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Saul Benchimol, exemplo de Amazônida

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15/02/2022

Evaldo Ferreira

Morreu no domingo, 13, o professor e empresário amazonense Saul Benchimol. Ao lado dos irmãos Samuel e Israel, Saul foi fundador dos Grupos Bemol e Fogás. Em agosto a Bemol fará 80 anos e a Fogás 66, contribuindo fortemente para o desenvolvimento econômico e geração de emprego e renda no Amazonas.

Saul Benchimol nasceu em 14 de agosto de 1934, em Manaus. Sua alfabetização ocorreu ainda no final daquela década no Grupo Escolar Barão do Rio Branco. Depois ele foi transferido para o Grupo Escolar Saldanha Marinho.

Quando adolescente, já na década de 1940, a família de Saul foi morar à rua Henrique Martins, em frente ao atual Sesc Senac. Agora ele já estudava no Colégio Estadual do Amazonas, atual Colégio Amazonense D. Pedro II, onde cursou o científico, hoje ensino médio.

Enquanto isso, seu pai Isaac Israel Benchimol, continuava a lida como guarda-livros (hoje técnico em contabilidade), trabalhando dia e noite para sustentar a prole de oito filhos. Saul era o sétimo.

Dessa época, em sua biografia escrita por Abrahim Baze, Saul contou que lembrava do barulho do bonde passando pela rua Rui Barbosa, próximo à sua casa, e das matinês aos domingos nos cines Guarany e Polytheama, e dos passeios na Praça da Polícia, com a banda da Polícia Militar tocando no coreto, nos finais de tarde.

Adulto, já na década de 1950, tornou-se professor, ao mesmo tempo em que fazia visitas às farmácias e médicos como propagandista dos produtos do laboratório Merck Sharp & Dohme, cuja representação era de sua família.

Em 1953, Saul conseguiu entrar para a Faculdade de Direito, o único curso superior existente em Manaus. Estudou na ‘Jaqueira’, apelido carinhoso dado ao prédio da Faculdade.

Empreendedores pioneiros

Em 22 de novembro de 1954 Saul foi um dos fundadores e primeiro presidente do Clube da Madrugada. Em 1957, conquistou uma bolsa de estudos pela Fulbright Scholarship, para fazer seu mestrado em Economia e Sociologia, em Albuquerque, na University of New México, no Novo México. Em 1958 transferiu-se para a Yale University, concluindo o curso de Economia Internacional. Daqui de Manaus, a família ajudava como podia, enviando recursos para o rapaz. Foi em Yale que Saul conheceu a jovem estudante de Paleontologia, Rose Esther Krinsky, que se tornaria sua esposa, lá mesmo nos Estados Unidos, em 12 de maio de 1959, com matrimônio realizado na sinagoga Beth Shalom, na cidade de New Haven, em Connecticut, sob as bênçãos do rabino Bernard Cohen.

Com poucos recursos, o casal foi morar num apartamento alugado. Logo veio a primeira filha, Débora. Concluídos seus respectivos cursos, resolveram vir para Manaus. Nessa época, a principal empresa da família, a Benchimol Irmão & Cia. Ltda., com quase 20 anos de existência, já se firmara, então Saul foi chamado para ser mais um dos sócios junto com os irmãos Israel e Samuel. Em agosto de 1956 os irmãos haviam fundado a Sociedade Fogás Ltda., da qual Saul já era sócio, mesmo estando nos Estados Unidos. Uma curiosidade. Os irmãos trouxeram de São Paulo para Manaus os primeiros fogões a gás da cidade, além de dois mil botijões de gás, que também vieram de São Paulo já carregados.

Interessante que mesmo sendo proprietários de empresas que se expandiam rapidamente, tanto Samuel quanto Saul ainda encontraram tempo para serem professores universitários, na então Universidade do Amazonas. Saul foi professor de Economia, a partir de 1964, por 36 anos.

Apaixonado pela Amazônia

Em seu livro ‘Saul Benchimol – a saga de um judeu na Amazônia’, o escritor/historiador Abrahim Baze destaca que Saul era um apaixonado pela Amazônia e pela arte amazônica.

“A residência do empresário Saul Benchimol, definitivamente, não é uma casa comum, ele de fato é um grande entusiasta das artes, e esse interesse está impresso em cada canto de sua residência, sala de estar, corredores, quartos, biblioteca, enfim, toda a casa”, escreveu.

Além de Débora, Saul e Rose tiveram mais três filhos, Jonathan, Ari e Benjamin, nascidos em Manaus. Jonathan escreveu sobre o pai, no livro de Abrahim:

“Verdadeiro amante da Amazônia e de todas as suas características peculiares. Convicto do potencial turístico e gastronômico da região, incentivava o lazer aquático e a pesca, tendo inclusive investido no segmento. O domingo era reservado para a visita tradicional ao Mercado Municipal, sempre adquirindo peixes e frutos. Dizia que gostava de sentir o bouquet e ver as cores tão características das frutas. À tarde, o tradicional dominó com os amigos. Patrocinou a Amazonas Filarmônica e incentivava os times locais. Sempre ia ao Vivaldão incentivando a todos a torcer pelos times locais”, lembrou.

“Meu pai sempre acreditou que é possível tornar o mundo um local melhor para todos”, concluiu.

Saul Benchimol é autor de mais de cem publicações, e era membro da Academia Amazonense de Letras desde 2001.

O prefeito de Manaus, David Almeida, decretou luto de três dias no município.

Fonte: JCAM

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