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Smartphones: os campeões de vendas

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19/12/2016

Depois de irem a nocaute, as vendas de smartphones começam a esboçar reação. No segundo trimestre do ano passado, o faturamento da categoria ficou estável e, desde então, passou a acumular quedas sucessivas. Foram 10 meses de performance negativa até que, em abril deste ano, o resultado saiu da lona ao ostentar avanço simbólico de 0,7% em receita. De acordo com o último levantamento divulgado pela empresa de pesquisas GfK, que analisou o desempenho do mercado entre janeiro e agosto de 2016, a comercialização de celulares inteligentes acumulou alta nos últimos cinco meses do período e deve encerrar o ano com crescimento de 12%, totalizando R$ 45 bilhões em faturamento.

Dados da empresa de inteligência de mercado e pesquisas IDC Brasil também sinalizam que as dificuldades ficaram para trás. Após amargar cinco trimestres de quedas sucessivas, a comercialização de smartphones voltou a registrar números positivos. Entre julho e setembro deste ano, foram vendidos mais de 12,5 milhões de dispositivos, sendo 11 milhões de smartphones e 1,4 milhão de feature phones. Esse desempenho é 7% maior do que o apresentado no mesmo período de 2015 e 4% superior quando comparado com o trimestre anterior. Em receita, o segmento faturou R$ 10 bilhões no período.

“Os smartphones foram os menos impactados pela crise. A categoria foi a última a sentir os seus efeitos e a primeira a esboçar reação”, constata Renato Citrini, gerente sênior de produto da divisão de dispositivos móveis da Samsung Brasil. Os ganhos em receita têm minimizado a retração em volume. No acumulado de setembro de 2015 a agosto último, as unidades comercializadas caíram 24%, apesar do crescimento de 10% em valor, reflexo do aumento de 42% no preço médio dos smartphones, informa a GfK. Dos três modelos mais vendidos, de dezembro do ano passado a maio de 2016, a variação de preço foi de 10%, 11% e 2%, respectivamente.

Crescimento em valor

Embora essa valorização possa soar como perniciosa em meio à contenção de gastos adotada pelos consumidores durante a crise, a demanda dos brasileiros por produtos com maior valor agregado tem ajudado o mercado a se reerguer. Por conta do reajuste nos preços, o segmento de telefonia, que inclui aparelhos fixos e celulares, ganhou importância do ano passado para cá. A categoria – representada quase na totalidade por smartphones – subiu 4 pontos percentuais em importância, saindo de 38% de participação, entre janeiro e agosto de 2015, para 42% no mesmo período deste ano. Nesse intervalo, o faturamento total dos bens duráveis foi de R$ 56 bilhões.

A evolução do segmento se reflete no perfil das vendas. Os produtos com preço acima de R$ 1.000 já são responsáveis por mais de 50% do faturamento do mercado. A IDC registrou movimentação nos modelos topo de linha, com crescimento na demanda de aparelhos premium, o que elevou a concorrência na faixa dos R$ 3 mil. Por conta da relevância do produto, a indústria conseguiu contornar a necessidade de ajuste dos preços, provocada pelo repasse cambial e suspensão da Lei do Bem, que, depois de 10 anos, restituiu a cobrança do Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins) da categoria.

Em suma, o smartphone não ficou mais caro, o portfólio é que ficou melhor. “O preço aumentou, mas a indústria e o varejo justificaram o porquê. Os aparelhos vendidos hoje são muito melhores do que aqueles comercializados há um ano: eles vêm com resolução HD ou mais; câmera traseira de, pelo menos, 8 MP e frontal de 5 MP; tela superior a 5’’; e 60% deles têm funcionalidades interessantes. Para aumentar o valor do produto, os fabricantes tiveram de oferecer um mix melhor”, conta Oliver Römerscheidt, líder da unidade de negócios para a indústria de tecnologia da GfK.

Em maturação

“O mercado de smartphones está retomando seu crescimento após a crise político-econômica, que ainda é sentida no Brasil. Muito dessa retomada fica por conta do consumidor brasileiro, que gosta de tecnologia e das novidades em aparelhos apresentadas todos os anos. Percebemos que ele está cada vez mais disposto a investir em produtos que atendam às demandas de seu dia a dia e reconhece que o valor pago compensa”, diz Marcelo Santos, gerente de produtos da divisão de mobile communications da LG Electronics do Brasil.

