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Setor fatura mais produzindo menos

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01/04/2014

Ao contrário das motos, o segmento de bicicletas na ZFM (Zona Franca de Manaus) segue em marcha acelerada, com faturamento em alta. De acordo com a Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares) 20% da produção nacional de bicicletas estão concentradas no PIM (Polo Industrial de Manaus). Houve uma inversão de mercado, que evoluiu na sofisticação do gosto popular. Hoje a preferência é por modelos com design arrojados, agregando equipamentos que trazem conforto e segurança aos condutores das “magrelas”. Antes, os preços variavam de R$ 300 a R$ 1.500. Hoje, dependendo do modelo, podem chegar a R$ 35 mil, e a procura é grande.

Apesar de gerar cerca de 4 mil empregos e produzir uma média anual de 1 milhão de unidades no polo de bicicletas em Manaus, as empresas do ramo experimentam queda em produção e vendas. Entretanto, o diretor executivo da Abraciclo, José Eduardo Gonçalves, afirma que a tendência é de crescimento por diversos fatores. 

Entre eles, a chegada da marca Houston. “Atualmente, a fábrica está em processo de implantação em Manaus. A meta de produção da Houston é alto, algo em torno de 450 mil unidades/ano. Dando condições de evoluir para o maior Polo Industrial, superando o asiático, em produção de bicicletas”, informou.

De acordo com Gonçalves, a produção de bicicleta vem recuando nos últimos dez anos, cerca de 5 milhões de unidades/ano para 4,5 milhões. Trata-se da adequação da demanda de mercado de um produto barato para outro com maior valor agregado. “Houve uma sofisticação na preferência popular, que busca por maior conforto. As bicicletas com design arrojado, produzidas com material mais leve como alumínio e fibra de carbono, suspensão dianteira e traseira e agregando acessórios ao modelo escolhido”, disse. 

Além do exposto, o diretor da Abraciclo reiterou que no momento está sendo apreciado o projeto de atualização do PPB (Processo Produtivo Básico) da bicicleta, submetido ao CAS (Conselho de Administração da Suframa). Caso seja aprovado, irão tornar as “magrelas” já produzidas no PIM mais competitivas em termos de material nobre e de design, agora mais arrojado. “Solicitamos atualização do PPB para adequar a nova demanda de mercado”, finalizou.

Dados de produção, venda e faturamento dos principais produtos, divulgados pela Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus) revelam um panorama de crescimento na preferência do consumidor por bicicletas, inclusive elétricas, de alta performances justificando os valores bem superiores aos das tradicionais “magrelas”, podendo chegar a R$ 35 mil. 

Em 2013 a produção foi de 797.252 unidades contra 913.145 unidades em 2012, na comparação houve uma queda de -12,69%. Da mesma forma, ocorreu com o volume de vendas 782.797 unidades no ano passado contra 923.483 no ano imediatamente anterior, queda acentuada de -15,23%. 

Porém, o inverso aconteceu com o faturamento que obteve alta de 7,09% em 2013 com valor total R$ 324,2 milhões na comparação com R$ 302,7 milhões registrados em 2012. Confirmando a nova tendência de mercado, com consumidores que preferem investir mais alto para adquirir uma “magrela” de alta qualidade. 

Ainda segundo a Superintendência, os resultados devem melhorar com a chegada da bicicleta elétrica. Empresas como CR Zongshen, Dafra e Kasinsk já têm o modelo elétrico em suas linhas de produção. Houston e Caloi estudam investir no nicho enquanto a Sense Bike da Amazônia e a Ox da Amazônia têm projetos aprovados no CAS (Conselho de Administração da Suframa) para iniciar a produção no PIM. “Só a Houston fez, no ano passado, um aporte de R$ 65 milhões para produzir bicicleta elétrica no Polo Industrial”.

Bicicletas elétricas regulamentadas

No final do ano passado, o Contran (Conselho Nacional de Trânsito) publicou no DOU ("Diário Oficial da União") um conjunto de regras e especificações para a utilização de bicicletas elétricas em vias públicas no Brasil. Até então, a resolução nº 375 regulamentava o tráfego desses veículos, que os equiparava aos ciclomotores. 

Segundo o diretor da Abraciclo, a partir de agora, a lei passa a enquadrar as chamadas bicicletas elétricas com pedal assistido - e sem acelerador - às convencionais, de propulsão humana. “Com isso, não será necessário licenciamento para utilizá-las, o que deve incentivar mais o uso do produto, principalmente para trabalho”, disse Gonçalves.

Para entender o que mudou, é necessário se familiarizar um pouco com o mundo das “magrelas” elétricas. Alguns modelos requerem continuamente o apoio do motor, já em outros, chamados Pedelecs, a força principal deve vir do ciclista e o motor funciona apenas como uma ajuda extra. Alguns modelos ainda possuem sistema de aceleração manual e outros com acionamento pelo próprio pedal em um sistema batizado de PAS (Pedal Assistant System).

Mercado

Sem reservas, as lojas do ramo comemoram a demanda crescente por “magrelas”. Os empresários apostam em crescimento de até 10%, o que tem mantido o setor aquecido. No mercado local, o consumidor pode encontrar preços que variam de R$ 250 a R$ 35 mil, dependendo do modelo e do material utilizado na fabricação da bicicleta.

Na opinião de José Eduardo Gonçalves, o setor de duas rodas terá retração com a Copa do Mundo, quando a procura dos produtos eletroeletrônicos aumenta. Por isso a estratégia está em avançar no fechamento dos negócios até o mês de maio, sabendo que no meio do ano vai haver queda nas vendas. “Historicamente, há uma demanda focada do consumidor em televisores. Indústria e concessionárias mantém o foco para avançar nos negócios, para equilibrar o resultado final do ano”, estimou.

Fonte: JCAM

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