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Quanto menor a empresa, maior é barreira para obter ajuda na pandemia

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19/05/2020

Fonte: Em Tempo

Waldick Júnior

A pandemia de coronavírus já dura mais de dois meses e com todo esse tempo, empresas de todos os tamanhos já demonstram abalo em suas estruturas. Para tentar 'segurar a barra' desses negócios, diferentes esferas governamentais têm aprovado medidas de ajuda da economia. No entanto, empresários e representantes da indústria e comércio apontam dificuldades para ter acesso a esses auxílios.

Essa barreira que divide pequenas empresas e a ajuda durante a pandemia é demonstrada, inclusive, em números. Uma nova pesquisa realizada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) aponta que 60% dos empreendedores de pequenos negócios tiveram pedidos de crédito negado no sistema financeiro, após procurarem ajuda durante a pandemia.

O mesmo estudo mostrou também que 29% dos empresários entrevistados afirmaram não conhecer quais medidas do governo ajudam as empresas, e outros 57% disseram apenas ter ouvido falar sobre medidas de ajuda na economia.

Nelson Azevedo, vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), diz que todas as empresas foram afetadas pela pandemia, mas que, quanto menor a empresa, maiores são as dificuldades para conseguir ajuda de bancos e diferentes níveis de governo.

Segundo ele, as pequenas empresas geralmente trabalham com pouco capital de giro, precisam gastar o que recebem e nesses casos são as mais afetadas. Somado a esse contexto, os negócios ainda têm dificuldade para conseguir ajuda.

"Hoje mesmo conversei com alguns colegas empresários e consultores de empreendimentos que me relataram enorme dificuldade dos negócios em conseguir ajuda de financiamento durante a pandemia. Eles relatam que, mesmo com medidas governamentais anunciadas, como mais crédito às empresas, a burocracia ainda têm dificultado o acesso a esses auxílios", afirma Azevedo.

No caso do comércio, a situação é similar. Aderson Frota, presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Amazonas (Fecomércio) diz que muitos empresários do setor tem sido afetados pela falta de socorro.

"Avalio uma boa intenção dos governos, mas parece que eles também não percebem que os órgãos e bancos que intermedeiam esses auxílios estão cheios de burocracias. Pedem garantias que o pequeno empreendedor não pode oferecer, ainda mais na pandemia", observa Frota.

Sem ajuda, empresários se reinventam como podem

Empreendedores entrevistados pelo EM TEMPO relataram os mesmos problemas. É o caso de Bruno Bandeira de Melo, 39, que administra o Cantare Karaokê & Pub. O estabelecimento está fechado desdes o dia 18 de março, antes mesmo do decreto governamental que ordenou o fechamento do comércio não essencial como medida de prevenção ao novo coronavírus.

"Fechamos por sabermos que não cabia ficarmos abertos. Em um primeiro momento, resolvemos conceder férias a todos os funcionários, mas, como sabemos, a situação ainda não melhorou e o comércio não essencial segue fechado', comenta Bruno.

Ele relata que, no período, procurou ajuda de crédito em seu banco de relacionamento, mas não teve o pedido aprovado. Bruno diz que o mesmo aconteceu com outros amigos do ramo de bares e restaurantes.

"Nós não tivemos nenhuma ajuda relacionada a crédito. Os bancos, sem exceção, viraram as costas aos empresários, e também não há nenhuma ajuda de governos, seja ele em quaisquer das esferas. Procurei a Afeam [Agência de Fomento do Estado do Amazonas] e pelo WhatsApp fui informado que bar e restaurante eles não estavam atendendo", afirma o empreendedor.

Para conseguir manter o negócio vivo, Bruno teve de se reinventar. Inaugurou no dia 25 de abril um serviço de venda e entrega de alimentos. Com ele, o empresário diz estar conseguindo se manter e pagar seus funcionários durante a pandemia. Bruno ressalta que concorda com o fechamento do comércio não essencial e espera que tudo se normalize em breve.

Junto dele, também no ramo do comércio, está também Daniela Maia. Ela é empreendedora do negócio 'Make for You', de venda de maquiagens e diz que os negócios já caíram em 70% desde abril, quando passou também a trabalhar com serviço de entrega.

"Temos nove funcionários, e dada a crise, precisamos suspender o contrato de mais da metade. Cinco deles estão nessa alternativa proposta pelo governo federal para ajudar de alguma forma os empresários", comenta Daniela.

Quando perguntada sobre eventual pedido de ajuda por parte de governos de qualquer esfera, a empresária diz não foi atrás, mas que sabe que a situação está difícil.


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