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Projeto da Ufam quer reduzir dependência do PIM por meio do extrativismo indígena

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21/01/2019

Notícia publicada pelo Portal Acrítica

A diversificação da economia do Amazonas como alternativa ao Polo Industrial de Manaus (PIM) para assim reduzir a dependência que o Estado ainda tem do modelo e promover uma melhor distribuição de renda nas cidades do interior. Essa é a proposta do Distrito Industrial de Cooperativas Indígenas. Um projeto desenvolvido na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), a ser aplicado inicialmente no Município de São Gabriel da Cachoeira (distante 852 quilômetros de Manaus), mas que poderá ser reproduzido em outros municípios, de acordo com as vocações naturais ou demandas de cada lugar.

“A Zona Franca de Manaus é um modelo que se encontra em estado de falência. Quando foi criada há 50 anos atrás tinha como objetivo diminuir as desigualdades econômicas e sociais entre a capital e o interior e fixar as populações na Zona Rural, mas o que se viu foi justamente o contrário: aumento das desigualdades sociais e econômicas, e uma explosão demográfica desordenada em Manaus, que saltou de uma população de aproximadamente 250 mil habitantes em 1968, para mais de 2 milhões no último censo [de 2017], e consequentemente o esvaziamento de algumas cidades do interior”, explanou o professor João Ricardo Bessa Freire.

Bessa é idealizador do projeto e pró-reitor de Extensão da Ufam, acrescentando que o resultado disso na capital é evidente, e vai do impacto ambiental (desmatamento e poluição dos igarapés) ao social (crescimento populacional desordenado que gerou bairros sem infraestrutura e aumento da violência urbana).

Para descentralizar mais o desenvolvimento econômico do Estado, o projeto propõe que haja uma menor dependência das indústrias de montagem (carro-chefe do PIM) e mais investimento nas atividades extrativistas; dessa forma explorando o potencial mineral, da psicultura e da agricultura de várzea das cidades do interior do Amazonas e contribuindo com a melhora dos Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) dos municípios.

No caso da instalação de um Distrito Industrial de Cooperativas Indígenas em São Gabriel da Cachoeira, além de fomentar o desenvolvimento econômico daquela região, tem como objetivo também contribuir de forma significativa para a redução dos elevados índices de suicídio e de dependência de drogas e álcool nas comunidades indígenas em razão do desemprego e da falta de perspectiva.

“O mini-distrito, com suas nove pequenas fábricas de produção de bens regionais, deverá gerar mais de 1.500 empregos diretos. Fora os 300 indiretos que atuarão na parte mais burocrática das cooperativas. A diversificação da produção de bens que leve em conta o potencial da biodiversidade amazônica é a saída para promover o desenvolvimento econômico do Estado”, destaca Bessa.

Recursos humanos futuros

Na maquete do projeto, em exibição na entrada do prédio da reitoria da Ufam, as fábricas do mini distrito terão formato de galpão, que poderão ser adaptadas de acordo com a natureza específica de cada setor produtivo. Eles abrigarão a sede da Federação das Cooperativas e mais 14 fábricas voltadas para atividades como a extração de madeira, granito, óleos vegetais, produção de vassouras de piaçava e sucos de frutas, entre outras.

“A partir da identificação da vocação produtiva de cada cidade, a Ufam e outras instituições de pesquisa deverão implantar novos cursos em seus campi para, assim, preparar recursos humanos capazes de produzir conhecimentos voltados para a produção de bens materiais e, consequentemente, fortalecimento dessas cooperativas. Não sou contra a Zona Franca, sou a favor, sim, da descentralização do modelo. Temos que reverter o processo e através desses mini-distritos criar uma política de emprego e renda no interior para fixar o homem no campo e evitar o êxodo rural”, explicou Freire.

Todos ganham

O mini-distrito de cooperativas se chama “Nipe’tirã Wahpata’se”, que em tucano significa “todos ganham”. A proposta foi apresentada durante o Fórum para o Desenvolvimento do Amazonas, em março de 2018, que teve a presença da Suframa, pesquisadores e políticos.

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