06/02/2014
"O Brasil é muito importante e estratégico para a Samsung. A companhia vai manter uma estratégia forte no país porque vê um grande potencial de expansão", afirmou Lee. O executivo não divulga números sobre a operação no Brasil. Ele disse apenas que a região da América Latina representa para a receita global da Samsung um índice de dois dígitos (acima de 10%) e que o Brasil é o maior mercado na região, seguido pelo México.
A Samsung possui duas fábricas no Brasil, sendo uma em Manaus e outra em Campinas (SP). Lee disse que a produção das novas linhas será feita localmente e, dependendo da evolução da demanda, a companhia poderá fazer investimentos para ampliar sua capacidade de produção. "[O investimento] É um ponto a ser considerado no futuro", disse Lee.
A Samsung tem como meta principal reforçar a área de dispositivos móveis e TVs, que constituem a maior fonte de receita da companhia no mundo. Na visão de Lee, a despeito do crescimento econômico mais fraco, especialmente no Brasil, a América Latina possui um grande número de consumidores que ainda não consomem produtos de tecnologia mais avançados e são um mercado potencial para a empresa, sobretudo a classe C.
Lee lembrou que muitos consumidores ainda não possuem, por exemplo, smartphones. "Para atingir os usuários de celulares, a Samsung está atuando em duas frentes, com a oferta de produtos premium e aparelhos de entrada, com funções e design adaptados ao gosto dos consumidores locais", disse o presidente.
Sem citar números, ele disse que a América Latina apresenta forte crescimento em termos de receita e a perspectiva é de expansão nos próximos anos. Globalmente, a Samsung tem como desafio reverter a tendência de crescimentos mais fracos em seus resultados, devido à maturidade dos mercados europeu e americano e à competição acirrada em países da Ásia.
Em janeiro, a Samsung previu para o primeiro semestre de 2014 uma desaceleração de seus resultados. A divisão "mobile", que responde por mais da metade do lucro da empresa, está estagnada. A companhia havia informado que a volatilidade cambial afetou os ganhos em 700 bilhões de won (US$ 651 milhões) no período. Além disso, a empresa teve de desembolsar 800 bilhões de won para pagar bônus aos funcionários.
No quarto trimestre de 2013, o lucro líquido da Samsung subiu 3,7% em relação ao mesmo período de 2012. O crescimento foi fraco se comparado à expansão de 25,6% no terceiro trimestre. A valorização do won e o aumento das preocupações sobre a retirada de estímulos econômicos nos Estados Unidos prejudicaram os ganhos da companhia. O lucro mais baixo com os smartphones Galaxy também pesaram sobre os resultados.
Entre investidores, há preocupação sobre os planos futuros da companhia, à medida que o mercado de smartphones apresenta margens de lucro cada vez menores. Nessa área, a empresa enfrenta maior concorrência na China.
A Apple começou este ano a vender iPhones no país por meio da China Mobile, maior operadora local, o que pode tornar mais difícil a competição para a Samsung no mercado de smartphones mais sofisticados. A Samsung teve 21% de participação no mercado de smartphones da China, ante 8% da Apple, segundo a empresa de pesquisas Canalys.
Na Índia, a sul-coreana também enfrenta a concorrência de fabricantes locais, que dominam o mercado com smartphones de baixo custo (abaixo de US$ 200). Recentemente, a Hewlett-Packard (HP) anunciou sua volta ao mercado de smartphones, com a fabricação de phablets (aparelhos de telas grandes), tendo como alvo a Índia e outros países emergentes.
A Samsung também está atenta à rival chinesa Lenovo, que comprou a Motorola Mobility do Google, por US$ 2,91 bilhões. Com esse passo, a Lenovo tornou-se a terceira maior fabricante de celulares, tablets e PCs no mundo. De acordo com a consultoria IDC, a Lenovo distribuiu de janeiro a setembro do ano passado 75 milhões de tablets, smartphones e PCs, um número baixo se comparado à Samsung, que lidera o mercado, com 268 milhões de unidades vendidas. Mas a rapidez com que a Lenovo avança no mercado preocupa.
Além do reforço na área de smartphones, a Samsung anunciou que vai começar a produzir no Brasil no primeiro trimestre novos modelos de TVs de ultra definição (UHD). A companhia também fez acordos com empresas de entretenimento para reforçar a oferta de filmes, notícias e outros conteúdos.
Lee estima que a demanda por TVs de altíssima definição vai crescer 12 vezes na América Latina até 2017, chegando a 2,8 milhões de aparelhos vendidos. Ele não divulga a previsão de vendas da Samsung na região, apenas disse que a empresa lidera o segmento. No mundo, segundo a consultoria DisplaySearch, as vendas globais chegarão a 60 milhões de unidades até 2017. "Este será o ano das TVs UHD na América Latina, especialmente no Brasil, com a realização da Copa do Mundo de Futebol", disse Lee.
Arturo Juárez, gerente sênior de marketing da Samsung Electronics no México, disse que, além das TVs UHD e das TVs de tela curva, a companhia fechou uma parceria com a ESPN para oferecer aos consumidores da América Latina aplicativos com conteúdo on-line relacionado a futebol. A companhia também fez parceria com o Yahoo para fornecer um serviço de notícias em tempo real para smart TVs (TVs conectadas). A companhia tem ainda parcerias com Netflix, Fox e Paramount na área de oferta de conteúdos de entretenimento para smart TVs e TVs UHD.
Fonte: Valor Econômico