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Reversão de expectativa leva a 2º turno no AM

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06/10/2014

Ao contrário do que as pesquisas de intenção de voto apontavam, o ex-governador do Amazonas e favorito Eduardo Braga, do PMDB, não conseguiu levar a eleição no Estado no primeiro turno. Ele disputará no dia 26 com José Melo, candidato do Pros que assumiu o governo em maio e ficou virtualmente empatado com Braga.

A reversão de tendência na última hora deixou o segundo turno mais acirrado - e imprevisível. Com 99,9% dos votos apurados até o fechamento desta edição, Braga contava com 43,14% dos votos válidos no Estado, nove décimos à frente de Melo, que avançava com 43,05% dos votos. Marcelo Ramos, do PSB de Marina Silva, não conseguiu puxar votos suficientes da candidata nacional e ficou em terceiro lugar, com 10,95% dos votos.

Em eleições calmas, sem a ocorrência de grandes problemas nas urnas, os amazonenses escolheram Omar Aziz, do PSD, para representá-los no Senado Federal. O candidato obteve 58,7% dos votos.

No cenário nacional, a surpresa nas urnas para Braga - que vinha liderando com certa folga as pesquisas - não se repetiu na escolha do Estado para a Presidência. Dilma Roussef saiu vencedora com 54,51% dos votos, seguida por Marina Silva (21,54%) e Aécio Neves (19,42%). O resultado foi melhor que o esperado para a candidata à reeleição e manteve a tradição do partido para a Presidência no Estado. Se nos últimos pleitos o PT mantivera votação acima de 60%, neste ano Dilma oscilava entre 40% e 45% nas sondagens do Ibope. Marina, ao contrário, subia para os 30%, provavelmente pelo fato de ser da região Norte e origem evangélica.

A surpresa do segundo turno mostra que nem mesmo todo o empenho de Braga em estender por mais 50 anos a Zona Franca de Manaus (ZFM) foi suficiente para consagrá-lo facilmente novamente ao Amazonas. A ZFM é o maior empregador e alicerce da economia do Estado. Sua prorrogação foi uma das maiores defesas de Braga como senador, mas a questão é uma unanimidade - não há no Amazonas quem vá contra ela.

O discurso conservacionista que tanto marcou as gestões de Braga no passado - ele governou o Amazonas entre 2003 e 2010 - tampouco tem forte apelo no Estado. As promessas de asfaltamento da BR-139, que liga Manaus a Porto Velho, se tornaram constantes.

O tema da segurança pública é que se tornou central. Desde que Melo assumiu o governo, substituindo Omar Aziz, a Polícia Militar cometeu diversos atos de indisciplina. Denúncias de aparelhamento com fins eleitorais da estrutura policial também têm sido frequentes. Manaus vive uma onda de arrastões e assaltos nas áreas nobres e rebeliões sangrentas em presídios do interior do Estado.

A segurança já era uma bandeira de Aziz, e tem em Melo um continuador. Ele criou o chamado "Ronda de Bairro", que deslocou efetivo das zonas centrais para as periféricas. A iniciativa foi criticada por Braga durante a campanha.

Melo tem contra si acusações de ter usado a máquina do Estado a seu favor nestas eleições. Na quinta-feira, a Procuradoria Regional Eleitoral do Amazonas apresentou um parecer favorável de condenação à Melo, a seu candidato a vice-governador, Henrique Oliveira, e a outras oito pessoas por abuso de poder. Os processos serão agora julgados pelo Tribunal Regional Eleitoral.

A disputa acirrada prometida para o segundo turno começou a ser delineada nas combinações partidárias que montariam o atual quadro de campanha eleitoral.

Braga deixou o governo do Amazonas em abril de 2010 para eleger-se ao Senado e foi substituído pelo vice, Omar Aziz. Para estas eleições, montou uma coligação com o PT, no qual sempre se escorou, mas seu favoritismo foi abalado após o rompimento com Aziz, que apoiou a candidatura de Melo, então seu vice, ao sair de cena para lançar-se ao Senado. A diferença entre os dois se acentuou depois que Melo recebeu o apoio do prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, do PSDB.

Não houve problemas significativos nas eleições. De acordo com o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Amazonas, 22 urnas foram substituídas por problemas técnicos e 36 pessoas foram detidas por crime eleitoral, entre elas um candidato a deputado estadual.

Na manhã de ontem, ao votar, Braga dizia "tomara Deus que a gente possa terminar a eleição hoje". Não foi o que ocorreu.

Fonte: Valor Econômico

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