06/11/2013
Segundo Lacerda, a desindustrialização representou uma mudança estrutural na economia brasileira e, por conta disso, trata-se de um processo que precisa de um prazo mais longo para ser revertido.
Na sua avaliação, para a melhora do quadro de desindustrialização relativa há a necessidade de mudanças em alguns campos fundamentais. Além de um ambiente macroeconômico mais favorável à competitividade da indústria (por meio de câmbio, juros e resultado fiscal), ele defende uma política industrial que estimule determinados setores, um ambiente regulatório que permita mais avanços na infraestrutura e um processo, que depende das próprias empresas, chamado por ele de “revolução na gestão”.
“As empresas vão precisar aumentar a produtividade, rever seus processos, inovar e automatizar mais. É uma lista desafiadora. Não adianta fazer mais do mesmo”, afirmou.
Lacerda analisou recentemente que, de 2004 a 2012, houve grande descompasso entre as vendas do varejo e a produção da indústria nacional. Segundo ele, o consumo representado pelas vendas reais no varejo cresceu 90%, enquanto a produção industrial no mesmo período aumentou somente 16%. Não há dúvidas, portanto, de que o aumento do consumo do país em grande medida foi abastecido nos últimos anos sobretudo pelas importações e em escala muito menor pela indústria nacional.
Para o professor, o problema maior para o país é que esse processo de perda de importância da indústria rebate na balança comercial, especialmente no déficit de manufaturados, hoje em torno de US$ 100 bilhões. “Não reflete na balança comercial total porque ainda temos superávit em grãos”, afirma. No entanto, alerta para o fato de que o mercado internacional não está mais tão bom para as commodities e já há reflexos dessas mudanças no déficit em conta corrente, que vem crescendo. “E isso é uma trajetória insustentável. Nenhum país pode permanentemente ampliar seu déficit em conta corrente. Então, não vejo outra saída a não ser uma correção pelo lado cambial”, destacou.
“Toda essa calmaria que a gente está vendo no câmbio é transitória. Ano que vem vamos ter pressões tanto internas quanto externas”, citou, lembrando impactos também da possível retirada dos estímulos monetários do Federal Reserve (Fed), para a economia americana. Isso deve provocar, segundo ele, uma valorização do dólar.
Fonte: Valor Econômico