14/04/2020
Fonte: Acrítica
Sete empresas do Distrito Industrial de Manaus que, no final do mês de março, deram férias coletivas remuneradas ao seus funcionáriosjácomeçaramaretoma
À reportagem, a Samsung informou que retomou as atividades em esquema de revezamento de equipes. A nota enviada ao A CRÍTICA informa também que seguindo as orientações e especificações das autoridades da área da Saúde, uma série de medidas preventivas para evitar aglomerações e proteger os colaboradores seguem implementadas durante todo o período de trabalho em todas as áreas da empresa.
No dia 24 de março, a Samsung Eletronics da Amazônia suspendeu a produção na fábrica de Manaus. Foi seguida por outras grandes marcas como Moto Honda, Yamaha e
Harley Davidson. Já a Yamaha e a Moto Honda devem retomar as atividades nas fábricas na próxima semana, a partir do dia 20.
No caso da Samsung, havia suspeita de contaminação pelo novo coronavírus de um trabalhador da multinacional.
À época, a Fundação de Vigilância Sanitária (FVS) informou que não havia contaminação pela Covid-19 na empresa, segundo a fundação, o trabalhador testou positivo para Influenza B, outra síndrome respiratória. A gigante do setor de duas rodas do Pólo Industrial de Manaus (PIM), Harley Davidson do Brasil, que suspendeu a fabricação das motos custom, no dia 25 do mês passado, anunciou que segue com a produção na fábrica de Manaus suspensa temporariamente.
A empresa disse continuará monitorando a situação e fará ajustes adicionais, de acordo com as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e das autoridades locais de saúde. A Transire Eletrônico retomou a rotina produtiva na sexta-feira. Assim como outras empresas, a Transire disse que adotou uma jornada de trabalho em dois turnos, o que, segundo a empresa, irá garantir o distanciamento necessário entre os funcionários dentro da fábrica.
Fábricas não registram caso de covid
O presidente do Centro das Indústrias do Estado do Amazonas (Cieam), Wilson Périco, afirmou que a decisão de parar a produção tomada pelas sete empresas da ZFM não foi apenas motivada por "questão de contaminação", mas por causa "da parada do comércio" e do "atraso dos insumos registrado na China". Périco enfatizou que até agora nas instalações das fábricas nenhum caso da Covid-19 foi registrado.
Ele explicou que os quinze dias de férias coletivas remuneradas dadas aos funcionários chegou ao fim e que as empresas optaram por retomar a produção de forma
escalonada. "A decisão de retornar das férias coletivas é que o prazo das férias já venceu. Umas deram quinze dias que vence agora, outras deram vinte dias, que deve vencer semana que vem. O fato de continuar ou não a atividade está mais ligado à questão de mercado hoje do que risco de contaminação", explanou.
Já o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), Antônio Silva, disse que a quantidade de empresas retomando as atividades é considerada "pequena".
De acordo com ele, a Multiplast também retomou as atividades para produzir insumos médicos como Equipamento de Segurança Individual (EPIs).
Samsung informou que retomou as atividades em esquema de revezamento de equipes e seguindo as orientações das autoridades da área da Saúde.
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Orientações
A Fundação de Vigilância Sanitária (FVS) informou que as fábricas do Distrito Industrial seguem as recomendações das autoridades de saúde e mantém as suas equipes de saúde em constante contato com os profissionais de vigilância da Secretaria Municipal de Saúde de Manaus.
SINDICATO
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Valdemir Santana, disse que a retomada dos trabalhos na Samsung foi negociada entre a empresa e o sindicato. Disse que a empresa se comprometeu em adotar medidas para preservar o bem estar dos funcionários. Disse que Samsung adotou a escala de produção em dois turnos, espaçamento aumentado entre os trabalhadores na linha de produção, maior oferta de ônibus de rota, para que a aglomeração no interior seja a menor possível. O sindicato estima que cerca de 4 mil a 5 mil trabalhadores estão voltando à linha de produção.
Comentário
POR Marcus Guerra
INFECTOLOGISTA, PRESIDENTE DA FMT
`Não usar a lotação total da rota'
Estamos na quarta semana do coronavírus, geralmente o pico da infecção ocorre entre a oitava e décima segunda semana. Então, pode parecer que eles estejam achando que como esse pico está alto aqui agora, já vai diminuir, é preciso ter cautela para aguardar. A principal recomendação nestes ambientes fechados das empresas é a adoção de um distanciamento maior entre os funcionários, limpeza dos condicionadores de ar, abertura das janelas, para arejar o ambiente, higiene do local e principalmente ausência de pessoas com sintomas no local. Cada uma dessas empresas tem um setor médico.
E a medicina do trabalho dessas empresas devem estar acompanhando de perto o bem-estar dessas pessoas. Agora se os cuidados não forem tomados, existe o risco de trabalhador se infectar e transportar o vírus para outras pessoas, principalmente a família. Uma das recomendações e que as empresas já devem estar adotando é
não usar a lotação total dos ônibus de rota.
Socorro para microempresas
Governo federal por meio da Caixa lançará linha de crédito de R$ 10 bilhões para empresas com faturamento anual de até R$360 mil. O governo federal irá lançar um programa de crédito a microempresas via Caixa Econômica Federal, que assumirá o risco de inadimplência para negócios com faturamento anual de até 360 mil reais que apresentarem histórico de bom pagamento no Simples, afirmaram duas fontes da equipe econômica à Reuters.
Segundo as fontes, que falaram em condição de anonimato, cerca de 3 milhões de empresas poderão ser contempladas e a expectativa é que o volume de crédito some 10 bilhões de reais, com carência nas parcelas iniciais e pagamento dos empréstimos em prestações alongadas. O programa deverá sair nesta semana. A opção por canalizar os recursos via Caixa veio pela percepção de que a medida é urgente, em meio ao congelamento das atividades com as medidas de isolamento tomadas para frear o contágio pelo coronavírus.
Programa para as grandes empresas
O socorro para as grandes companhias está em estudo, mas deve vir depois, pela percepção de que essas empresas dispõem de mais fôlego para atravessar os próximos dias. O governo também monitora se "soluções de mercado" não irão aparecer, com a compra de negócios por concorrentes. Cerca de 3 milhões de empresas poderão ser contempladas pelo crédito da Caixa.
"Tenho um cadastro de CNPJs de empresas ativas e operantes e que estão em dia com a Receita.Nada melhor do que dar uma reciprocidade a elas pelo fato de serem boas pagadoras", disse uma das fontes. Inicialmente, pensou-se num modelo em que o Tesouro disponibilizaria os recursos para operações de crédito via bancos públicos. Para o desenho seguir adiante, contudo, seria necessário formatar a proposta e enviá-la ao Congresso, o que seria mais demorado. Por ora, prevalece a ideia de ofertar às empresas um crédito equivalente a 30% de dois faturamentos mensais. Segundo uma das fontes, essa é a estimativa do valor, em média, que as empresas precisariam "para sobreviver".
SIMPLES
O Simples Nacional é um regime simplificado de arrecadação tributária que contempla micro e pequenas empresas, com receita bruta de até 4,8 milhões de reais ao
ano. A avaliação do governo, entretanto, é que os empreendedores que faturam mais de 360 mil reais já foram contemplados pelo novo programa de crédito para a folha de pagamento, em que o Tesouro assume o risco majoritário de inadimplência para o financiamento de até dois salários dos empregados.