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Setores com desempenhos distintos

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02/03/2022

Motores da indústria incentivada, os segmentos eletroeletrônico e de duas rodas do PIM, fecharam com faturamento no azul segundo os dados dos Indicadores de Desempenho do Polo Industrial de Manaus, compilados e divulgados pela Suframa. Números do IBGE, Abraciclo e Eletros mostram, no entanto, situações divergentes para os subsetores, com vantagem apenas para o segundo, em nova gangorra entre ambos. Em paralelo, os números da autarquia federal confirmaram a recuperação do polo relojoeiro e ganhos para os componentistas.

Por trás da diferença nos desempenhos está a forma do consumidor reagir a um ambiente com inflação e juros mais carregados e a reabertura de serviços pelo avanço da vacinação. Embora os fatores macroeconômicos tornem o crédito mais caro, os consumidores de veículos de duas rodas sinalizam mais disposição às compras, ao verem no veículo uma solução para fugir da pandemia ou até de ganhar a vida. Já o aumento de circulação de pessoas contribuiu para tirar de casa o consumidor potencial de eletroeletrônicos -que teve seu boom em períodos de isolamento social.

A Suframa informa que o faturamento em dólar dos polos eletroeletrônico (US$ 6.23 bilhões) e de duas rodas (US$ 3.71 bilhões) subiram 10,47% e 31,53%, respectivamente, na comparação do acumulado dos 12 meses de 2021 com o exercício anterior. Condicionadores de ar do tipo split system (+12,28% e 5.883.771), e motocicletas, motonetas e ciclomotores (+25,78% e 1.215.775) e bicicletas -inclusive elétricas (+11,85% e 743.268), entre outros produtos, colecionaram os melhores desempenhos de produção. Uma surpresa positiva veio do polo relojoeiro (US$ 207.57 milhões), que conseguiu voltar a crescer em 2021 (+15,12%), após atravessar três anos seguidos de vendas no vermelho -especialmente o tombo de 43,07% em 2020. Tanto que relógios de pulso e de bolso apresentaram acréscimo de produção de 40,54% no acumulado do ano, totalizando 7.374.698. Em paralelo, segmentos que fornecem partes e peças para os fabricantes de bens finais também avançaram. O polo termoplástico (US$ 2.44 bilhões) cresceu 45,16%% e o metalúrgico (US$ 2.46 bilhões), subiu 31,57%.

Quando a análise passa do faturamento para a venda, a situação muda. O IBGE aponta que o ano se encerrou confirmando um quadro predominantemente positivo para a indústria do Amazonas. Mas, enquanto "outros equipamentos de transporte" (+29,7%) mostrou um dos melhores índices de crescimento da lista, a divisão equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-7,7%) confirmou queda, a despeito do acréscimo em máquinas e equipamentos (+21,4%) -que inclui aparelhos de ar--condicionado e distribuidores automáticos de papel moeda.

"Mercado estocado"

A situação é pior para os eletrônicos, quando se verifica a dinâmica na ponta do consumo. Segundo a Eletros (Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos), o subsetor fechou 2021 com o primeiro resultado negativo em quatro anos. As fábricas venderam 94,1 milhões de aparelhos ao varejo, 7,2% a menos do que em 2020. A maior queda se deu na linha de TVs (-15,8%), seguida por eletroportáteis (-7%) e eletrodomésticos da linha branca (-4,9%). A exceção veio dos aparelhos de ar-condicionado (+7,2%), que viram o ritmo diminuir ante 2020 (+30%).

Depois de crescer 5% em 2019, e repetir a performance no ano seguinte, o subsetor estava mais otimista no ano , com a vacina e aguardava um resultado no mínimo igual ou até uma alta de 10%. A expectativa era embalada pelo incremento de dois dígitos no primeiro semestre. Mas, a situação se inverteu na segunda metade do ano, com tombos significativos nas variações anuais do terceiro (-16%) e do quarto (-28%) trimestres.

A queda deve seu impacto à perda de poder de compra do consumidor pela inflação, assim como ao efeito da escalada dos juros nos crediários. A pressão de custos de produção, pelas altas do aço, energia e dólar deixou os eletroeletrônicos mais caros e menos vendáveis. Em entrevista anterior à reportagem do Jornal do Commercio, o presidente da Eletros, José Jorge do Nascimento Júnior também já havia antecipado que, com a reabertura dos serviços, o subsetor esperava maior concorrência destes pela cada vez mais restrita renda do consumidor -o que de fato aconteceu.

Em matéria do Jornal Estado de São Paulo, o presidente da Eletros assinalou que o resultado de 2021 foi "uma frustração", já que conseguiu ser pior do que do primeiro ano da pandemia. Segundo Nascimento Júnior, o mercado continua "fraco" e que o varejo está "bem estocado". Por conta disso, há indústrias de áudio e vídeo que já deram férias coletivas em janeiro, para enxugar a produção. Sem arriscar números de projeção, o dirigente diz que a expectativa é que o Dia das Mães e a Copa do Mundo ajudem a reaquecer o mercado, ainda neste semestre.

“Demanda crescente"

Números da Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares) indicam um cenário diferente para a produção de motocicletas do PIM, que fechou 2021 com 1.195.149 unidades e 24,2% de expansão sobre 2020 (961.986). Embalada pelo placar de dois dígitos, a entidade projeta alta de 7,9% para 2022, elevando os números do Polo Industrial de Manaus, para 1.290.000 motocicletas. A avaliação é que o mercado segue demandante, a despeito das crises sanitária, econômica e logística, além da aproximação das eleições.

Em texto distribuído por sua assessoria de imprensa, o presidente da Abraciclo, Marcos Fermanian, diz que a meta (1.220.000) só não foi atingida em função dos efeitos da segunda onda em Manaus -que gerou corte de produção de 100 mil motocicletas -e pelas restrições nas linhas de produção para evitar o contágio da Covid-19. O maior distanciamento entre os postos de trabalho é apontado pelo dirigente como fator que aumenta o tempo de fabricação, embora ele ressalte que todas as medidas estão mantidas, "pois a prioridade é a saúde e segurança do colaborador".

Da mesma forma, as vendas só não são maiores por falta de produto. "As limitações nas linhas de montagem fizeram com que, em 2021, tivéssemos dificuldade em atender à demanda crescente. Hoje a fila de espera é de cerca de 30 dias para modelos de baixa cilindrada e scooters. Mas, a tendência para os próximos meses é de normalização. Todas as associadas estão se esforçando para atender ao consumidor que espera, quer e precisa de uma motocicleta nova", amenizou.

Entre os fatores citados para explicar a maior demanda estão o avanço dos serviços de entrega e o maior uso da motocicleta nos deslocamentos urbanos -em razão da alta dos combustíveis e da disponibilidade de crédito. "Esperamos um cenário mais estável neste ano, para conseguirmos atingir novamente os patamares de 2015, quando a produção ficou na casa do 1,2 milhão de unidades", encerrou.

Números do IBGE, Abraciclo e Eletros mostram nova gangorra entre os subsetores eletroeletrônico e duas rodas.

Fonte: ESPECIAL 55 ANOS ZFM - JCAM

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