30/04/2014
Segundo o presidente da Força Sindical do Amazonas, Vicente Filizzola, a ocorrência da greve e a dimensão que ela terá serão decididas em uma reunião realizada dia 7 de maio em Belo Horizonte, contando com a participação dos representantes da Força Sindical de vários Estados, entre eles o Amazonas. “Devemos falar sobre isso em nossa festa que ocorre dia 30. Mas a decisão sairá no dia 7, se participaremos com greve, ou apenas uma manifestação, ainda será decidido. Ainda temos questões específicas para discutir com os sindicatos”, comenta.
Vicente Filizzola explica que em 2010 foi realizada uma reunião com todas centrais sindicais e candidatos a presidência e que a presidente Dilma não cumpriu os acordos firmados. “A principal reivindicação dos trabalhadores hoje é com relação à economia. O PIB brasileiro está zerado. A pesquisa do IBGE mostra que o país não emprega quase ninguém. Em cima disso, das pautas trabalhistas, que o governo nesse período todo não levou a sério, como a questão da redução da jornada de trabalho, fim do fator previdenciário que afeta quem vai se aposentar e quem esta se aposentando. Várias pautas relativas a isso que estão no congresso e não são votadas”, explica.
Segundo a Força Sindical Nacional as principais reivindicações do movimento são a valorização do salário mínimo, o fim do fator previdenciário, se posicionar contrário a terceirização total, contra as demissões imotivadas, aumento real para aposentadoria, direito de negociação para o setor público e redução na jornada sem corte de salário. “A idéia é fazer uma greve por tempo pré-determinado. Por 48 horas, para chamar atenção a essas questões, se aproveitando do momento da Copa que o mundo esta de olho no país”, explica.
Já a CUT/AM (Central Única dos Trabalhadores do Amazonas), descartou a possibilidade de greve, ressaltando que no máximo seria apoiado um protesto ou manifestação. O assessor de comunicação do Sindmetal (Sindicato dos Metalúrgicos do Estado do Amazonas), George Curcio, destacou que o sindicato não deverá participar da greve, pois considera um ato político. “Estamos vinculados a CUT e consideramos isso um movimento político e não trabalhista, por isso não iremos aderir a greve”, informou.
Especialista analisa postura política
O cientista político, Carlos Santiago, explica que ambos os sindicatos adotam posturas diferentes durante esse período eleitoral por causa dos partidos que o apoiam. Carlos lembra que a CUT esta vinculada ao PT, partido da presidente Dilma Rousseff, por isso não se posiciona nessas questões enquanto outras centrais sindicais “tem um posicionamento mais de conflito, de crítica, de paralisação, como forma de desestabilizar o próprio governo dentro do ambiente político. O fator político também existe, o confronto de forças partidárias que controlam sindicatos”.
No entanto Carlos Santiago, que também é advogado, explica que para que haja greve é necessário ter todo um amparo legal e que a influência política não descaracteriza as reivindicações cobradas. “A greve tem dois elementos: o jurídico e político. O momento político é usado para que as categorias tenham suas solicitações atendidas, mas a greve só pode ocorrer desde que se cumpra o ritual, comunicado, discussão prévia. Então se a greve for legal, ela tem validade, mesmo com essas influências externas”, destaca.
O especialista em política também destaca que não vê grande força eleitoral nos movimentos grevistas. Servindo o momento mais como pressão para ter as pautas atendidas do que influenciar no resultado de eleições. “Não vejo tanta força eleitoral no movimento grevista. Até por que se utilizam das duas formas de ataques, o outro lado acusa de baderna, sabotagem. O que poderia surtir efeitos no resultado das eleições seriam movimentos mais desligados dos sindicatos e classes, como o que o correu em junho do ano passado, que reivindicou a favor da mudança da cúpula da política brasileira. Tanto que na época os índices de aceitações dos atuais governantes caíram bastante”, opina.
Fonte: JCAM