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Retomada de eletroeletrônicos fica apenas no ensaio

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30/11/2022

Por Marco Dassori

O polo eletroeletrônico do PIM recuperou o pulso ao final do terceiro trimestre, alavancado pela chegada da Black Friday e da Copa, e da aproximação do Natal. Desde setembro de 2021, o setor vinha amargando resultados negativos em produção e vendas, inclusive nas linhas de televisores, a despeito da Copa do Mundo. A fabricação do produto, assim como a de outros itens da linha marrom e de eletroportáteis representada por 30 categorias, avançou em uma escalada de dois dígitos, em outubro. A conclusão vem dos números divulgados pela Eletros (Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos), nesta terça (29).

A mesma base de dados fornecida pela entidade empresarial informa, no entanto, que o movimento de retomada não foi suficiente para compensar meses seguidos de retração e tirar a indústria eletroeletrônica do vermelho, no acumulado do ano. O ensaio de retomada também não se difundiu em todas as linhas de produção de eletrônicos da indústria incentivada. Segundo a Eletros, as divisões de condicionadores de ar e demais produtos de linha branca, como lavadoras de roupas, seguiram com indicadores negativos de produção e vendas, mesmo às portas das festas de fim de ano.

Os números mais recentes do IBGE e da Suframa confirmam que o setor vinha colecionando números negativos nos últimos meses. De acordo com o órgão federal de pesquisa, a divisão de máquinas e equipamentos –(condicionadores de ar e terminais bancários) recuou 20,3% no comparativo anual de setembro e despencou 43,6% no acumulado dos nove primeiros de 2022. O segmento de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos –que inclui também produtos não fabricados pelos associados da Eletros, como celulares, computadores e máquinas digitais – conseguiu crescer 15,1% no mês, mas ficou negativo no aglutinado anual.

Segundo os Indicadores de Desempenho do Polo Industrial de Manaus, formulados pela autarquia federal, o polo eletroeletrônico encolheu 5,66% em faturamento, nos oito meses iniciais de 2022, não passando de US$ 3.89 bilhões. Foi um resultado bem mais modesto do que o obtido por seu ‘irmão mais novo’, o polo de bens de informática (+33,03% e US$ 6.98 bilhões), que já tomou a dianteira nas vendas globais do PIM, ao responder por 31,12% do total – contra os 17,32%, do polo eletroeletrônico. Os pontos baixos na produção se disseminaram por receptores de TV (-14,18%), condicionadores de ar split (-37,18%), fornos de microondas (-24,46%) e televisores (-11,33%), entre outros.

Televisores e eletroportáteis

Na análise da Eletros, a mudança de calendário da Copa do Mundo para novembro teve um “peso importante” nos resultados. As vendas de televisores, que respondem pela chamada linha marrom dos produtos eletroeletrônicos, decolaram 22% em volume, na comparação com o mesmo mês do ano anterior. Os comparativos de agosto (+23%) e setembro (+34%) também já haviam mostrado números robustos, conforme a entidade. Mas, o desempenho não foi suficiente para conter as perdas anteriores no acumulado de 2022, que ficou 1% abaixo do conseguido em igual intervalo de 2021.

“Ainda que a Black Friday sempre tenha representado um momento de grandes oportunidades para os fabricantes de televisores, diante de um cenário econômico adverso, com a renda das famílias comprometidas com a inflação e aumento nas taxas de juros, a Copa do Mundo teve um peso ainda mais importante neste momento. Tradicionalmente, os brasileiros aproveitam o torneio para substituir seus aparelhos por versões mais modernas e com mais qualidade”, ponderou o presidente executivo da Eletros, José Jorge do Nascimento Júnior, em texto distribuído pela assessoria de imprensa da entidade.

O mesmo movimento de alta de produção e vendas, segundo a base de dados, ocorreu com o segmento de eletroportáteis, que apresentou incremento de 8% na comparação com outubro de 2021. Diferente do ocorrido na linha de produção de televisores, o segmento atravessou dois meses seguidos de decréscimos de dois dígitos. Como resultado, de janeiro a outubro, a produção e as vendas ainda se situaram em um patamar 8% abaixo do contabilizado em igual acumulado do ano passado.

“A linha de portáteis registrou grande crescimento nas vendas, ao longo da pandemia. Com a volta do convívio social e o reestabelecimento do setor de serviços, é natural que as pessoas tenham priorizado investir em atividades que antes estavam suspensas. Com a atratividade dos bons preços que tradicionalmente ocorrem na Black Friday, o varejo aposta em alta no consumo destes produtos, o que pode ocorrer de fato. Desta forma, sentimos essa expectativa de forma bastante positiva na indústria”, analisou José Jorge do Nascimento Júnior.

Linha branca

A expectativa do varejo para a demanda de produtos da linha branca em todo o país, como geladeiras, fogões e máquinas de lavar, entre outros, não foi atendida pelos números de produção e vendas, mesmo com as perspectivas da Black Friday e do Natal. Houve retração de 12,36% na comparação de outubro com o mesmo mês do ano passado. O comparativo do acumulado do ano mostrou um tombo ainda maior, que chegou a 19%.

No entendimento do presidente executivo da Eletros, o desempenho se deve não apenas ao perfil dos produtos do segmento, como, também à conjuntura macroeconômica desfavorável, e aos consequentes indicadores negativos de endividamento e confiança das famílias brasileiras. “Com produtos de maior valor agregado, a alta durabilidade e majoritariamente adquiridos por meio de crédito, os consumidores têm tido dificuldades em assumir novas prestações diante de um contexto de queda na renda e alta de juros”, explicou.

Da mesma forma, o apelo de consumo proporcionado pela Black Friday, pela Copa, pelo Natal também não fez a produção de aparelhos de ar-condicionado ganhar o impulso desejado pelos fabricantes instalados no Polo Industrial de Manaus. Nem mesmo a mudança de estação, já que os números de manufatura permaneceram rigorosamente negativos ao longo dos nove meses iniciais de 2022, e quase sempre com declínios na casa dos dois dígitos.

Levando em conta os comparativos anuais de cada mês, o pior resultado das linhas de produção de ar condicionado do PIM foi registrado em janeiro (-49%) – a despeito da fraca base de comparação, que coincidiu com o primeiro mês da primeira onda da pandemia em Manaus. O melhor desempenho do segmento foi obtido em agosto (-4%) e também não conseguiu entrar no campo positivo. A produção, entretanto, voltou a minguar nos meses seguintes, tendo desabado 22,6% no confronto de outubro com igual mês de 2021, aproximando o acumulado do ano desse número (-22,8%).

De acordo com José Jorge do Nascimento Júnior, os principais fatores que contribuíram para isso foram a base de comparação mais forte – justamente pela tendencia de maior consumo nos lares em razão da pandemia – e mudanças climáticas. “Após um período excepcional nas vendas, ao longo de 2021, as vendas do segmento foram prejudicadas pelo fenômeno La Niña, que produziu temperaturas mais amenas em todo país”, encerrou.

Fonte: JCAM

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