17/04/2020
Fonte: Jornal do Commercio
A crise da Covid-19 reduziu a produção de bicicletas do PIM, no mês passado. As montadoras de Manaus encerraram março com 54.115 ‘bikes’ fabricadas, 8,3% a menos do que o obtido no mesmo período de 2019 (59.021) e 10,4% abaixo do total apresentado em fevereiro de 2020 (60.398). Foi o pior resultado para meses de março, desde 2015 (70.592), período inicial da crise brasileira anterior.
O desempenho comprometeu o acumulado, que vinha em trajetória ascendente nos meses anteriores. O balanço trimestral já aponta para um recuo de 7%, com 170.923 (2020) unidades contra 183.742 (2019). Os dados foram divulgados pela Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares) nesta quinta (16).
“A queda já sinaliza o impacto da pandemia do coronavírus, que obrigou as fábricas a se ajustarem, na segunda quinzena de março. Em seguida, 75% delas suspenderam temporariamente suas operações fabris para preservarem a saúde de seus colaboradores e evitarem a formação de altos estoques diante das notórias dificuldades de comercialização no mercado nacional”, declarou o vice-presidente do segmento de Bicicletas da Abraciclo, Cyro Gazola, no texto distribuído pela assessoria de imprensa da entidade.
No entendimento do dirigente, dado que a maior parte da produção segue suspensa ao longo de abril, o mês terá, “certamente”, um dos piores volumes fabricados na série histórica do segmento. Com isso, prossegue Gazola, a projeção de crescimento dos negócios estabelecida para 2020 será comprometida. Até o mês passado, a Abraciclo ainda esperava encerrar 2020 com 987.000 bicicletas produzidas no PIM e alta 7,3% sobre 2019 (919.924).
Gazola afirma que, entre as
várias medidas inclusas nos decretos dos governos estaduais
para combater a pandemia, a inclusão dos serviços de manutenção realizados pelas oficinas de
bicicletarias na lista de atividades
consideradas essenciais para a
sociedade foi “extremamente positiva”. “Os decretos permitiram
que parte das empresas ficasse
liberada para o atendimento ao
público, com os devidos cuidados e controles preventivos,
beneficiando ciclo-fretistas, que
prestam importantes e imprescindíveis serviços de delivery nas
cidades, bem como os ciclistas
em geral”, frisou.
Serviços essenciais
Em sintonia, o vice-presidente da Fieam e presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas,
Mecânicas e de Material Elétrico
de Manaus, Nelson Azevedo, também não vê luz no fim do túnel
para o polo de bicicletas do PIM,
assim como para os demais segmentos, mesmo diante do aquecimento do mercado de delivery e a
maior demanda de entregadores.
“Não enxergo saída para as
fábricas no curto prazo, nem dessa forma. Só o comércio essencial
está aberto e as revendas estão
fechadas, limitando as possibilidades de vendas a supermercados. Não vejo possibilidade
de nenhum segmento industrial
do PIM crescer nessa crise. Até porque produzimos apenas bens
essenciais e as empresas estão
super-estocadas”, lamentou.
Regiões e categorias
A categoria Estrada, embora
com volumes baixos (748 unidades), foi a que registrou a maior
variação percentual de produção
em março no PIM, com elevações de 31% na comparação com
março de 2019 (571 unidades) e
de 37,8% frente a fevereiro de
2020 (1.202 unidades). Em números absolutos, a Moutain Bike
(32.277) foi a categoria mais produzida, com altas anual de 0,8%
(sobre 32.033 unidades) e mensal
de 3,8% (em cima de 33.568).
Com 32.922 unidades, o Sudeste foi a região que mais recebeu bicicletas produzidas no PIM,
2,5% a menos do que em 2019
(33.850) e 7,7% a mais do que no
mês passado (30.624). Em seguida,
vieram o Sul (8.286) com recuos
de 4,2% (8.648) e de 14,9% (9.732),
respectivamente. Nordeste (6.988,
-1% e -32,9%), Centro-Oeste (3.684
unidades, -10,8% e -24,5%) e Norte
(2.165, -59,4% e -54,4%) vieram na
sequência.
Importações e exportações
Diferente do ocorrido nos
meses anteriores, o polo de bicicletas do PIM fechou março com
nova alta nas importações de produtos prontos e decréscimo
nas vendas externas de ‘bikes’
‘made in Manaus’, conforme
apontam os dados do portal de
estatísticas de comércio exterior
Comex Stat, analisados pela
Abraciclo.
Em março, a importação
somou 8.495 unidades, alta de
103,5% na comparação com o
mesmo mês de 2019 (4.174) e
de 142,4% ante fevereiro (3.504).
A maioria das bicicletas veio da
China (7.057 e +83,1% do total),
seguido por Camboja (868 e
10,2%) e Taiwan (361 e 4,2%). No
caso das exportações (749), foram registradas quedas de 1,3%
a março de 2019 (759 unidades)
e de 36,7% na comparação com
fevereiro de 2020 (1.183). Os principais destinos foram Paraguai
(570 e fatia de 76,1%), Uruguai
(150 e 20%) e Bolívia (15 e 2%).
Em depoimento ao Jornal do
Commercio, o gerente executivo
do CIN (Centro Internacional
de Negócios) da Fieam, Marcelo
Lima, informou que a balança
comercial seguiu a trajetória esperada no trimestre, a despeito
de uma redução na emissão de
certificados de origem para países do Mercosul, que começou na
virada de março para abril, com
retrações de 15% a 20%. “Espero
que não, mas creio que a queda
das exportações vai ser reforçada
a partir deste mês. E devemos ter
recuo nas importações a partir
de maio”, concluiu.