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Recuperação da economia será o grande desafio de Temer, dizem analistas

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16/05/2016

Em 2007, quando foi confirmada a maior descoberta de petróleo da história do país, as reservas do pré-sal, o Brasil experimentava um momento único. A economia tinha crescido 6,1% naquele ano, incentivada pela exportação de commodities agrícolas. A inflação caiu de 6,88% em 2005 para 3,6%, a menor taxa desde 1998. A confiança era inabalável e os investidores concordavam que o Brasil era o mais promissor dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), com democracia estável, população jovem e recursos naturais abundantes.

Menos de uma década depois, a realidade mudou. A principal economia da América Latina mergulhou na pior crise econômica deste século, agravada pela forte queda no preço dascommodities (matérias-primas), pelo aumento insustentável da dívida pública, pelo processo deimpeachment que paralisou o Congresso e por um escândalo de corrupção na Petrobras.

A situação que o presidente interino, Michel Temer (PMDB), terá que enfrentar nos próximos dias não é favorável. O Produto Interno Bruto (PIB, a soma dos bens e serviços produzidos no país) encolheu 3,8% em 2015, a pior queda em 25 anos. A expectativa para 2016 é de que a retração se mantenha em torno de 3,8%. A inflação mais que dobrou em relação a 2007 e com isso a taxa básica de juros ultrapassou os 14%. O desemprego passou dos dois dígitos: 10,2% dos trabalhadores estão fora do mercado, o que representa 10,4 milhões de brasileiros.

Com o aprofundamento da recessão, milhões de brasileiros que ingressaram na chamada “nova classe média” durante a boa fase da economia estão retornando para a pobreza. Estudo da consultoria Tendências, com sede em São Paulo, prevê que 3,1 milhões de famílias, cerca de 10 milhões de pessoas, voltarão a integrar o grupo menos favorecido da população. A mobilidade social vista em sete anos (de 2006 a 2012) pode ser apagada em três (2015 a 2017), diz o estudo.

Um esforço muito grande terá que ser feito para reconquistar a confiança dos investidores e colocar a economia de volta nos trilhos. O fundador da consultoria para mercados emergentes EM+BRACE, Robert Abad, com sede na Califórnia, acha que o novo governo terá que começar tudo de novo e provar ao mercado que as políticas econômicas propostas são sólidas, o que levará tempo.

“Foram anos para que o Brasil recebesse grau de investimento das agências de classificação de risco, para que o mercado acreditasse que o milagre estava acontecendo”, diz Abad. Com a crise, o Brasil foi rebaixado pelas três principais agências internacionais (Standard and Poor's, Moody's e Fitch) e perdeu o título de bom pagador, o que afastou os investimentos estrangeiros.

A plataforma econômica apresentada por Michel Temer, em outubro, foi bem recebida pelos mercados financeiros, mas recebeu críticas de sindicalistas. Na Ponte para o Futuro estão previstas reformas, como a previdenciária e trabalhista, e mudanças na Constituição para permitir um corte profundo nos gastos do governo. O documento prevê ainda maior abertura ao capital estrangeiro. O objetivo é criar condições para que o Brasil alcance um desenvolvimento sustentado de 3,5% a 4% ao ano na próxima década, meta desafiadora para uma economia que deve sofrer contração de 3,8% este ano.

Muitos analistas, entretanto, estão cautelosos. “Vai haver uma boa vontade inicial, uma fase de lua de mel. Mas do ponto de vista das ruas, Temer não representa grande mudança. Não sabemos se as manifestações vão parar”, diz o cientista político Anthony Pereira, diretor do King's Brazil Institute, em Londres.

Fonte: Portal D24am.com

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