dificuldades de abastecimento e do aumento geral de preços, as indústrias também arcam com os custos adicionais da implantação dos protocolos de segurança sanitária em toda a cadeia produtiva, do apoio social e hospitalar aos colaboradores e suas famílias.

Neste cenário, têm de enfrentar, ainda, toda a insegurança jurídica e econômica que acontece no dia a dia da vida empresarial e que não permite planejamentos de mais de uma semana, em função de alterações constantes nas regras do jogo.

Com a falta de uma política industrial a curto e longo prazos surgem medidas do Governo que não só afetam o grau de confiança, inibem investimentos e a vinda de novas empresas ao País, mas também contribuem para a saída de empresas que não resistiram a tantas incertezas do rumo e de medidas para melhoria do ambiente de negócios.

Por outro lado, todas essas pressões e dificuldades estão unindo e fortalecendo as entidades de classes empresariais, que estão enfrentando, dialogando e negociando com o Governo, mostrando alternativas mais justas e coerentes para os negócios e para a sociedade em geral.

Nesse sentido, vale destacar as atuações em defesa do modelo da ZFM (Zona Franca de Manaus) pelas entidades FIEAM (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), CIEAM (Centro da Indústria do Estado do Amazonas), Eletros (Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos) e Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares), que não medem esforços para mostrar e defender a realidade da região e a importância do modelo para continuar gerando emprego e renda e com isso, contribuir cada vez mais para a preservação da
floresta amazônica.

Se houvesse melhor entendimento e compreensão da importância da preservação da floresta, o PIM (Polo Industrial de Manaus) já teria muito mais crédito do que qualquer eventual renúncia fiscal, muito mais crédito do que qualquer outro estado da Federação e do que muitos outros países desenvolvidos que, além de não terem preservado as suas florestas, continuam contribuindo muito mais para poluir a natureza por meio de emissões de CO2 (gás carbônico) de seus veículos, pois não usam o etanol e outras fontes de geração de energia limpas como as nossas, que são essencialmente hidrelétricas e eólicas.

Ainda não conseguimos quantificar e mostrar ao mundo o quanto de crédito já acumulamos e quanto mais ainda poderemos continuar acrescentando, enquanto mantivermos nosso parque industrial ativo e forte, produzindo e gerando mais empregos.

Por tudo isso, acredito que somos muitos resistentes e perseverantes. Seria muito mais fácil desistir, mudar de atividade ou de país, mas somos resilientes e otimistas também. Ainda sonhamos que teremos a BR-319 asfaltada, que as reformas tributária e administrativa serão aprovadas ainda este ano e que teremos um novo ambiente de negócios, pois toda a população será toda vacinada até o final do ano. Mas, e se nada disso não acontecer? Paciência, continuaremos trabalhando e insistindo para que um dia aconteça, pois enquanto houver vida, existirá a esperança.