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Quais decisões irão valer?

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06/09/2019

Ivânia Vieira

Professora da Ufam e Articulista de A CRÍTICA

e-mail: ivvieira@uol.com.br

A rodada de encontros entre representantes do governo federal e governadores dos Estados da Amazônia revela o nível de desconhecimento em relação a região. Os atores do governo central repetem frases feitas à exaustão e demonstram exatamente aquilo para o qual parecem ter sido enviados: defender o projeto de expansão capitalista nesta
parte do Brasil no viés mais atrasado desse modelo econômico e social.

Há encenação e enunciação danosas nos primeiros resultados das três reuniões (uma em Brasília, coordenada pelo presidente Jair Bolsonaro; outra em Belém; e a de ontem, em Manaus). Enquanto são feitos os encontros, os atos governamentais continuam; asdeclarações desastrosas, mas com alvo certo, prosseguem.

Ficam perguntas: que tipo de pacto pela Amazônia pode ser feito em um ambiente onde os gestores públicos promovem iniciativas de destruição? Quais consensos estão sendo firmados e em nome de quais interesses? À Amazônia não é dado tempo de sossego, muito menos de paz.

Os povos da região vivem sobressaltados e, no atual governo, voltaram em ritmo veloz os ataques, as cenas de desespero, a matança como meio de impor ordem e propriedade discutível. A guerra instaurada em nova versão da República se espalha entre os tiros de revólveres, grupos de invasão e de depredação. O autoritarismo ri diante do sangue espalhado e ironiza sobre os cadáveres.

Assim foi feito com os indígenas que, na versão presidencial, se tornaram os responsáveis pelas queimadas na floresta. Enquanto os indígenas choram diante da situação de profunda ameaça a que estão sendo submetidos e repudiam a tentativa oficial de incriminálos e dividi-los, o governo gargalha.

Reafirma a decisão de rever as terras indígenas demarcadas, suspender a demarcação de novas terras, abrir os territórios indígenas à exploração mineral e madeireira a partir de critérios externos, danosos.

Na arena das disputas pela Amazônia, o capital internacional enxerga as oportunidades escancaradas pelo governo federal e por governos estaduais que vêem o agronegócio como remédio a todos os males. O sul do Amazonas, região onde a intensidade de fogo representa 85% do total de focos de incêndio, é um indicador do tamanho da determinação de grupos empresariais em destruir a floresta.

Há duas décadas, pesquisadores, trabalhadores rurais, missionários e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) chamavam a atenção para o arco do desmatamento nessa parte da Amazônia e o preço que a maioria da população iria pagar. Um preço traduzido em assassinatos de indígenas, religiosos e agricultores, violência como regra de vida e expulsão em massa de moradores dessas localidades para a periferia econômica e social das cidades amazônicas.

O presidente brasileiro pede agora que brasileiros vistam o verde e o amarelo em defesa da Amazônia nesse 7 de Setembro enquanto aplaude o fogo que queima a vida na Amazônia .
Provoca e segue ateando o fogo.

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