CIEAM | Centro da Indústria do Estado do Amazonas CIEAM | Centro da Indústria do Estado do Amazonas

Notícias

Restrições em Manaus reduzem ritmo na Zona Franca

  1. Principal
  2. Notícias

02/02/2021

Wilson Périco: setor tem fornecimento limitado de gases como oxigênio e nitrogênio, usados como insumo — Foto: Silvia Costanti/Valor

Fonte: Valor Econômico

Por Marta Watanabe

Em meio ao colapso do sistema de saúde e na segunda semana de regras mais rígidas de circulação de pessoas, 90% das indústrias do Polo Industrial de Manaus estão impedidas de trabalhar em dois a três turnos. A exceção são ramos essenciais, como alimentício, farmacêutico e de saúde. Com isso, a produção tem hoje um problema de oferta, segundo avaliação do governo estadual.

Jorge Nascimento, presidente da Eletros, que reúne a indústria eletroeletrônica e de eletrodomésticos diz que por enquanto não há risco de desabastecimento, em razão dos altos estoques com os quais o setor comumente trabalha. As mercadorias em trânsito e as saídas de produtos das fábricas estão garantidas até a terceira semana de fevereiro, diz Nascimento.

Mas caso as atuais restrições prevaleçam por mais de duas semanas adicionais, explica, as saídas de mercadorias dos fabricantes passarão a ficar comprometidas. Até agora, com a restrição válida desde a semana passada, diz ele, houve perda de 30% da produção programada para janeiro. Segundo ele, a indústria vinha se recuperando e trabalhando em ritmo de um “janeiro normal”, com dois a três turnos, até o início das restrições.

Segundo o secretário de Fazenda do Amazonas, Alex Del Giglio, o receio é de que o cenário da crise sanitária do ano passado se repita, com uma segunda onda inicialmente mais forte no Amazonas, que depois se dissemine para o resto do país, afetando o consumo dos Estados do Sul e Sudeste. “O problema hoje de oferta passaria a ser de demanda.”

Sob a fase roxa, a mais grave no mapa de cores estabelecido pelo governo estadual para a pandemia, a população amazonense está submetida desde o dia 25 a medidas mais fortes para conter o avanço da covid-19.

Há restrição de circulação em vias públicas em todo o Estado por 24 horas, permitindo apenas o funcionamento de supermercados, padarias, farmácias e serviços considerados essenciais. A circulação para aquisição de produtos essenciais à vida está limitada a uma pessoa por núcleo familiar. As medidas, inicialmente válidas por uma semana, foram prorrogadas até o dia 7 de fevereiro. O governo estadual também suspendeu o ponto facultativo do Carnaval, para evitar aglomerações.

Para as indústrias, a produção está liberada apenas entre 6h e 19h, de segunda a sexta, o que impede o segundo e terceiro turnos das indústrias, atingindo 90% das empresas do Polo Industial de Manaus, em termos de faturamento e geração de emprego, segundo Wilson Périco, presidente do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam).

A medida, explica Périco, não vale para a indústria de produtos essenciais, como alimentos e de bens ligados à saúde e medicamento, mas pega em cheio fabricantes de eletroeletrônicos, eletrodomésticos, duas rodas e bens de informática, entre outros.

Del Giglio explica que algumas empresas deliberadamente pararam de produzir, porque o trabalho em apenas um turno não compensa o custo de abrir as portas da fábrica. Um problema adicional, diz Périco, é que as indústrias têm trabalhado com os gases industriais (oxigênio e nitrogênio), que servem de insumo a parte da produção, de forma limitada. Isso porque a capacidade de produção local de gases está voltada ao fornecimento de oxigênio para a saúde.

Como as indústrias não contam mais com o BEm, programa de preservação de empregos do governo federal que possibilitou a redução de jornada de trabalho e salário, Périco diz que há preocupação caso as restrições se mantenham no nível atual.

O Amazonas, lembra Del Giglio, foi um dos 18 Estados que assinaram carta solicitando ao governo federal a extensão do auxílio emergencial aos mais vulneráveis. Segundo ele, o Estado tem uma poupança relativa a um superávit financeiro de cerca de R$ 700 milhões apurado ao fim de 2020, resultado em parte das transferências do governo federal. Isso, diz ajudaria a manter as contas estaduais durante um período de seis meses, com queda de arrecadação de 15% a 20%.

Coluna do CIEAM Ver todos

Estudos Ver todos os estudos

Diálogos Amazônicos Ver todos

CIEAM | Centro da Indústria do Estado do Amazonas © 2023. CIEAM. Todos os direitos reservados.

Opera House