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Produção industrial do Amazonas segue na ‘gangorra’

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11/11/2021

Marco Dassori

Um mês depois de subir ao ranking nacional, a indústria amazonense voltou a mergulhar, em setembro. O Estado teve o segundo pior índice do país na variação mensal, acompanhando a média nacional, de longe. É o que mostra a pesquisa mensal do IBGE para a atividade, divulgada nesta quarta (10). O Estado manteve desempenho positivo nos acumulados, mas ficou devendo na comparação com o mesmo mês do ano passado – quando a manufatura local já surfava na onda da demanda reprimida. Seis dos nove subsetores pesquisados recuaram, inclusive duas rodas, eletroeletrônicos e informática.

A produção industrial do Estado tombou 4%, na passagem de agosto para setembro, em desempenho oposto ao do mês anterior (+6,8%). O decréscimo, também se manteve no confronto com setembro de 2020 (-13,5%), em um segundo mês seguido com variação anual negativa. O Estado conseguiu permanecer no azul nas comparações dos aglutinados do ano (+12,6%) e dos 12 últimos meses (+11,4%), mas saiu da lista das unidades federativas com índices acima do patamar pré-pandemia – que se resumiu a Santa Catarina (+5,2%), Rio de Janeiro (+1,7%), Paraná (+1,6%) e Minas Gerais (+10,2%). Os dados regionais podem ser verificados no gráfico abaixo:


Ao contrário do ocorrido no levantamento anterior, o resultado do Amazonas na variação mensal (-4%) foi significativamente pior do que o da também combalida média nacional (-0,4%). Com isso, o Estado caiu da primeira para a penúltima posição do ranking nacional do IBGE, que analisa mensalmente as indústrias de 14 unidades federativas. Ganhou do Ceará (-4,4%) e perdeu de Goiás (-2,3%). Em contraste, o pódio foi dividido por Pernambuco (+3,9%), Bahia (+3,7%) e Rio de Janeiro (+0,9%).

O decréscimo de 13,5% registrado na variação anual de setembro também fez o Estado ficar atrás da média brasileira (-3,9%) nesse tipo de comparação. Também despencou da sétima para a última posição, logo atrás de Bahia (-13,3%) e Ceará (-12,3%). Na outra ponta, Rio de Janeiro (+5,3%), Minas Gerais (+5%) e Santa Catarina (+1,5%) encabeçaram uma lista com apenas cinco desempenhos no azul.

Apesar da alta no acumulado do ano (+12,6%), a performance do setor não foi suficiente para evitar que o Amazonas caísse da vice-liderança para o quinto lugar do ranking brasileiro, superando a média nacional (+7,5%). Os melhores números vieram de Santa Catarina (+18,1%), Minas Gerais (+14,2%) e Paraná (+13,3%). Em contrapartida, Bahia (-13,4%), Mato Grosso (-5%) e Goiás (-4,4%) ficaram no rodapé da lista.

Plástico e metal

Na comparação com setembro de 2020, a indústria extrativa (óleo bruto de petróleo) saiu do campo negativo para a virtual estagnação (+0,2%). A indústria de transformação desabou (-14%), após a retração menos vitaminada do mês anterior (-1,1%). Somente três de seus nove segmentos investigados pelo IBGE se seguraram no azul – um a menos do que em agosto. A lista se resumiu a produtos de borracha e material plástico (+57,9%), máquinas e equipamentos (condicionadores de ar e terminais bancários, com +7,5%) e produtos de metal (lâminas, aparelhos de barbear, estruturas de ferro, com +5,3%).

O pior número veio novamente do subsetor de impressão e reprodução de gravações (DVDs e discos, com -54,6%). Foi seguido de longe pelas divisões de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (celulares, computadores e máquinas digitais, com -27,2%), bebidas (-17,3%), derivados de petróleo e combustíveis (-12,2%), “outros equipamentos de transportes” (motocicletas e suas peças, com -0,7%), e máquinas, aparelhos e materiais elétricos (conversores, alarmes, condutores e baterias, com -0,2%).

A comparação do acumulado do ano com igual período de 2020 ainda aponta um quadro predominantemente positivo para a indústria do Amazonas: apenas indústria extrativa (-1,4%) e a divisão de impressão e reprodução de gravações (-68) seguem em queda, com o acréscimo do segmento de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (+2,1%) à lista. Os melhores desempenhos vieram de borracha e material plástico (+56,3%), máquinas e equipamentos (+45,9%), “outros equipamentos de transporte” (+38,3%), além de derivados de petróleo e combustíveis, e do subsetor de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (ambos com +14%), e de produtos de metal (+10,2%).

“Altos e baixos”

O supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, lembra que a produção industrial tem apresentado “altos e baixos” durante os últimos meses. “Felizmente o saldo ainda é positivo. Mas, é importante recuperar a postura de crescimento para, em dezembro, fechar o ano em alta. No entanto, a média trimestral ainda não permite bons cenários para os próximos meses. No mesmo sentido, as comparações de desempenho com o ano passado estão inferiores”, alertou.

Texto postado na Agência de Notícias IBGE informa que, na comparação com setembro do ano passado, a queda mais intensa ocorreu no Nordeste (-13,7%), por conta da saída de uma montadora da Bahia, impactando no recuo de produção de automóveis e autopeças da região. No mesmo texto, o analista da pesquisa, Bernardo Almeida, explica que os efeitos da crise da covid-19 vêm sendo atenuados desde agosto de 2020, com a flexibilização das medidas restritivas.

“A partir daí, começamos a perceber as consequências da pandemia para a produção industrial: desabastecimento de insumos, aumento no custo da produção, redução do consumo das famílias por conta de inflação e desemprego. Tudo isso afeta a cadeia produtiva”, ponderou, “A despeito da desaceleração da pandemia, as consequências persistem”, emendou.

“Cadeia ferida”

Para o presidente da Aficam (Associação dos Fabricantes de Insumos e Componentes do Amazonas), Roberto Moreno, os números do IBGE apontam para uma “completa desconexão”, entre a oferta de produtos, bens e serviços da indústria, e o consumo e vendas do comércio. “Isso ocorre devido à crise mundial de abastecimento, ainda causada pelo impacto da covid-19 no comércio internacional. Não entendo ser possível buscar uma relação direta, um fator específico que explica toda essa loucura que vivemos. A cadeia está muito ‘ferida’ e, infelizmente, pagaremos esse preço por muito tempo, pois a ruptura foi geral. E há também os impactos cambiais, das commodities, e da logística”, frisou.

Em entrevistas anteriores à reportagem do Jornal do Commercio, o presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), Antonio Silva, destacou que as retrações de produção e de confiança no setor refletem o atual “momento de instabilidade econômica e política”, e que as medidas do governo federal para conter a crise também têm gerado impactos negativos junto ao empresariado. O dirigente ponderou, contudo, que a indústria amazonense vem apresentando “resiliência” diante das “muitas adversidades” e que os números globais do PIM ainda são positivos e denotam “momento de retomada”.

“A inflação, o encarecimento do crédito e a escassez de insumos ainda são fatores de preocupação que podem implicar em oscilação ao longo dos próximos meses”, apontou. “A desvalorização da moeda nacional e a crise de fornecimento de insumos também têm implicações temerárias sobre o segmento. Há que se ressalvar, todavia, que o Polo Industrial de Manaus tem sustentado bons indicadores ao longo do ano a despeito do cenário adverso”, concluiu.

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