07/10/2014
O resultado positivo da bolsa de valores de São Paulo nesta segunda-feira (6), por exemplo, e a alta nas ações da Petrobras, que atingiram um pico de 16%, são, na opinião do presidente do Corecon/AM (Conselho Regional de Economia do Amazonas) Marcus Evangelista, sinais de que a prorrogação do pleito, com a disputa entre presidente Dilma Rousseff (PT) pela reeleição e do senador Aécio Neves (PSDB), poderá trazer ganhos econômicos no âmbito nacional.
“Com este cenário de segundo turno a expectativa de mudança está renovada. Ou seja, a possibilidade de mudança de gestão abriu o ânimo dos investidores e isso é muito positivo”, resumiu Evangelista.
Já na disputa estadual, o presidente do Corecon/AM espera que o segundo turno amplie as discussões em torno dos entraves do modelo Zona Franca de Manaus. Para ele, a gestão econômica do modelo vai um dos carros-chefes deste novo momento político no Amazonas.
“A aprovação da prorrogação da ZFM foi apenas uma primeira conquista. A gente espera que problemas como os entraves do Polo Industrial de Manaus sejam debatidos. Com isso surgem expectativas de soluções a curto prazo para entrar nas plataformas de governo. Ainda tem muita coisa que tem que ser resolvida para que o modelo continue atraindo investimentos e acreditamos que com esse enfrentamento no segundo turno traga novas expectativas à tona”, avalia.
Comércio e Indústria
Já Ismael Bicharra, presidente da ACA (Associação Comercial do Amazonas), acredita que o resultado apertado nas urnas demonstra uma necessidade de mudanças. Na avaliação dele, a população, incluindo os empresários do setor comercial, está cobrando os direitos e os candidatos Eduardo Braga (PMDB) e José Melo (PROS) têm que demonstrar dentro de seus programas o que pretendem fazer durante esses próximos quatro anos.
“As principais demandas apresentadas pela população terão que ter respostas porque estamos em um Estado extremamente rico. Temos condições, sim, de sermos um Estado modelo para o resto do Brasil. Quando eu falo população incluo também a população de empresários que esperam um Amazonas melhor para se ter uma economia melhor”, declarou Bicharra.
Para o vice-presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas) Nélson Azevedo, apesar da recente guerra fiscal travada pelos Estados do Sul e do Sudeste contra a Zona Franca, liderada pelos tucanos, um possível governo comandado pelo mineiro Aécio Neves poderá trazer benefícios ao Polo Industrial de Manaus.
“O presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria) é mineiro e nós temos, através do nosso presidente e de toda a nossa diretoria, um relacionamento muito bom com os mineiros de modo geral. Ele (Aécio Neves), como presidente, talvez venha com uma mentalidade de desenvolver o Brasil como um todo. A gente espera que com isso nossa região seja bem olhada”, disse.
Caso Dilma Rousseff seja reeleita em 26 de outubro, Azevedo acredita que a região receberá a mesma atenção por parte do executivo federal.
“Caso continue a Dilma, nós já sabemos como é a batalha. Vamos manter a mesma crença porque quem for eleito deverá tomar conta do Brasil como um todo”, declarou o vice-presidente da Fieam.
Tendência pró-tucano
O cientista político Breno Rodrigo Leite explica a reação positiva da economia à ascensão repentina do candidato Aécio Neves ao segundo turno da disputa presidencial. De acordo com o especialista, o mercado avaliou positivamente o novo cenário devido às suas políticas mais liberais para o mercado em relação à Dilma Rousseff que, na opinião dele, de certa forma teve um governo muito intervencionista, inclusive se comparado ao governo de seu antecessor e padrinho político, o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva.
“O mercado está sinalizando tendência pró-Aécio Neves em função de ser um ator político muito mais confiável em relação às instituições e garantias de mercado. Apesar de ser um governo de continuidade em relação ao governo Lula, o atual governo foi muito intervencionista. O Lula, ao contrário, realizou um governo liberal. O governo Dilma é complacente com a inflação, deixou de investir em infraestrutura (novamente ao contrário do Lula) e não tem rebatido com força o cenário externo, como o Lula conseguiu reverter”, analisou Breno.
Fonte: JCAM