31/05/2022
Evaldo Ferreira
Alunos dos cursos de Engenharia Elétrica e Engenharia Eletrônica da UEA, por meio de um projeto de extensão coordenado pelos professores Fábio Cardoso e Israel Gondres, desenvolveram o SPM, um protótipo-conceito capaz de, a partir de sensores, reconhecer e sinalizar ao proprietário da moto que está ocorrendo uma tentativa de furto. Mais importante ainda. O SPM informa se a moto sofreu um acidente e imediatamente avisa aos serviços de emergência em saúde. Nessa entrevista ao Jornal do Commercio, Fábio Cardoso detalhou um pouco mais sobre esse invento.
Jornal do Commercio: Explique como funciona seu invento e como foi denominado?
Fábio Cardoso: Por meio de sensores embarcados, o SPM (Sistema de Proteção aos Motociclistas) reconhece e sinaliza ao proprietário da motocicleta que está ocorrendo uma tentativa de furto. O SPM também é capaz de neutralizar um roubo, desligando o circuito elétrico da moto em um tempo pré-determinado e mostrando sua localização por GPS, para que ela seja recuperada. A moto será ligada e dará partida apenas se a biometria estiver cadastrada. Além disso, o SPM foi projetado para reconhecer um acidente de trânsito e automaticamente emitir um alerta ao SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), o que proporciona maior agilidade no atendimento de primeiros socorros, potencializando as chances de sobrevida do condutor.
JC: Qual o diferencial do SPM em relação ao que já existe?
FC: Diria que, atualmente, não existem sistemas robustos que integrem sistemas antifurto e detecção de acidentes em tempo real.
JC: Fale da parte do SPM que será útil na hora de um acidente.
FC: Fizemos a implementação de sensores que percebem impactos e variações de inclinação. Com isso, temos como determinar quando ocorre uma queda na motocicleta e/ou um impacto externo, que é o que primariamente caracteriza um acidente, acionando dessa maneira as entidades de socorro.
JC: Esse invento só poderá ser utilizado em motos?
FC: A priori, nosso sistema visa proteger os usuários do trânsito que estão mais vulneráveis, tanto para acidentes quanto para a violência urbana. De fato, uma vez validada a tecnologia ela poderá ser implementada de forma eficaz em qualquer veículo automotor. Nossos sensores são capazes de registrar ocorrências e perturbações independentes de onde estejam instalados, portanto, a viabilidade técnica possibilita que nossa solução esteja disponível para toda a comunidade.
JC: O que está faltando para que seja industrializado e vendido?
FC: O projeto encontra-se na fase de protótipo-conceito. Isso significa que ele está no primeiro estágio para se tornar um produto. Como este desenvolvimento demanda um custo para a aquisição de componentes, desenvolvimento de tecnologia e utilização de recursos humanos, é necessário que haja investimentos para que o projeto possa avançar para o estágio de protótipo de produto. Com isso, é possível visualizar nosso ideal como um equipamento disponível comercialmente.
JC: Quem teve a ideia de criar o SPM, quando isso aconteceu e quanto tempo levou para a ideia se tornar concreta?
FC: Tivemos dois momentos em que pensamos sobre as duas abordagens, tanto o sistema de alerta de acidentes, quanto o sistema antifurto. Em 2016, um colega nosso, Lucas Alexandre, que hoje em dia está seguindo outros caminhos, idealizou um sistema que emitia um alerta para as entidades de urgência e emergência, em caso de acidentes, já o sistema antifurto foi idealizado em 2019, nesse mesmo ano, iniciamos os trabalhos. A equipe, composta pelos alunos Felipe Corrêa, Carlos Emanuel e Ana Maciel, desenvolveu, de forma cooperativa, com os alunos do LSE (Laboratório de Sistemas Embarcados), Arlley Gabriel e Matheus Assunção, o protótipo-conceito. O SPM foi desenvolvido em meio a pandemia de 2019, o que trouxe grandes desafios ao trabalho de prototipagem e testes eletrônicos, tendo em vista a necessidade da permanência em quarentena e distanciamento social. Para isso, uma parte do quarto de um dos integrantes da equipe foi transformado em laboratório, e ali, foram construídos os módulos eletrônicos do sistema.
BOX
LSE (Laboratório de Sistemas Embarcados)
É um laboratório dedicado, essencialmente, à pesquisa aplicada e à inovação tecnológica, desenvolvendo produtos, tecnologias e soluções de hardware e firmware embarcados, bem como, Inteligência Artificial, IoT e softwares de controle ou supervisórios em sistemas de eventos discretos, abrangendo UI/UX, front-end e back-end. Em relação às linhas de pesquisas, o LSE desenvolve soluções aplicadas em diversas áreas específicas, dentre as quais: eficiência energética, gestão de facilities, segurança em caixas eletrônicos, sistemas de sensoriamento para suporte à serviços ambientais, smart grid e indústria 4.0. A coordenação do LSE é formada por um conselho de docentes: André Luiz Printes, Fábio de Souza Cardoso e Raimundo Cláudio S. Gomes, este último, presidente do conselho. O corpo de pesquisadores e desenvolvedores do LSE é composto por docentes da própria UEA, além de outras instituições, bem como, por uma equipe formada por alunos de mestrado e doutorado.
Fonte: JCAM