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Setor aguarda ajustes do mercado

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08/09/2014

A crise no setor de duas rodas que persiste há mais de dois anos continua sem iniciativas que equacionem o problema no polo amazonense. Representantes do setor lamentam o fato de que pouco pode ser feito a não ser esperar a evolução natural do mercado diante da crise no crédito e do alto nível de endividamento dos brasileiros.

Em nota, a Moto Honda cita restrições de crédito, variações cambiais, inflação, entre outros fatores, como impactantes para o mercado de motocicletas, principalmente de baixa cilindrada. Segundo a nota, estes fatores “não tem nos permitido avançar em volume. Assim, foi necessário realizar paradas na produção durante o mês de agosto com o objetivo de ajustar estoques. Esperamos uma reação do mercado nos próximos meses, mas não está descartada a necessidade de novos ajustes no planejamento produtivo da fábrica de Manaus".

A suspensão nas atividades dos funcionários da Honda neste mês foi ocasionada pelas baixas vendas de janeiro a julho, segundo o gerente de relações institucionais da multinacional, Mário Okubo. Até o momento, os layoffs (paralisações temporárias que podem causar a suspensão de contratos) estão descartados. A Yamaha Motors que costuma dar férias coletivas apenas no fim de ano, antecipou para junho os 10 dias anuais de folga.

Representantes das comissões ligadas ao comércio e indústria nas Casas Legislativas assistem de longe ao problema, por entenderem a questão como um reflexo do péssimo momento econômico, cabendo ao governo federal apontar soluções.

A Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares), também por meio de nota, disse não responder por questões operacionais específicas de suas associadas e mudanças em suas jornadas de trabalho ou qualquer outra medida de caráter estratégico voltada aos negócios.

Mas falando pelo setor, o presidente da Abraciclo, Marcos Fermanian, reconhece o momento como preocupante. “Diferente de nossas primeiras projeções, baseadas nos números de 2013, no momento devemos focar em mais produtividade e aumento das vendas, fatores que foram prejudicados pela Copa do Mundo e outros aspectos que reduziram a produção do semestre em 30 mil motocicletas”, comentou Fermanian.

Pouco a ser feito

As condições impostas aos trabalhadores da Moto Honda e de todo o Polo de Duas Rodas, tem sido defensivas para a indústria e à manutenção das vagas, e por ser uma questão de mercado, pouco pode ser feito pela municipalidade, explica o presidente da Comtic (Comissão de Turismo, Indústria e Comércio), vereador Wilker Barreto (PHS). “O município fica impotente, o que acontece é uma questão macro, longe de nosso alcance. O que podemos fazer é esperar que as coisas melhorem e que o governo federal tome providências quanto às linhas de crédito. Quanto às paralisações, tudo o que for feito para se manterem os empregos, é válido”, disse o vereador.

Acreditando que as paralisações são paliativas, mas necessárias, o presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia da Aleam (Assembleia legislativa do Estado do Amazonas), deputado estadual José Ricardo Wendling (PT) ainda enumera alguns outros problemas para a economia estadual. “Além dos empregos ameaçados, com a baixa produção, cai o poder de compra do trabalhador, que deixa de consumir, gerando menos receita. Paralisar pode ser bom para a indústria, mas por quanto tempo?” ressalta Wendling.

Segundo o deputado, manter o PIM em pleno funcionamento será uma das grandes batalhas, mesmo com a prorrogação da ZFM por mais 50 anos. “É uma nova fase, de novos desafios. Precisamos manter as indústrias no Estado, mas a todo vapor. Estas empresas pagam salários, encargos e benefícios sociais que mantêm a economia em atividade,” fecha.

O deputado estadual Luiz Castro ainda espera que algo seja feito, dois anos depois de propor em audiência pública com Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus), Sefaz-Am (Secretaria de Estado da Fazenda do Amazonas) e Abraciclo, a ideia de se definir uma política de apoio às indústrias de bem final a fim de unificar a alíquota do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) em 35% para todos os veículos de duas rodas.

“Será necessário um maior envolvimento do governo federal, algo que facilite o crédito, reduzindo juros, por exemplo, o que faria que as médias cidades comprassem mais veículos. Outra saída seria a criação de barreiras para importações, até que o setor recobre o fôlego perdido em um ano atípico, com vendas baixíssimas e poucos dias trabalhados. A produção normalizada dará segurança aos colaboradores”, disse Castro.

Menos drástico

As paralisações nas linhas de montagem podem ser menos danosas do que aparentam, apesar de causar temor aos empregados e empresas fornecedoras, disse o presidente do Corecon-AM (Conselho Regional de Economia do Amazonas), Marcus Evangelista. “Entendemos uma paralisação temporária como uma medida preocupante, mas não tão drástica quanto o layoff. É uma forma de se evitar demissões e desperdícios nas esteiras produtivas até a normalização das vendas. É um fenômeno mundial que salvaguarda os postos de trabalho” disse Evangelista.

O recém finalizado mês de agosto foi o segundo pior mês de 2014 para o setor (111,3 mil unidades vendidas), ficando abaixo de junho, que teve pouco mais de 100 mil motos emplacadas. Comparação com julho, agosto registrou uma queda de 8% nos licenciamentos, emplacando uma média diária de 5,3 mil motos, praticamente a mesma do mês anterior. Os números foram divulgados pela Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores).

Fonte: JCAM

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