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Queda na produção já cortou 15 mil empregos, diz presidente do Cieam

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10/04/2015

Só nos primeiros dois meses de 2015 o Polo Industrial de Manaus (PIM) demitiu cerca de 15 mil trabalhadores e a situação pode piorar ainda mais, na opinião do presidente do Centro da Indústria do Estado do Amazonas. De acordo com ele, a baixa no número de empregados nas empresas do PIM em relação ao mesmo período do ano passado é muito maior, mas seria injusto fazer essa comparação, porque no início do ano passado a produção industrial estava potencializada com a Copa do Mundo da Fifa.

"Nós devemos ter hoje no polo industrial ao em torno de 14 a 15 mil empregos a menos do que nós tínhamos em dezembro. Se você comparar esse dado com o mesmo período do ano passado, essa diferença é ainda maior, mas essa comparação eu não gosto de fazer porque no ano passado nós tínhamos o pré-Copa e a atividade estava aquecida por conta da Copa do Mundo. Então, você não vai ter bases comparativas similares".

O presidente do Cieam afirma que dezembro é um mês em que normalmente a atividade da indústria está aquecida e serve de parâmetro para comparação dos meses seguintes. "Em janeiro tivemos menos 7 mil empregos e em fevereiro, menos 7 mil ou menos 8 mil, o que dá hoje de 14 a 15 mil empregos a menos. E isso vai aumentar. O risco de isso aumentar é muito grande, porque você não vê nada que sinalize que a economia vai deixar de cair".

Queda na produção

Sobre a queda na produção industrial do Amazonas, o presidente do Cieam afirma que ela é mais acentuada do que mostram os números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo como os números divulgados na terça-feira, 7, a indústria do Amazonas assinalou um avanço de 2,2% em fevereiro na comparação com janeiro, mas no acumulado do ano, a perda é de 15,5%, depois de um janeiro com queda de mais de 18%.

"Essa recuperação em cima de janeiro, nós estamos pegando bases muito distintas, porque estamos falando de um mês pós-eleições, pós-Natal e Ano Novo, um período de férias em que a atividade estava praticamente parada. A verdade é uma só: a atividade industrial no país está caindo e aqui no nosso Estado tá caindo muito. E com um único diferencial: o nosso Estado não tem outra atividade econômica que permita o governo arrecadar o recurso que ele precisa para manter os programas dele".

O futuro

Para Wilson Périco, o futuro em relação à crise econômica é pessimista. Segundo ele, a crise que afeta todos os setores não foi resultado de medidas equivocadas tomadas há um mês ou seis meses atrás, mas é reflexo de uma série de medidas equivocadas e falta de outras medidas que deixaram de ser adotadas ao longo de anos.

Segundo ele, existe uma inércia na economia, com a falta de medidas e as medidas equivocadas, que fez com que o país conseguisse vencer uma inércia de crescimento, estagnar a produção e agora começa a descer. "Como isso aconteceu ao longo de anos, não vai ser do dia pra noite que vamos conseguir reverter esse quadro, não vai ser em meses. Nós precisamos de medidas acertadas do governo federal, porque a crise não é econômica, a crise é de credibilidade".

Wilson Périco afirma que a crise não deve ser vencida em 2015. "Eu não vejo nenhuma sinalização de que essa situação se resolva este ano, e me custa acreditar que vamos ter um mundo melhor no Brasil em termos econômicos em 2016. Tem a inércia; nós temos que estancar a sangria para depois começarmos a crescer de novo".

Falta de credibilidade

Para o presidente do Cieam, a falta de credibilidade afeta o consumidor, que vê o risco aos empregos e se retrai no consumo e passa a comprar apenas aquilo que é de muita necessidade; afeta o investidor, que vê o país líder do bloco da América Latina crescendo negativamente, enquanto Chile, Colômbia crescem 3% a 4% (previsão para este ano e o Brasil -1%). "Esse recurso [do investidor] não vai chegar aqui, ninguém vai aportar dinheiro aqui, agora".

A saída, segundo Wilson Périco, é o governo federal corrigir os desvios que ele criou. Ele lembrou de medidas como os incentivos à indústria com a redução de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), que "não foram medidas erradas naquele momento", mas que "o tempo que essas medidas permaneceram podem ter sido um equívoco", porque o governo abriu mão de receita e não fez o dever de casa para investir em infraestrutura no país para garantir a competitividade do modelo industrial.

"Eu não tenho lembrança, desde o governo Lula, de nenhuma inauguração, nenhuma obra de grande porte em infraestrutura que tenha sido entregue. Não tem um porto grande de última geração que tenha sido construído e entregue; não tem um aeroporto, mesmo com a Copa do Mundo, que foi entregue conforme os projetos; não tem uma ferrovia, os investimentos em comunicação não aconteceram".

Por outro lado, segundo Périco, foi construído o Porto de Mariel, em Cuba, "feito com dinheiro nosso", e aeroportos em países da África do Sul, "que foram feitos com dinheiro nosso". "Esses foram os desmandos e o governo tem que resgatar a credibilidade", disse o presidente do Cieam.

Custo da máquina

Para início de conversa, segundo o empresário, o governo precisa fazer o dever de casa e reduzir o custo da máquina pública. Para ele, o governo gasta muito e gasta mal o dinheiro público. "39 ministérios é um absurdo, a quantidade de pessoas penduradas em cargos comissionados é outro absurdo, e você não vê medidas deste governo para corrigir isso", disse.

Périco afirma que o ajuste fiscal, que está sendo feito, não está errado, mas são necessárias medidas até anteriores, como o ajuste da máquina administrativa. "O governo tem que fazer esse ajuste fiscal, só que ao fazer o ajuste fiscal, ele aumenta o custo do produto, tira a competitividade da indústria e reduz o consumo; ele aumenta o custo de vida da população com o reajuste de preços da energia elétrica e dos combustíveis, e não fez lição de casa, que foi reduzir o custo da máquina pública".

Fonte: Amazonas Atual

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