03/09/2014
De acordo com o diretor de política industrial da Aficam (Associação das Indústrias e Empresas de Serviços do Polo Industrial do Amazonas), Jhones Lima o que acontece à Honda, causa temor ao setor que emprega mais de 10 mil colaboradores. “Por ser a nossa maior compradora, as paralisações na Moto Honda, também representam a paralisação quase total do nosso segmento. O risco de encerramento dos negócios de muitas empresas é alto. O primeiro semestre do ano já foi difícil, o primeiro do próximo ano é uma incógnita, mas tememos o pior, como demissões no polo de duas rodas, que impactaria toda a cadeia produtiva e de bens finais”, afirma.
O setor de componentes que tem cerca de 20 empresas voltadas ao polo de duas rodas e produz blocos, freios, embreagens, chicotes, cabos, estamparia, plásticos e outras, tem sentido diretamente os efeitos das constantes paralisações ou reduções de produção da indústria. A Showa do Brasil, que produz peças para reposição e amortecedores para a Yamaha e Moto Honda e emprega 1,2 mil trabalhadores, há dois anos readequa seus quadros para não demitir.
Segundo o supervisor de RH da Showa, Daniel Braga, a manutenção de empregos se encontra no limite. “Não está em nossos planos demitir. Mas temos nos adequado a esses tempos, reduzindo produção e carga horária, acompanhando a retração da indústria,” disse Braga.
Para a Denso Industrial da Amazônia, outra fabricante de componentes, a situação é um pouco diferente. A não dependência exclusiva do polo de duas rodas e principalmente da Moto Honda, tem garantido a manutenção da empresa. Com isso as demissões parecem não afetar o quadro de 285 colaboradores, justifica o assistente de RH da empresa. “A parceria com outros setores, nos permite manter o funcionamento de nossas máquinas. Se nosso foco fosse apenas o polo de duas rodas, demitir seria inevitável,” finaliza.
Sem demanda
Para o presidente da Aficam, Cristovam Marques, a falta de encomendas para o setor é preocupante, porque afeta toda a cadeia produtiva e os empregos gerados. “As empresas de componentes não têm nenhum pedido significante de peças por parte das montadoras até dezembro, o que pode gerar demissões em um futuro próximo. Por enquanto a saída é diminuir o ritmo para não fechar,” conta. Para Marques, fortalecer o setor de componentes deveria estar na pauta das lideranças empresariais do Amazonas. “Mais 50 anos de ZFM sem componentes fabricados aqui, afetariam os bens finais.
Com o tempo o PIM pode se transformar em um novo Panamá, que tem uma Zona Franca que serve apenas de depósito”, fecha.
Confiança no crescimento
Também ligado ao Polo de duas Rodas no Amazonas, o setor de termoplásticos demonstra certa tranquilidade em meio a crise. Para o diretor-executivo do Simplast (Sindicato da Indústria de Materiais Plásticos do Amazonas) Paulo Abreu, a situação não é tão grave. “Ainda resta à Honda quatro dias produtivos, em que compensam os dias paralisados, enquando tudo se normaliza”, resume Abreu.
Ainda de acordo com o diretor, se há algum prejuízo para os termoplásticos, este vem em cascata desde a esfera macroeconômica. “A expectativa de um PIB (Produto Interno Bruto) baixo e do crédito dificultado, acaba influenciando na compra dos componentes pelas montadoras. Acreditamos no crescimento do setor no segundo semestre e que teremos um bom plano econômico no próximo governo”, disse Abreu.
Fonte: JCAM