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Retomada da indústria depende de vacinação

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08/02/2021

Fonte: Acrítica

Por Giovanna Marinho

O recuo da produção industrial no Brasil deve refletir também nos números da Zona Franca de Manaus (ZFM). Na última pesquisa mensal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) o seguimento registrou um queda de 4,5% em sua produção no ano passado, e essa retração teve como principal fator a pandemia da covid-19.

Mais de 60% dos 805 produtos pesquisados pelo IBGE tiveram alguma redução. A marca mais agressiva desse prejuízo foi nos meses de março e abril. Enquanto os números da doença cresciam, o setor, com as linhas de produção paradas, encolhia 27,1%.

No Amazonas não foi diferente, apesar da recuperação surpreendente, a melhor dentre os estados da federação, totalizando um crescimento de 14,9% até outubro, última atualização por unidade federativa. O vice-presidente da Federação da Indústria do Estado Amazonas (Fieam), Nelson Azevedo, avalia que os dados positivos do segundo semestre de 2020 não serão o suficiente para encobrir o déficit da produção dos primeiros seis meses do ano.

FALTA DE INSUMOS

Os fatores que mais influenciaram para essa marca, de acordo com ele, além das medidas sanitárias necessárias para o combate ao novo coronavírus, foram a falta de insumos para as fábricas e a dificuldade de acesso aos consumidores devido ao fechamento do comércio não essencial.

“No Estado do Amazonas, tivemos uma retração igual e muito aguda no primeiro semestre, onde as empresas concederam férias coletivas aos seus funcionários, também se utilizaram das medidas provisórias editadas pelo governo federal e negociaram com seus funcionários a redução de jornada de trabalho e salário, e em alguns casos, a suspensão temporária do contrato de trabalho", lembra Azevedo.

Exemplo dessa escalada na recuperação nos meses subsequentes ao primeiro quadrimestre do ano passado foi que em dezembro a indústria brasileira produziu 0,9% a mais em relação ao mês anterior e 8,2% se comparado a 2019.

DUAS RODAS

Um dos setores mais prejudicados pela pandemia foi o de duas rodas. Manaus, uma das cidades brasileiras mais atingidas pela covid-19, abriga a maior produtora de motocicletas no Brasil, a Moto Honda da Amazônia, que mais prorrogou a para- da na produção por duas vezes ao longo do ano passado e em 2021 fechou o chão de fábrica novamente, retornando às atividades nesta quinta-feira (4).

O volume de motos produzidos em território nacional em 2020 foi 13,2% menor do que no ano anterior, quando a Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo) registou a produção de 1,1 milhão de motocicletas.

O presidente da Abraciclo, Marcos Fermanian explica que a demanda pelo modal está em alta, tanto no mercado interno quanto externo, mas ressalta que as fabricantes seguem trabalhando com medidas restritivas em suas unidades industriais, o que impacta no volume produtivo e, consequentemente, nas vendas.

“Recentemente, com a implantação do toque de recolher pelo governo do Amazonas todas as associadas adequaram seus turnos de trabalho. Além disso, redobramos os cuidados com as medidas de saúde e segurança para garantir a saúde dos colaboradores”, contou Marcos Fermanian.

VACINAÇÃO

Tanto o dirigente da Abraciclo, quanto Nelson Azevedo concordam que o Brasil precisa acelerar a vacinação para encontrar o caminho de volta para a recuperação econômica que o país traçava antes de março de 2020.

“A chegada da vacina será o ponto chave para recuperarmos as perdas provocadas pela maior crise, tanto sanitária quanto econômica, que já enfrentamos. Por isso, acreditamos que a tendência é que a produção de motocicletas siga em ascensão nos próximos meses”, afirma Fermanian.

"Acreditamos que com a imunização da maioria da população contra a doença, irá trazer bons reflexos na economia para o setor industrial do nosso estado", disse Nelson Azevedo.

Seis setores apresentam aumento

Enquanto 26 setores industriais registram queda na produção, seis s tiveram aumento em 2020. A Transire Eletrônicos, por exemplo, registrou resultado acima do esperado mesmo sendo uma das primeiras a paralisar as produções em março do no ano passado.

Esse fechamento adiantado em relação a maior parte das empresas no PIM, segundo o CEO da Transire, Paulo Luisada, favoreceu a adoção das medidas necessárias para retornar a produção com segurança. Um dos fatores que contribuíram para o crescimento da demanda pelas maquinetas de cartão produzidas na fábrica, para ele, foi o fechamento dos serviços não essenciais que reprimiram a demanda em um momento no qual a população evitou manusear dinheiro em células de papel.

Além disso, o crescimento do desemprego conduziu as pessoas ociosas para o mercado informal, aumentando a procura pelos produtos no mercado. “Pela característica do nosso produto e pela crise gerada no ano passado, a gente acabou tendo um certo aumento de demanda no segundo semestre do ano”, disse o Luisada.

O CEO, projeta que o setor industrial possa registrar um crescimento a níveis anteriores à covid-19, de dois a 4 anos pós-pandemia.

Até outubro, PIM faturou R$ 95,4 bi

Os dados oficiais de desempenho do Polo Industrial de Manaus (PIM), compilados pela Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), foram atualizados pelas última vez em outubro de 2020. Novembro e dezembro, segundo a entidade, ainda estão sendo consolidados, devido alterações de rotina de trabalho das empresas locais por conta das medidas de combate à pandemia.

Até outubro, o PIM registrou faturamento de R$ 95,49 bilhões, um aumento de 9,71% na comparação com o mesmo período de 2019, quando registrou R$ 87,04 bilhões. Já em dólar, devido à variação cambial, o faturamento de 2020 até outubro (US$ 18.24 bilhões) ficou abaixo do registrado no mesmo período de 2019 (US$ 22.21 bilhões).

Entre janeiro e outubro de 2020 foi registrada uma média de 91,8 mil trabalhadores nas linhas de produção das empresas. Somente em outubro eram quase 95,7 mil postos de trabalho ocupados, entre efetivos, temporários e terceirizados. Ao longo de 2020, 22.180 trabalhadores foram admitidos e 18.050 dispensados, gerando um saldo positivo de 4.130 novos empregos no Polo.

Em números

26 setores industriais registram queda em 2020. Entre eles estão: veículos automotores, reboques e carrocerias (-28,1%); confecção de artigos do vestuário e acessórios (-23,7%); indústrias extrativas (-3,4%), metalurgia (-7,2%), couro, artigos para viagem e calçados (-18,8%).

4 grandes categorias econômicas da indústria registraram queda: bens de consumo duráveis(-19,8%), bens decapitai, isto é, máquinas e equipamentos usados no setor produtivo (-9,8%), bens de consumo semi e não duráveis (-5,9%) e insumos industrializados usados no setor produtivo (-1,1%).

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