26/09/2018
Notícia publicada pelo Diário Comércio Indústria & Serviços
O vácuo de novos empreendimentos
de geração, entre
2020 e 2022, preocupa a indústria,
apesar do sucesso dos leilões
de energia realizados em
2018. Certames também atraíram
investimentos para os
segmentos de transmissão e
distribuição.
“Os leilões de geração tiveram
bons resultados, mas
ainda não resolvem os problemas
da indústria. Por reflexo
da crise, há uma perspectiva
de baixa entrega nos
próximos anos”, aponta diretor
da Excelência Energética,
Erik Eduardo Rego. Ele destaca
que em 2016 e em parte de
2017 houve baixo volume de
contratação nos leilões de
energia nova. “Vão entrar
projetos de energia solar e
pequenas centrais hidrelétricas,
mas pouco volume, e
uma total ausência de energia
eólica.” Para o especialista,
a preocupação maior não
é com o fornecimento, mas
com a atividade da indústria.
“Devido à crise e à redução
do consumo, a demanda teria
que subir muito acima do
esperado para ocorrer falta
de abastecimento. O problema
maior é a desmobilização
da indústria, a falta de atividade
causar perda de competitividade
e de inteligência
técnica”, explica Rego.
Para o consultor de negócios
sênior da Safira, Josué
Ferreira, há um impacto para
os fabricantes de componentes.
“Para o produtor das hélices
e torres eólicas, por exemplo,
é uma defasagem.
Dificulta a expansão ou maiores
ganhos. Impacta de forma
direta, talvez até nas próprias
margens.” Em relação aos resultados
de 2018, Ferreira avalia
os leilões positivamente, levando
em conta o atual
cenário. “Considerando que
houve um crescimento moderado
na carga e também o momento
confuso na economia e
politica, o ano foi bom.”
Em 2018, ocorreram dois
grandes leilões de energia nova:
o A-4 (referente a usinas
que entram em operação comercial
em até quatro anos),
que somou R$ 6,74 bilhões em
contratos, equivalentes a um
montante de 54.094.749,6/
MWh de energia, e o A-6 (em
até seis anos), que totalizou
R$ 23,6 bilhões em contratos,
equivalentes ao montante de
168.033.684/MWh de energia.
“Os dois leilões tiveram bons
resultados, com destaque para
a energia solar. Essa fonte reduziu
seus custos e tornou-se
bem competitiva em relação a
leilões passados”, diz Ferreira.
Já diretor da Excelência
Energética destaca negativamente
o desempenho das usinas
hidrelétricas. “Não houve
nenhum grande projeto, mesmo
sem reservatório. A constatação
é de que o setor tem de
estar preparado para um crescimento
sem essa fonte.”
Transmissão e Distribuição Os especialistas consideram como bem-sucedido o leilão de transmissão, realizado em junho. “Foi bem competitivo. Foram 20 lotes e todos tiveram lance”, afirma Ferreira. Na ocasião, o certame conferiu às empresas vencedoras o arremate de 2.562 km de linhas de transmissão e de 12.226 megavolt-amperes (MVA) de potência de subestações. Na última sexta-feira (21), foram assinados os contratos de concessões das linhas. “Ficou aqui evidenciado o extraordinário interesse de empresas pelos lotes leiloados. Obtivemos o maior deságio em vinte anos, o que significa tarifas mais baratas com regras previsíveis e racion a i s”, declarou o presidente Michel Temer, durante o evento. Existe previsão para mais um leilão de transmissão em dezembro. “A expectativa é boa, embora tenha lotes mais complexos. A atratividade deve ser alta”, acredita Ferreira.
Já no segmento distribuição,
a Eletrobras conseguiu leiloar
quatro das seis empresas deficitárias
que operam no Norte e
Nordeste do País. “Só houve
interesse de um empreendedor
por distribuidora, cada um
olhando para a sinergia de
seus próprios negócios. O interessante
é que nenhum ativo
deixou de ser vendido”, afirma
a diretora da Thymos Energia,
Thais Prandini.
Rego vê de maneira semelhante. “Havia medo de que não houvesse nenhum interessado. Com a privatização, há perspectiva de melhora de qualidade do serviço.” Fo ra m vendidas as empresas responsáveis pelo serviço de distribuição no estados do Piauí, Acre, Rondônia e Roraima. O leilão da Amazonas Distribuição, que estava marcado para ocorrer em 26 de setembro, foi adiado para 25 de outubro. Já a venda da Companhia Energética de Alagoas (Ceal), segue suspensa em virtude de uma decisão judicial.