05/01/2016
Cristóvão Marques, presidente da Aficam (Associação dos Fabricantes de Insumos e Componentes do Amazonas), confirma a informação. Segundo ele, a produção tanto da Ifer da Amazônia como de outras empresas componentistas estão drasticamente reduzidas, em função da queda na produção industrial amazonense.
"As empresas de componentes estão em grandes dificuldades. São poucos pedidos. A maior parte das empresas ainda está de férias, então poucos pedidos estão sendo feitos. Empresas de estamparia, chicotes e cabos estão passando por grandes dificuldades", informou Cristóvão.
Para Valdemir Santana, presidente do Sindmetal/AM (Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas), a falta de uma política estadual de incentivos para o setor componentista acaba amplificando os efeitos negativos da crise pela qual o setor de duas rodas está mergulhado.
Segundo ele, hoje a lei permite que as empresas montadoras, como Yamaha da Amazônia e Moto Honda da Amazônia possam importar produtos, como fiação e outros componentes, o que acaba afetando diretamente a produção e os empregos no Polo Industrial de Manaus. "O problema para as empresas de componentes é que elas não têm muito incentivo do governo do Estado. E, aliado a isso, existe uma lei que permite às outras empresas importar muitos produtos que poderiam ser fabricados aqui. A culpa (pela queda) é da política do governo, que dá o benefício total para as empresas montadoras, que têm muitos incentivos, mas não têm a responsabilidade de comprar os componentes aqui. O governo, principalmente estadual, deveria criar uma política para as empresas comprarem os componentes fabricados aqui em Manaus", questionou.
Crise pode continuar em 2016
Ainda segundo Valdemir Santana, caso não sejam concedidos benefícios condicionais também às empresas do polo componentista de Manaus, as demissões e baixa na produção deverão continuar o setor em 2016. "Se não mudar essa política a produção e os empregos vão continuar caindo porque a maioria das empresas ou vende para a Honda, Yamaha ou Harley Davidson e essas empresas vão continuar importando. Esta é a posição do Sindicato e da CUT", defendeu.
Ainda segundo a Aficam, até dezembro de 2015 mais de 25 mil trabalhadores do setor perderam o emprego e a expectativa para este ano é de mais dificuldades. "A previsão para 2016 é a pior possível. Teremos um ano ainda pior que 2015", prevê Cristóvão Marques.
Entenda o caso
O diretor do Sindmetal, João Brandão, em entrevista ao Jornal do Commercio publicada no último dia 30 de dezembro, informou que fábricas como a Bendsteel da Amazônia Indústria e Comércio de Estamparia de Metais Ltda, a Wap Metal Componentes Metálicos da Amazônia e a Ifer da Amazônia Ltda tiveram reduções extremas nos quadros de funcionários, cortes nos benefícios trabalhistas e atrasos nos pagamentos.
As fabricantes devem fechar as portas nos próximos meses. "A Ifer já anunciou que fechará as portas e no último mês a Moto Honda retirou todo o maquinário de dentro da fornecedora. Após o anúncio informal feito pela Honda sobre as demissões deverá acontecer um efeito dominó atingindo os 32 fornecedores", informou o dirigente.
Fonte: JCAM