19/12/2013
De acordo com Marcus Evangelista, presidente do Corecon/AM, números reais baseados em dados das pautas do CAS dos últimos oito anos indicam uma retração de implantação de projetos industriais de -3,35%. Também houve uma redução de -2,81% nos projetos de diversificação, ampliação e modernização. Além disso, taxa de natalidade de empresas no Estado apresentou queda de -1,22%. O pior dado, porém, é na questão dos projetos de serviços -que são as empresas de logística que prestam serviços para as empresas que estão aqui instaladas -, com uma retração de 15,36%.
Na opinião de Evangelista, essa falta de interesse dos investidores pelo modelo Zona Franca já é um reflexo das incertezas provocadas pela proximidade do fim do prazo legal dos benefícios da Zona Franca de Manaus. Para ele, os nove anos que faltam para a extinção das vantagens fiscais são um período muito curto para uma empresa fazer seus investimentos e ter o retorno desejado.
“Das mais de 500 fábricas instaladas, apenas 470 estão, efetivamente, produzindo. Ou seja, o panorama não é tão bom quanto está sendo apresentado, esperamos que a gente consiga reverter isso para os próximos anos. Estamos entrando agora em um período de incertezas. A partir do dia primeiro de janeiro, estaremos com apenas nove anos de incentivos fiscais que fazem as fábricas se instalarem e permanecerem aqui. A gente espera que tenha uma prorrogação urgente, uma vez que todos esses números já demonstram uma diminuição de investimentos na Zona Franca devido a essas incertezas. Não é todo investidor que vem a Manaus não tendo a certeza sobre a prorrogação”, declarou.
Seplan
Na reunião do Codam, o secretário de Estado de Planejamento, Airton Claudino, chegou a afirmar que “os mercadores do apocalipse da Zona Franca de Manaus estão ficando para trás, porque o modelo é exitoso e deverá continuar cresecendo”. Ele minimizou a retração de projetos industriais no PIM em 2013, ao atribuir a desvantagem no montante investido no Estado no ano anterior a um “investimento atípico” da empresa Samsung, com valores que ultrapassaram os R$ 7 bilhões, mas que em números absolutos a quantidade de projetos se mantém estável.
“Com o crescimento lento da economia brasileira, esperava-se um 2013 bastante negativo. No entanto, os números mostram que não. Estamos chegando a quase R$ 6 bilhões em investimentos. Claro que esse número é bem menor do que o ano de 2012, quando chegamos a R$ 12 bilhões, mas no ano passado tivemos um investimento fora da curva, que foi da Samsung de quase R$ 7 bilhões. Então excluído este atípico praticamente há um crescimento nos valores de investimentos e o ano termina praticamente com a mesma geração de empregos de 2012”, explicou Claudino na terça-feira.
Em 2013, o Codam aprovou 217 projetos industriais que somam R$ 5.940 bilhões em investimentos e geração de 11.509 novos empregos em até três anos. No ano passado, o montante investido no PIM foi de R$ 12.189,06 em 237 projetos.
Faltam alternativas
Marcus Evangelista ressalta a preocupação do Corecon/AM com a situação de “desinteresse” dos investidores pelo modelo ao lembrar que, hoje carente de alternativas, o Polo Industrial de Manaus é responsável por toda a economia do Estado.
“Hoje nós ainda dependemos do modelo Zona Franca de Manaus e, por isso, estamos fazendo esse alerta. Precisamos corrigir essas discrepâncias. Precisamos mudar o panorama para que o cenário se torne favorável para novos investimentos. Justamente por que o nosso único polo econômico é o Distrito Industrial”, disse.
“Discussão deve ser técnica, e não política”
No dia 21 de novembro, um debate realizado pelo próprio Corecon/AM já apontava estatísticas que demonstram o início de uma crise na Zona Franca de Manaus e os entraves na articulação política para defender o modelo junto ao Congresso Nacional.
Na ocasião, o presidente do Corecon/AM, Marcus Evangelista, defendeu que discussão seja feita de maneira mais técnica e menos política.
“Os políticos não conseguiram passar a real situação do que vai ser o Amazonas sem o PIM. A ausência de argumentos técnicos na discussão nos deixa preocupados. Nós, os economistas, não fomos consultados em nenhum momento. A gente vê que os deputados estão levando a discussão muito para o lado político e na prática a gente não sabe o que vai acontecer. Hoje, entre empregos diretos e indiretos, geramos quase 500 mil postos de trabalho”, disse.
Com a presença de diversos representantes da classe econômica, o debate promovido pelo Corecon foi coordenado pelo economista Jose Laredo, eleito o Economista do Ano de 2013. Durante o evento, Laredo explicou que para a retomada dos investimentos no PIM é necessária uma definição sobre o futuro do modelo, já que todo o desenvolvimento de investimentos é na base do contrato de risco. Ainda segundo o Conselheiro Consultivo do Corecon, o tempo de maturação do negócio e de retorno dos investimentos leva, no mínimo 10 anos – exatamente o tempo que resta para o polo industrial.
Fonte: JCAM