A indústria e as empresas de pesquisas são unânimes ao constatar que, no caso dos smartphones, o comportamento de consumo durante a crise é inverso ao de outras categorias em que o consumidor prioriza preço. Na avaliação da diretora de marketing da Sony Mobile do Brasil, Ana Peretti, isso reflete a maturidade do mercado local, uma vez que os brasileiros, depois de terem adotado massivamente a utilização do produto, entre 2011 e 2014, preterem aparelhos com funcionalidades básicas. “A penetração da categoria está cada vez maior. Em 2015, 65% dos usuários de celulares tinham smartphone. A tendência é que eles procurem modelos com recursos melhores.”

“O consumidor entende de tecnologia, faz pesquisas e sabe identificar um produto de qualidade, com o melhor custo-benefício e que atenda às suas necessidades”, diz Fernando Japp, consultor de negócios da BLU Brasil. Como consequência, ele reconhece valor nos recursos oferecidos pelos smartphones e aceita desembolsar mais por eles. Assim, os financiamentos se tornam importante modalidade de pagamento para a categoria. Segundo levantamento da Shopping Brasil, empresa do grupo GfK que mensura anúncios impressos e online, a divulgação dessa modalidade de pagamento para o produto cresceu 10 pontos percentuais, com 27% de participação do total de propagandas veiculadas.

“Na hora da compra, o brasileiro já tem uma faixa de preço em mente, mas está aberto a ouvir propostas. Com a oportunidade de parcelamento, se o valor cabe no seu bolso, o consumidor está, sim, disposto a investir mais”, avisa Renato, da Samsung. Muito por conta da necessidade de crédito, os consumidores recorrem às lojas de eletromóveis, principalmente depois que as operadoras deixaram de centralizar a comercialização do produto, em 2012. Esse canal vem se firmando como principal opção para o consumidor, segundo a GfK, com aumento de 11% nas vendas em valor, na comparação de janeiro a agosto deste ano frente ao mesmo período do ano anterior.

Preferência nacional

Como o mercado nacional é grande e diverso, o importante é ter opções para oferecer aos consumidores. Praticamente, essa é a postura adotada pelos fabricantes com atuação no País, embora o segmento premium venha ganhando penetração. “Nas pesquisas que realizamos e ao analisar dados de mercado, notamos que diversos usuários priorizam determinadas características para a compra de um smartphone”, informa Marcelo, da LG. A experiência é prioritária, e um telefone mais barato pode não atender a necessidades como o funcionamento adequado de um aplicativo ou a qualidade das fotos.

Como telefonar é o papel menos desempenhado por esses aparelhos, hoje em dia, telas superiores a 5’’ e com, no mínimo, resolução HD, adequadas para o consumo de vídeos e jogos, despontam como característica relevante. Capacidade fotográfica também é muito importante. “O smartphone é a principal câmera que os consumidores usam para registrar momentos especiais. Com isso, existe uma preocupação, não somente com a quantidade de megapixels, mas com funções adicionais que permitem, por exemplo, boas fotos mesmo em baixa condição de luz ou em movimento”, diz Ana, da Sony. Modelos com esse perfil respondem por mais de 70% das vendas.

No Brasil, outra particularidade é que os smartphones são sinais de status. Por isso, o design acaba sendo importante. “O consumidor está mais exigente em relação a isso e busca aparelhos com acabamento em metal e vidro”, acrescenta Renato. Na hora da compra, os brasileiros atentam não apenas para a aparência e recursos do produto, mas também para o seu desempenho. Mesmo sendo aspectos mais técnicos, que exigem maior conhecimento, a capacidade do processador e a memória são alguns dos requisitos considerados durante a escolha de um aparelho. “Baterias que proporcionam maior autonomia, tecnologia de hardware embarcada e maior resistência são outras tendências”, acrescenta Fernando, da BLU.

A conexão 3G foi um dos features deixados para trás. A participação dos aparelhos 4G nas vendas de smartphones saltou de 31%, entre janeiro a agosto de 2015, para 74% no mesmo período de 2016, de acordo com a GfK. Em faturamento, essa migração foi incrementada em 239%. A evolução do mercado tem oxigenado os resultados do varejo, mas, com a maturidade, os desafios são maiores. Avanços de dois dígitos são mais difíceis de se conseguir até o surgimento de novas tecnologias disruptivas. Por conta dessa consolidação, em 2017 o mercado deve cair em consequência da acomodação do faturamento dos smartphones, que deve encolher 3% devido à estabilidade dos preços. Na estimativa da GfK, as perdas do segmento de tecnologia serão de 7% em valor, com receita de R$ 71 bilhões. É evidente que, sozinhos, os smartphones não conseguem mais sustentar o mercado de bens duráveis, mas ainda há boas oportunidades.

Fonte: Portal Eletrolar

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