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Queda no poder de compra do consumidor afeta indústria da ZFM

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09/04/2019

Notícia publicada pelo Jornal do Commercio

Dados do Banco Mundial que apontam o declínio da renda da população brasileira aumentam ainda mais a apreensão da economia do Amazonas e também do resto do País. Esta é a análise das principais lideranças empresariais e políticas do Estado. Segundo a instituição financeira, a crise econômica empurrou pelo menos 7,4 milhões de brasileiros para a linha de pobreza entre 2014 e 2017, um cenário preocupante que assusta todas as esferas do poder.

Os cálculos foram feitos pela Folhapress com base nesses números divulgados. De acordo com o organanismo internacional, houve um aumento de 20,4% – de 36,5 milhões para quase 44 milhões – no total de pessoas vivendo com menos de US$ 5,5 por dia. O valor representa a linha oficial da pobreza, expresso em paridade do poder de compra (PPC), refletindo diferenças no custo de vida dos países.

Com base na cotação atual entre o real e o dólar, seria o equivalente a cerca de R$ 637 por mês. O Banco Mundial trabalha ainda com a definição dos que são considerados extremamente pobres, precisando sobreviver com menos de US$ 1,90 (em PPC) por dia, o equivalente a R$ 220 a preços de hoje.

Na visão dos principais analistas, a frustração é geral. “Quem esperava um panorama mais confortável em 2019 capaz de dar maior poder de compra ao consumidor, agora admite que a situação caminha para uma derrocada abrupta caso o atual governo federal não administre com habilidade as divergências com o Congresso Nacional”, diz o economista Ailson Resende, que conhece com intimidades as atividades da ZFM (Zona Franca de Manaus).

“O problema é estrutural. Só compra quem tem dinheiro e se as empresas não vendem, as atividades não crescem. Simples de entender”, explica. De acordo com o economista, a economia brasileira começou a ganhar fôlego a partir de 2018, mas o impasse gerado com a greve dos caminhoneiros interrompeu essa recuperação.

“Mesmo com todos os incentivos do então presidente Michel Temer (MDB), que chegou a reduzir os incentivos fiscais dos concentrados no Amazonas para dar fim à greve da categoria, a crise se manteve, mas esperávamos que a partir de 2019 a situação fosse menos adversa e houvesse mais crescimento”, avalia o economista.

Ele lembra que, na época, quem mais saiu prejudicada dessa briga com a categoria foi o setor de bebidas, que teve a sua alíquota reduzida de 20% para 4%, afugentando investimentos e obrigando a poderosa Pepsi a deixar suas atividades na região. “Quer dizer, o Planalto tirou de um segmento para beneficiar outro. E o problema se mantém até hoje, sem previsão de solução”, diz.

O economista avalia que a crise econômica tem dois aspectos. Para ele, os dados do Banco Mundial demonstram um expressivo declínio da economia brasileira, que impacta significativamente nas atividades do PIM, hoje a maior receita do Estado. Afinal, é do parque industrial que vem pelo menos 90% de toda a arrecadação estadual. “Com essa crise, quem é rico fica mais rico e quem é pobre fica ainda mais pobre”, analisa o especialista. “Os mais abastados não estão muito procupados. Eles podem comprar o que quiserem”, acrescenta.

Bolsonaro (PSL) que, envolto em sucessivas brigas com os parlamentares em Brasília, não consegue resolver nada. “Hoje, existe uma dinastia no poder. Agora são o rei e seus descendentes. Cada um produzindo as coisas mais bizarras possíveis. Ninguém soluciona nada”, diz o economista. Resende disse que as atividades do PIM foram muito promissoras em outras épocas e chegaram até a superar o crescimento da economia de todo o País. Para ele, a redução do poder de compra do brasileiro impacta principalmente nas regiões Norte e Nordeste, que são as mais pobres do Brasil.

O economista atribui ainda ao IR (Imposto de Renda) à redução do poder de compra da população. Segundo ele, as pessoas com menor poder aquisitivo são às vezes mais tributadas que as mais ricas. “Se tem um reajsute, paga mais imposto. Portanto, nunca haverá um aumento real porque o salário é corroído”, explica. Hoje, o Brasil tem pelo menos 208 milhões de habitantes. Metade disso trabalha e um quarto paga IR. “Desses, só 50 milhões milhões pagam IR. É muito perversa essa tributação”, afirma ele.

O presidente da CDL Manaus (Câmara de Dirigentes Lojistas de Manaus), Ralph Assayag, também compartilha das mesmas preocupações com o cenário adverso divulgado pelo Banco Mundial. Para ele, as vendas devem afetar o desempenho do comércio. “Vamos esperar que o atual governo federal possa conduzir medidas para superar a crise”, diz ele, demonstrando otimismo, apesar da derrocada econômica que afeta todos os segmentos.

Segundo Assayag, falta superar as divergências que dificultam a relação do Planalto com o Congresso e ainda alguém com habilidade para tentar uma maior aproximação. “Devemos pensar em todos – tanto na população como em todos os segmentos econômicos”, analisa. Hoje, existem 500 mil empregos diretos e indiretos, em média, nas empresas instaladas no parque industrial de Manaus. Só os diretos chegam a pelo menos 180 mil ocupações. Mas a maior preocupação é com o interior do Estado, onde os municípios (praticamente sem nenhuma atividade econômica) dependem dos repasses estaduais e federais. “A situação pode ficar pior ainda nas cidades ribeirinhas”, diz Resende.

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