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Queda da confiança leva indústria de eletrônicos a revisar projeções

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26/07/2018

Notícia publicada pelo Diário Comércio Indústria & Serviços

A desaceleração da economia provocada pela greve dos caminhoneiros agravou a falta de confiança do consumidor e a indústria de eletroeletrônicos pode revisar a projeção de crescimento para 2018.

“Estávamos passando por uma retomada, mas surgiu essa greve que parou diversos estados. Quando há indício de uma nova crise, há retração. A geração de emprego e produção caíram. Ninguém vai comprar uma geladeira se não tiver a certeza de que irá manter o emprego”, declarou ontem o presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), José Jorge do Nascimento Junior, em coletiva de imprensa. Atualmente, o crescimento projetado para o setor é de 10% a 15%.

De acordo com dados da entidade, houve crescimento de 14,6% no volume de encomendas à indústria no 1º semestre, com destaque para a venda de televisores, que foi 30% maior em relação ao mesmo período de 2017. Porém, houve uma queda de abril a junho na comparação com o desempenho do 1º trimestre. “Projetamos vendas de 12,5 milhões de TVs, retornando ao patamar de 2010, mas esse número pode ser revisto para baixo. Vamos aguardar os dados dos dois meses seguintes a Copa do Mundo”, afirma Nascimento.

Conforme o dirigente da Eletros, o volume de encomendas de televisores dos primeiros três meses foi 46% superior ao 1º trimestre de 2017. “Foi um período de produção e entrega alta, atendimento pleno ao varejo. As lojas já estavam abastecidas no momento da paralisação dos caminhoneiros, mas poderíamos ter tido resultados melhores, pois a greve impactou a confiança do consumidor.” O crescimento total da linha marrom (que inclui televisores e aparelhos de som e DVD) no semestre foi de 20,27%. O segmento de portáteis foi 12,99% superior ao mesmo período de 2017. Já a linha branca (geladeira, fogão, microondas, entre outros) teve desempenho mais modesto, 2,75% acima do 1º semestre do ano passado.

Cenário instável

Além de ter prejudicado as entregas de insumos aos fabricantes e de produtos ao varejo, uma das consequências da greve foi o aumento do frete. “O tabelamento está desproporcional a realidade, o reajuste chegou a mais de 100% em alguns casos”, aponta Nascimento. Ele afirma que a Eletros está atuando juntamente com a Confederação Nacional da Indústria (CNI) para rever o tabelamento. “Queremos mostrar que essa não é a melhor solução, tem que haver livre negociação. Acreditamos que o tabelamento é inconstitucional e não traz vantagem para ninguém. Os custos estão tão altos que pode compensar para as próprias indústrias fazer a entrega, o que vai prejudicar o caminhoneiro autônomo.”

O diretor do Grupo Eletrolar, Carlos Clur, declarou na coletiva que a instabilidade cambial é outro fator que também está atrapalhando o setor. “Está sendo um ano complicado. O problema não é o dólar alto, mas a variação constante. A oscilação impede uma política de preços mais clara e a indústria perde rentabilidade. O mercado precisa de regras mais bem definidas.”

Clur afirma que existe uma alta demanda por consumo de eletroeletrônicos, reprimida por três anos de crise. “O consumidor precisa de confiança de que não irá perder seu emprego para voltar a comprar.”

Nascimento afirma que a Eletros está se movimentando para dar maior segurança ao mercado. “Precisamos dar confiança ao consumidor e também fazer com que o investidor volte a acreditar no País, mostrando que a indústria está fazendo sua parte. A economia precisa girar e isso só vai ocorrer com um ambiente social e econômico equilibrados. Precisamos ousar ou perderemos a oportunidade de crescer.” O presidente da Eletros diz que os fabricantes estão buscando soluções para o ambiente voltar a ser favorável e garantir estabilidade a mão-de-obra. “Demitir nunca é a melhor saída, causa custos ao empregador. Além disso, o desempregado não tem renda e acaba não consumindo. Sempre se buscam alternativas, como desonerações.”

Nascimento também indica diversificar a produção como uma possível saída. “Quando um produto não está tendo demanda, as empresas procuram lançar outro e realocar a mão-de-obra para essa nova produção”, assinala.

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