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Redução de funcionários deve continuar no setor de Duas Rodas, aponta Abraciclo

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21/07/2014

Na capital amazonense para apresentar os resultados do setor de Duas Rodas, o presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo), Marcos Fermanian, comentou sobre as perdas que o segmento amargou no primeiro semestre de 2014 e o reflexo nos empregos do Polo Industrial de Manaus (PIM).

No primeiro semestre, os fabricantes produziram 8,4% a menos do que no mesmo período do ano passado e as vendas caíram 12% em igual intervalo.

Mesmo com esse resultado, Fermanian comemora a aprovação da prorrogação dos incentivos fiscais da Zona Franca de Manaus por mais 50 anos, o que segundo o executivo, deve atrair mais investimentos do setor para o Amazonas.

A estimativa é que 2014 encerre com uma produção de 1,5 milhão de unidades.

Perfil


Marcos Fermanian
Economista por formação, começou a carreira na área de administração de negócios da Honda, em 1987. Em 1993, ingressou na área comercial e, em 2007, comandou a Honda Serviços Financeiros. Fermanian assumiu a Abraciclo em 2012 e está no segundo e último ano do mandato.

Qual a sua avaliação do Polo de Duas Rodas em 2014?


O setor de motocicletas caminhou bem até o primeiro trimestre desse ano. No acumulado desse período tivemos uma reserva positiva com relação a 2013 e já era esperada uma queda de demanda com a vinda da Copa do Mundo, pois muitos fabricantes anteciparam suas férias coletivas de meio de ano. Normalmente, essas férias acontecem em julho, mas, neste ano elas foram antecipadas para junho. Essa antecipação fez com que a produção ficasse abaixo em torno de 9% com relação a 2013. Mas a demanda não correspondeu como o aguardado. Caímos algo em torno de 4% no primeiro semestre, o que já foi suficiente para promovermos ajustes no plano de produção e mais a frente terão mais ajustes ainda.

Como serão esses ajustes?

No primeiro semestre acumulamos estoques nas fábricas e também nos concessionários. Esse período de férias em junho deverá ser suficiente para ajustarmos esse estoque e, com o corte de produção, até o final do ano teremos uma redução em torno de 4% (na produção e na venda de atacado). Esses 4% representam algo em torno de 45 mil motos, ou seja, é um percentual aparentemente pequeno, mas bastante significativo.

O estoque dos fabricantes é algo que preocupa a Abraciclo?

A questão do estoque já foi equalizada, mas a questão da necessidade de ajuste de produção não é algo simples. Isso causa um impacto em toda a cadeia produtiva. Além de ter um impacto negativo nos fabricantes que, evidentemente, em algum momento terão de ajustar seu quadro de funcionários, isso também impacta nos fornecedores. Na outra ponta, os concessionários ficam com volumes menores, com margens mais estreitas de lucro, pois a guerra de preço acaba acontecendo.

Com este quadro é mais difícil manter os empregos?

Esse é outro fator que é consequência da queda nas vendas. Do final do ano para cá, já houve uma perda na empregabilidade. Mas, por outro lado, o setor tentou segurar esse quadro de funcionários esperando que o mercado fosse reagir positivamente. Mas isso não aconteceu e foi preciso fazer ajustes na produção. Então, deve continuar o movimento de redução de quadro de funcionários até o final do ano, infelizmente. Ainda não temos uma ideia de quanto será essa redução, os fabricantes estão estudando, analisando seu quadro funcional e qual será a medida desse ajuste.

Em termos de preço, é possível haver mudança?

Redução é praticamente impossível, pois a gente já vem nesses últimos anos praticando aumentos muito abaixo da inflação, o que vem corroendo as margens de lucro dos fabricantes. Se passarmos ao menos o índice da inflação, nossos preços deveriam ser o dobro do que são hoje. Nesse aspecto, todos nós estamos fazendo o máximo de esforço, pois sabemos que 80% do nosso mercado é voltado para as classes C, D e E, que é muito sensível à variação de preço. Fazemos esforço para não repassar todos os custos do setor para o consumidor.

A restrição do crédito ainda é um problema para o setor?

A restrição de crédito continua sim. Tivemos queda nas vendas financiadas, que foram compensadas pelas vendas à vista. Mas a venda à vista ela é diferente porque vem junto com o aumento de desconto para estimular o consumidor nas concessionárias. Isso contribui para a redução de lucratividade das concessionárias. Hoje, não temos muitas alternativas. O que temos de alternativa para avançar nas vendas são apenas os bancos públicos e os bancos ligados às montadoras. Os bancos privados, em si, não apontam para uma vontade de avançar no nosso segmento, pelo menos por hora. Do outro lado, se essa demanda não reagir a essas situações, a saída é ajustar o fornecimento de produtos e adequar a nossa produção à necessidade do mercado.

Como o setor avalia a  prorrogação da Zona Franca de Manaus?

Todos nós do setor estávamos muito ansiosos em torno da aprovação da prorrogação da Zona Franca de Manaus. Em meio a muitas notícias negativas, essa foi uma que nos deu um alívio muito grande, principalmente por conta da segurança em manter os investimentos. Inclusive possibilita o setor de Duas Rodas a continuar o trabalho começado há alguns anos, de condensar a cadeia produtiva. Mesmo com redução do volume de vendas de produção, 1,5 milhão de unidades produzidas é um número significativo. A aprovação deve atrair novos investimentos para a região, então o setor fica bastante grato a toda a classe política que apoiou a aprovação da medida.

Fonte: Portal D24am.com

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