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Série Especial: Entenda os efeitos da pandemia na cadeia produtiva brasileira

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28/07/2021

Karla Chaves, Tiê Santoro e Diego Mendes, da CNN Brasil

Com dimensões continentais, o agronegócio brasileiro opera unindo uma cadeia de pequenos, médios e grandes produtores que, juntos, fazem do país o maior fornecedor de alimentos do mundo. Cada um desses agentes, porém, responde de uma forma às mudanças na economia.

“Dentro dessa cadeia você vai ter diversos agentes atuando em pontos que naturalmente vão responder à mesma conjuntura de uma forma muito distinta. Esse universo do agro não é uma unidade homogênea, tem muita coisa lá”, diz Felippe Serigati, do Centro de Estudos do Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP).

Com a pandemia, isso ficou ainda mais evidente. Para alguns setores, como a pecuária leiteira, flores e hortifruti, a situação tem sido difícil. No circuito das frutas, que concentra pequenos e médios produtores numa região de 10 municípios do estado de São Paulo, a colheita foi boa no ano passado, mas as vendas despencaram, porque as portas foram todas fechadas.

“Nós fornecemos direto para sacolões, restaurantes, que hora abrem, hora não abrem. Hoje eu planto, mas não sei se vou vender. As vendas onlines ajudam, mas é muito pouco em função do volume que nós plantamos”, conta José Henrique Losqui, produtor rural.

Enquanto isso, outros setores, principalmente as comodities como grãos, açúcar, café e carne bovina, tiveram em 2020 um dos melhores anos da história. Diante da maior crise econômica do século o agronegócio provou porque é chamado de um dos maiores motores da nossa economia.

À medida que a China, os países asiáticos se recuperam antes do que os países do ocidente, a demanda por esses produtos cresceu muito, então o preço da soja subiu, o preço do milho subiu.

A disparada dos preços das commodities, provocada pela retomada mundial, ajudou o Brasil a alcançar US$ 100,8 bilhões em exportações - o segundo maior valor da série histórica, e um faturamento 18,2% maior que em 2019. Mesmo com automação crescente na produção, o setor gerou empregos para mais de 61 mil brasileiros, o melhor resultado em 10 anos. O país só conseguiu alcançar essa combinação positiva porque investiu há décadas no ingrediente mais eficiente da economia: a produtividade.

Produtor rural
Agronegócio
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

“O agro tem sido o que a indústria brasileira deveria ter sido nesses últimos anos. Cresce a produtividade então se você olhar produtividade por área plantada ou por qualquer critério que você for olhar, a gente consegue produzir mais”, diz Renato da Fonseca, economista-chefe da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Produzir mais e melhor, num mundo que demanda mais alimentos, promove benefícios numa longa cadeia que vai muito além da terra.

“Às vezes a gente pensa que o agro se resume a vc estar na terra, colocar uma semente, colher e mandar para seleção. Mas temos muito mais do que isso. Temos lavoura, a malha para preencher esse escoamento que necessariamente traz emprego e o pessoal para produzir nesses locais, que vai demandar saneamento básico, que vai demandar a parte de consumos, que são shopping centers, são áreas residenciais, áreas de lazer, então é interessante ver como tudo, isso tudo está conectado”, diz José Luis Gonçalves, presidente da JCB - fabricante de máquinas e equipamentos de construção - para Brasil e América Latina.

Nessa multinacional, que é uma das maiores fabricantes de maquinário agrícola do mundo, o boom do agro foi a ponte para atravessar os impactos causados pelo novo coronavírus. “No último trimestre de 2020, já tínhamos uma condição de mercado bem interessante, entregas de máquinas em todo o país que teve sustentação e está tendo sustentação agora em 2021. Com isso, devemos crescer esse ano em torno de 35, 40% versos o ano passado”, diz Gonçalves.

Espaço para crescer

Os números já são bons, mas os resultados podem ser ainda melhores. Para especialistas, o Brasil ainda pode se beneficiar muito mais de todo o potencial do campo. Para isso, uma das estratégias seria passar a ter uma maior industrialização dos produtos. Isso gera valor agregado e amplia os ganhos econômicos para todo o país.

“A industrialização do agro tem aí algum desequilíbrio. Tanto que nós exportamos muito mais soja, acho que nos últimos anos uns 25% da nossa soja. O resto é tudo grão vendido. Isso geraria uma renda fabulosa no Brasil se fosse industrializado”, diz Antônio Chavaglia - presidente da Comigo (Cooperativa dos Produtores Rurais do Sudoeste Goiano).

Hoje, a agroindústria representa 5,9% do PIB brasileiro. Pode ser maior, considerando o potencial do setor. “Agregar valor às atividades primárias, sejam elas pecuária, extrativista ou mineral, é industrializar. Então acho que a gente tem um eixo de desenvolvimento para indústria a partir desse dinamismo que as atividades do agro têm”, diz Rafael Cagnin, economista do IEDI, Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial.

Agregar valor, também passa por plantar cada vez mais em um terreno que o agronegócio já comprovou que dá muitos frutos: a tecnologia. “Quando a gente pensa em tecnologia não estamos falando apenas de máquinas de equipamentos, do trator, do drone, do satélite. Não é apenas isso, mas é por exemplo você conseguir produzir no clima tropical produtos que são de climas temperados caso clássico é a soja”, explica Serigatti, da FGV.

“Quem está produzindo novas tecnologias sempre tem aquela dúvida: será que haverá demanda para essa inovação no caso do universo agro? O pessoal já está guardando isso e o quê que vocês vão ter de novidades para daqui a duas safras”, diz.

E esta demanda vai muito além do agro. Na pandemia, a tecnologia nos processos industriais se transformou em necessidade e intensificou uma corrida mundial por inovação. Em que lugar a indústria brasileira está nesta disputa? Você descobre no próximo episódio da série Indústria, a retomada, que vai ao ar nesta quinta-feira (28), a partir das 18h30, no Prime Time.

Fonte: CNN Brasil

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