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Prorrogação, educação e competitividade

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13/05/2014

Por Wilson Périco

Enquanto aguardamos o viés político priorizar o socioeconômico com a decisão de pautar o segundo turno da votação da PEC que prorroga os benefícios fiscais da Zona Franca de Manaus, inquieta a todos constatar que - nos indicadores internacionais do desempenho educacional do país – a Educação ainda está longe de ser uma prioridade do Brasil. Estamos indo na contramão: ao invés de prezarmos pela comprovação do aprendizado proibimos a reprovação. E uma das consequências dessa política equivocada mostra, nas duas últimas décadas, o Brasil nos últimos lugares em Linguagem, Ciência e Matemática, à frente apenas da Indonésia e do México, ora mergulhado na guerra do narcotráfico. Por aqui, o combate à tragédia educacional recorre ao protesto e greve de professores e alunos que, quase sempre, resultam em nada, reafirmando o lugar do Ensino na pauta das prioridades nacionais. E qual é a relação entre Ensino e Prorrogação da ZFM?   

Na última pesquisa internacional, que relacionou ensino e produtividade, há uma concordância na relação íntima da questão com a competitividade e a inserção do respectivo país nas economias desenvolvidas. Finlândia e a Coreia do Sul dominam o ranking, seguidas de destaques asiáticos, como Hong Kong, Japão e Cingapura. Alemanha, Estados Unidos e França estão em grupo intermediário, e Brasil, México e Indonésia integram os mais baixos. Ao analisar os sistemas educacionais bem-sucedidos, o estudo concluiu que investimentos são importantes, mas não tanto quanto manter uma verdadeira "cultura" nacional de aprendizado, que valoriza professores, escolas e a educação como um todo. O relatório destaca ainda a importância de empregar professores de alta qualidade, a necessidade de encontrar maneiras de recrutá-los e o pagamento de bons salários. No entanto a politica atual desmerece os educadores e lhes confisca a autoridade perante seus alunos e à própria sociedade. Saudades do tempo em que pequenas cidades tinham quatro autoridades representativas: o Prefeito, o Delegado, o Padre e o PROFESSOR.

A economia da Zona Franca de Manaus recolhe quase R$ 400 milhões por ano para a Universidade do Estado do Amazonas, além de R$ 1,3 bilhão para pesquisa e desenvolvimento, pagos pelas empresas de Informática. É possível se fazer uma revolução em termos de pesquisa de novas matrizes econômicas em nossa região. Não temos desculpas, nestes 47 anos do modelo, para universidades públicas de Manaus ocuparem, respectivamente, o 64º para a UFAM e 100º lugar para a UEA. E não é justo atribuir a responsabilidade exclusivamente ao poder público. Nas empresas e nas entidades, é tímido o investimento no critério da qualificação profissional. Tentamos resolver os gargalos na base do achismo em detrimento de propostas sedimentadas pela densidade do conhecimento e a segurança da informação procedente. Precisamos rever os critérios de utilização desses recursos e assegurar estruturas institucionais de acompanhamento. O desafio é coletivo e mutirão de esforços se impõe para equacionar a questão.

Na Amazônia, nos contentamos em inventariar a biodiversidade, e já conseguimos levar para o laboratório algo estimado em 5% das espécies. Esses estudos, porém, se multiplicam nas prateleiras, escaninhos e edições de revista científica. Estão, porém, de costas para o mercado, como se as pessoas que habitam essa imensidão florestal esquecida estivessem todas satisfeitas em suas necessidades básicas ou de ascensão econômica e social. Temos um volume anual de recursos para P&D, a libertária pesquisa focada no desenvolvimento inteligente, gerenciado pela pasta federal de Ciência, Tecnologia e Inovação. Infelizmente, porém, as entidades federais não se articulam na rotina, avaliação e proposição do futuro na produção de novas matrizes econômicas, para atrelar a prorrogação da Zona Franca de Manaus à sua inserção na política industrial, ambiental e de pesquisa & desenvolvimento do país, assegurar competitividade e, e de quebra, reduzir a dependência da caneta e do acordo de bastidor, para poder enfrentar os deploráveis índices de desenvolvimento humano que diversos municípios do interior apresentam.

Wilson Périco é presidente doCentro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam)


 

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