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Produção industrial no fim do ano fica estagnada

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15/01/2023

Por Marco Dassori

A produção industrial do Amazonas estagnou em novembro, após emendar dois meses seguidos de quedas. Apesar da sazonalidade favorável de fim de ano, o crescimento não passou de 0,1% ante o mês anterior, em resultado melhor do que os de setembro (-3,1%) e outubro (-8,2%). Houve, no entanto, um novo crescimento em relação ao mesmo período de 2021 (+1,8%), mas este foi sustentado basicamente pelos segmentos de bebidas, motocicletas (+16%), além de produtos de borracha e plástico (+3,4%), em detrimento do polo eletrônico. A média nacional foi ainda pior em ambas as comparações (-0,1% e +0,9%).

Apesar do resultado pífio obtido no penúltimo mês do ano passado, a manufatura do Amazonas conseguiu consolidar taxas de expansão nos acumulados do ano (+4,2%) e dos 12 meses (+4,1%). Em 11 meses, além das três atividades citadas, também houve incremento em derivados de petróleo e biocombustíveis (+1,7%), a despeito das reduções nas linhas de produção de mídia digital, bens de informática e aparelhos de ar-condicionado. Mas, o Estado saiu-se melhor do que as respectivas médias da combalida indústria brasileira (-0,6% e -1%) nesses cenários também. É o que revelam os dados da pesquisa mensal do IBGE para a atividade, divulgada nesta sexta (13).

A progressão mensal de 0,1% na atividade fez o Amazonas galgar do 11º para o nono lugar do ranking do IBGE, em um mês em que a média nacional voltou ao vermelho. O pódio foi ocupado por Paraná (+8,5%), Espírito Santo (+7,6%) e Ceará (+4,3%). Os piores resultados, por outro lado, vieram do Pará (-5,2%), Pernambuco (-2%) e Rio Grande do Sul (-1,3%), em uma lista com seis desempenhos negativos.

Considerando o avanço na comparação com novembro de 2021 (+1,8%), o Estado subiu da sexta para a quinta posição. Os melhores resultados vieram de São Paulo (+7,3%), Rio de Janeiro (+6%) e Minas Gerais (+4,7%), enquanto os piores se situaram no Pará (-16,5%) e Espírito Santo (-12,2%). Apesar do acréscimo detectado nos 11 meses iniciais de 2022 (+4,2%), o Amazonas caiu da segunda para a terceira colocação, sendo precedido por Mato Grosso (+21,3%) e Rio de Janeiro (+4,4%), em um rol encerrado pelo Pará (-8,9%).

Bebidas e motocicletas

Na comparação com novembro de 2021, a indústria extrativa (óleo bruto de petróleo) encolheu 4,1%, enquanto a indústria de transformação cresceu 2,1% – em uma alta muito menos modesta do que a anterior (+1,8%). Apenas três de seus segmentos conseguiram acompanhar o movimento ascendente, uma mais do que em outubro. A lista incluiu apenas bebidas (+29%); “outros equipamentos de transportes” (motocicletas e suas peças, com +16%); e produtos de borracha e material plástico (-3,4%).

A lista de subsetores em baixa foi liderada novamente por “impressão e reprodução de gravações” (DVDs e discos, com -93,1%). Na sequência estão as divisões de máquinas e equipamentos (condicionadores de ar e terminais bancários, com -25%); produtos de metal (lâminas, aparelhos de barbear, estruturas de ferro, -20,8%); petróleo e combustíveis (gás natural, com -15,2%); máquinas, aparelhos e materiais elétricos (conversores, alarmes, condutores e baterias, com -11,8%); e de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (celulares, computadores e máquinas digitais, com +11,4%).

O acumulado do ano ainda mostra um quadro um pouco mais favorável para a indústria do Amazonas. A indústria de transformação (+4,5%), e suas divisões de bebidas (+18,2%); “outros equipamentos de transporte” (+9,6%); de borracha e material plástico (+4,5%); e de derivados de petróleo e combustíveis (+1,7%) avançaram. Na outra ponta estão os subsetores de impressão e reprodução de gravações (-86,5%); máquinas e equipamentos (-39,7%); produtos de metal (-11,4%); máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-6,6%); e equipamentos de informática e produtos eletrônicos e ópticos (-0,4%). A indústria extrativa (-2%) também se consolidou no vermelho.

“Furando a bolha”

O supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, disse à reportagem do Jornal do Commercio que, apesar do número tímido e próximo a zero, a indústria amazonense teve desempenho positivo em novembro, quando se leva em conta o cenário regional. O pesquisador avalia, entretanto, que os números da pesquisa e o cenário econômico brasileiro, trazem risco de uma nova queda, no próximo levantamento.

“Certamente, o mercado consumidor está retraído para determinados produtos de nossa cesta do PIM. Felizmente, algumas industrias ainda conseguem furar a bolha e alcançar mercados para seus produtos. As razões para a retração são a mais diversas, mas é fato que o momento não está estimulando consumo de bens duráveis, que é o forte da nossa produção. E, por conta do fraco desempenho dos últimos meses, a média móvel trimestral está bem negativa (-3,52%), o que não permite otimismo para a próxima divulgação. Mas, há esperança de que a indústria fechará 2022 com saldo positivo”, ponderou.

Recuperação e confiança

O presidente da Aficam (Associação dos Fabricantes de Insumos e Componentes do Amazonas), Roberto Moreno, avalia que “grandes variações, sem uma causa forte aparente”, como os problemas da logística mundial ou impactos da pandemia geralmente são gerados a partir de alguma situação pontual, que normalmente se equilibraria nos meses seguintes. O dirigente reforça o argumento, ao assinalar o acumulado positivo do setor, mas destaca que o cenário ainda está muito turvo para projeções.

“Estamos encerrando um ano que mostrou recuperação da economia. Dessa forma, entendo que não deveremos ter variações acentuadas nos primeiros meses do ano, excetuando os dias de paradas coletivas na produção, e do comércio, que não demonstra o mesmo desempenho no início dos anos. Temos de aguardar um pouco mais para ver se há alguma tendência pela frente. Continuamos confiantes na força da indústria amazonense e em seus colaboradores para termos sucesso também em 2023”, afiançou.

Estabilidade x dificuldades

O presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), Antonio Silva, considerou que os números denotam “exatamente o ano que a indústria do Amazonas teve”, ao demonstrar sua estabilidade ante às dificuldades econômicas e estruturais. O dirigente ressalta, no entanto, o avanço obtido pelo setor em relação à 2021, em meio a um cenário de desconfiança do consumidor, pressão inflacionária e problemas no fornecimento de insumos, entre outros fatores que impossibilitam uma retomada mais forte.

“Em relação aos números consolidados de 2022, devemos ter um encerramento com variações mínimas no agregado. Para 2023, devemos observar como o mercado se comporta diante das medidas recém-anunciadas pelo novo governo. É preciso ressalvar, contudo, que questões exógenas, como o conflito na Ucrânia e o fornecimento de matéria-prima prima dos países asiáticos, podem influenciar nesses primeiros meses”, arrematou.

Fonte: JCAM

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