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Setor de duas rodas negocia alternativas para enfrentar a crise econômica

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02/05/2017

Envolto em severa crise, o setor de duas rodas busca implementar novas políticas de financiamento para seguir respirando. A falta de oferta de crédito por parte dos bancos e agentes financeiros, o aumento das taxas de juros e o desemprego são responsáveis diretos pela queda dos financiamentos para motos e bicicletas produzidas, principalmente, na Zona Franca de Manaus (ZFM).

Em 2016 foram produzidas 887.653 unidades (375.055 a menos que o ano anterior) e as vendas, via modalidade financiamento, representaram apenas 34,6% do total, enquanto as demais formas - à vista e por consórcio – foram responsáveis por 65,4% das vendas no varejo. Em 2011, os financiamentos representavam mais de 55% do volume.

Foi este o cenário apresentado pelo presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo), Marcos Fermanian, e pelo líder do Democratas na Câmara, deputado federal Pauderney Avelino (DEM-AM), durante reunião com o presidente da Caixa Econômica Federal, Gilberto Occhi. “A ideia de se fazer esta reunião foi exatamente buscar meios para revitalizar o setor através de novas formas de financiamento. Precisamos buscar meios para revitalizar o setor e vamos criar mais atrativos ao polo da ZFM. As pessoas que desejam adquirir uma moto precisam ter acesso ao crédito”, disse Pauderney após a reunião na Caixa Econômica.

O setor de duas rodas passa pela pior crise do segmento e atinge os níveis de produção similares aos registrados no ano de 2002. Segundo a Abraciclo, o volume de produção caiu 58,5% desde 2011, quando foram fabricadas 2.136.891 unidades. A Abraciclo também aponta como causa da queda da vendas a preocupação do consumidor com a empregabilidade, uma vez que o desemprego e a inflação atingiram em cheio o poder aquisitivo das classes C, D e E, que representam aproximadamente 90% dos compradores de motos e bicicletas no País.

Das vendas realizadas através de financiamento, cerca de 40% são efetuadas pela rede bancária nacional, e somente Honda e Yamaha possuem bancos próprios. Segundo Pauderney, a Caixa é fundamental para promover novas formas de financiamento e reaquecer o setor: “São milhares de empregos na Zona Franca que dependem desta revitalização e precisamos encarar isso com total prioridade”, declarou o líder do Democratas.

Para o presidente da Abraciclo, uma das principais dificuldades do segmento é a insegurança jurídica e tributária com as constantes alterações da legislação e a falta de previsibilidade da política tributária, além da capacidade ociosa de produção, mão de obra excedente e a capacidade reduzida das empresas de realizar novos investimentos.

Blog: Cristóvão Batista Trovão, diretor do Sindicato dos Metalúrgicos

“Do ponto de vista do trabalhador, essa iniciativa dos empresários e dos representantes políticos do Amazonas, junto à Caixa Econômica Federal, é bem recebida porque melhorando as vendas de veículos de duas rodas, aumenta a produção e os empregos serão mantidos. O financiamento de motocicletas é fundamental para essa retomada; em anos anteriores, em cada dez pedidos de crédito, oito ou nove eram atendidos pelos bancos. Agora, somente duas solicitações de financiamento, em cada dez, são atendidas pelas instituições financeiras. Para os 1.600 trabalhadores da Yamaha, essa crise no setor só não foi pior por causa do PPE, o Programa de Proteção ao Emprego, do governo federal adotado em 2016. Pelo acordo, foram reduzidos 50% do salário dos empregados proporcionalmente à carga horária de trabalho. Com isso, não haveria demissões. E foi cumprido. O PPE de seis meses terminou em setembro, estendido até novembro. Como era final do ano, a empresa não fez nenhuma demissão até agora. Esperamos que essas iniciativas com a Caixa venham a ser executadas e a economia como um todo melhore para que os trabalhadores mantenham seus empregos e os desempregados consigam retornar ao mercado de trabalho”.

Três perguntas para Marcos Fermanian, presidente da Abraciclo

1. Por que a Abraciclo procurou a Caixa?

Por se tratar de um agente financeiro que costuma desenvolver linhas relevantes para negócios com motocicletas, através do Banco Pan. Foi apresentado o histórico de retração do mercado de motocicletas nos últimos anos, destacando-se que as vendas no varejo caíram 26,5% de 2015 para 2016. Entre as causas dessa retração estão a alta seletividade na oferta de crédito e o aumento da taxa de juros.

2. Quais as propostas apresentadas?

Foi solicitada a ampliação da concessão de crédito ao consumidor para estimular as vendas de motocicletas, aproveitando-se a atual movimentação em torno da redução da taxa básica de juros (Selic).

3.O ano de 2017 será melhor que 2016?

Apesar das dificuldades enfrentadas pela indústria de motocicletas durante 2016, para o ano que vem o setor de duas rodas estima registrar crescimentos de 2,2% na produção, para 910 mil unidades, e nas exportações de 66,1%, para 93 mil unidades. A projeção da Abraciclo para o atacado é de produzir 825 mil unidades (-3,8%) e 890 mil motocicletas no varejo (-1,1% em relação a 2016).

Em números

9,86 bilhões. Foi o faturamento das 43 empresas do polo de ruas rodas instaladas na Zona Franca de Manaus, até novembro do ano passado. O setor contribuiu com 14,51% do faturamento total do Polo Industrial amazonense, no ano passado, que foi de R$ 68 bilhões. Manaus concentra mais de 90% do setor.

7,31 por cento. Foi o crescimento da receita do Polo Industrial de Manaus no ano de 2016. O resultado de R$ 84,31 bilhões corresponde ao valor de todas as receitas geradas pelas empresas instaladas na Zona Franca, quer sejam operacionais, financeiras, assistência técnica, receitas recuperadas e outras.

13.480 trabalhadores constituem a mão de obra ocupada no polo de duas rodas, excetuando os terceirizados e temporários. Com gastos de R$ 98,17 milhões em salários, a remuneração média dos trabalhadores ficou em R$ 7,2 mil mensais. O setor é um dos mais afetados pela crise econômica que o Brasil enfrenta.

Fonte: Portal A Crítica.com.br

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